Romanos na Espanha, Touros e Flamenco
Após refletir um pouco sobre o meu último artigo, O que eu tenho feito, percebi que tenho apenas mais duas semanas em Sevilha e isso me deixou um pouco chateado. Provavelmente a ficha só vai cair no dia 31 de maio ao entrar no ônibus em direção a Madrid para iniciar a nossa peregrinação de Sarria até Santiago de Compostela (em breve, mais detalhes sobre essa viagem). Para não ficar pensando muito nisso, resolvi aproveitar os últimos dia da melhor forma possível.
Romanos na Espanha:
No último domingo fomos até a pequena cidade de Carmona, que fica a cerca de 40km de Sevilha. A cidade é famosa por ter uma cópia reduzida de um dos cartões postais mais conhecidos do sul da Espanha: a torre Giralda, da belíssima catedral de Sevilha. Apesar do tamanho reduzido, as duas torres são muito semelhantes e a riqueza dos detalhes é impressionante. Se não fosse pela ausência da catedral e pela posição que se vê a torre, seria difícil dizer qual é qual.
Além da torre Giraldilla, outro destaque dessa simpática cidade são as diversas igrejas construídas com bases nas antigas mesquitas mouras. Em muitas delas ainda é possível ver traços das construções árabes, como os minaretes remanescentes.
Por último, e talvez a grande motivação de nossa visita a Carmona, o Conjunto Arqueológico e a Necrópole Romana. Escavações nessa região relevaram diversas construções que chegam a datar o século VII a.C. Uma pequena cidade, anfiteatro, túmulos e muitas outras coisas foram encontradas ali. É interessante observar as diversas influências que Andalusia e todo o sul da Espanha sofreu no decorrer da sua história. Talvez seja por isso que possuem uma cultura tão rica e diversificada.
Corrida de Touros:
Durante muitos meses fiquei na dúvida se deveria ou não assistir uma Corrida de Touros. Não apóio qualquer tipo de maltrato à animais (e ou a qualquer outra coisa) porém esse assunto está diretamente relacionado à cultura espanhola (outro ponto de possível relação com os Gregos e Romanos, que sacrificavam touros em suas épocas) e por querer vivenciar essa experiência um pouco mais a fundo, decidi assistir uma corrida.
A cerimonia que antecede a corrida é bem interessante. Todos os participantes entram na arena e se apresentam para o público com as suas roupas coloridas e exuberantes. Após isso, todos se retiram da arena só restando os “toreros” que iniciam a corrida. Essa é a primeira de três partes, ou “tercios”. Após alguns minutos, entram dois cavalos na arena com os “picaderos” que tem como objetivo atingir uma lança no touro para enfraquecer seu sistema nervoso.
A segunda parte se chama “suerte de banderillas”, onde três “banderilleros” são responsáveis por, ao desafiarem o touro olho a olho, tentar colocar 2 bandeiras cada na costas do touro. Muitos não conseguem. Finalmente após essa etapa, chega a última parte, conhecida por “suerte suprema”, onde o “torero” usa a famosa capa vermelha (ou “muleta”) para mostrar as suas habilidade e finalmente dar fim a corrida com a sua espada. Novamente, isso nem sempre acontece.
Não vou dizer que estou arrependido. Estaria se não tivesse visto, mas é algo triste e doloroso de se ver. A Leah por exemplo, não conseguiu assistir nenhuma da 4 corridas que aconteceram. Portanto é algo que não recomendo para qualquer um e eu, particularmente, não assistiria novamente. Uma vez foi mais do que suficiente.
Dança de Flamenco:
Desde que cheguei na Espanha assisti alguns shows de Flamenco, mas até agora isso não tinha entrado na minha cabeça. Não era algo que me dava prazer em assistir e ouvir, mas essa percepção felizmente mudou. Logo após a corrida, fomos ao teatro La Maestranza, ao lado da Plaza de Toros. Chegamos no último minutos e provavelmente compramos os últimos ingressos já que a casa estava lotada.
O espetáculo se chamava “Poema Del Cante Jondo, en el Café de Chinitas”, apresentado pelo Ballet Flamenco de Andalucía. O espetáculo era dividido em 14 atos e durou cerca de 2 horas. Uma grande equipe apresentou diversas danças, sapateados e muito Flamenco, como era de se esperar. Foi excelente ter contato com esse “outro” Flamenco, mais “vivo” e alegre, que eu não conhecia. Acho que o grande elenco e a diversidade das danças e figurinos fizeram a diferença e foram essenciais para essa mudança de percepção.
Após todas essas atividades, terminei o domingo com um ar de dever cumprido. Fizemos várias coisas novas e diferentes e aproveitamos um pouco mais desta incrível cidade.