Exposição Sujeito-Projeto no MuBE, 2012.
Texto Curatorial
Ao entrar na exposição Sujeito-Projeto, dos artistas e educadores do MuBE: David Mota, Francisco Rosa, Lucas Arguello, Tamara Faifman, temos a impressão de que se trata de um espaço em ação. Mais adiante, ao permanecer frente ao conjunto de trabalhos, fica difícil definir uma leitura específica sobre a natureza da ação apresentada. Produção poética instalativa, interativa, pedagógica, pessoal ou colaborativa?
As relações entre trabalhos criados no ambiente do educativo, os materiais advindos de exposições anteriores (mediadas por eles), a possibilidade de participação do público (que pode continuar a construção de cada trabalho), as oficinas práticas oferecidas em torno de cada proposta no próprio espaço expositivo - borram os limites entre o artístico e o pedagógico.
A ideia de um sujeito que se projeta-preenche dia a dia em seu trabalho permeia esta exposição. Para além de suas funções institucionais, os educadores se lançam o tempo todo em produções de todas as naturezas. A partir da convivência com o conjunto de obras das diversas exposições promovidas pelo Museu, os educadores são convidados a se expressar em criações multilinguagens, que assumem um formato físico e virtual nos canais da Ação Educativa da instituição.
A principal intenção é legitimar seus devaneios e inconstâncias poéticas, como material de pesquisa e reflexão no campo da Arte e da Educação. Os trabalhos apresentados nesta exposição compõem uma parte do que é constantemente produzido na fronteira entre o artístico e o pedagógico. Muitos desses trabalhos, “pessoais”, acabam integrando as propostas da equipe de Ação Educativa em um constante movimento de criação colaborativa.
Assim, é com muita satisfação que apresentamos/projetamos ao público a primeira exposição “Sujeito-Projeto” - uma porção do dia-a-dia criativo da equipe de Ação Educativa do MuBE.
Sejam bem vindos!
Do amigo, curador por um dia, e coordenador da Ação Educativa
Murilo Kammer
Textos de parede para cada artista…
Lucas Arguello é antes de tudo um entusiasta das artes. Para trazer um pouco da sua inquietude poética vivida diariamente no contexto da ação educativa do MuBE, Lucas propõe o trabalho instalativo Geografia Pictórica.
Através do corte manual e da sobreposição de materiais gráficos reunidos entre as inúmeras exposições do Museu, o artista cria múltiplos padrões cromáticos que podem ser ampliados infinitamente pelos visitantes. Muito além de um belo trabalho formal e participativo, a instalação de Lucas evidencia um importante movimento criativo interinstitucional.
Tamara Faifman coleta emoções, palavras e imagens. Com um caderno sempre à mão, a artista anota tudo que lhe parece relevante em suas experiências diárias. Nesse ambiente confessional (o caderno), as palavras vão sendo imaginadas até ganharem o espaço e se tornarem escrituras participativas.
Dois exemplos desse processo são apresentados aqui, um deles convida o visitante a confeccionar manualmente palavras tridimensionais sobre a frase-suporte Alinhe sua linha na minha, e o outro a preencher com palavras as pistas deixadas pela artista no vidro da Sala Burle Marx.
David Mota nos presenteia com a coleção completa de seus “famosos” Toys, que vem sendo elaborados a mais de um ano e meio e já são conhecidos pelo público (adulto e infantil) e por todos os artistas que expuseram no MuBE como um excelente instrumento artístico e pedagógico.
David usa os convites e até mesmo alguns conceitos das diversas exposições do Museu para fazer uma espécie de ritual colaborativo de construção dos “seus” Toys. Todo o processo é realizado e documentado no próprio espaço expositivo, o público pode acompanhar cada etapa ao vivo ou pelas redes sociais, onde se torna uma espécie de co-autor de cada novo mascote.
Francisco Rosa passou pela barreira cultural que separa o artesão do artista visual. Concluiu recentemente uma formação em artes visuais que o ajudou a resignificar seu fazer artístico sem perder a essência da artesania como seu principal procedimento poético-operacional.
Na instalação ATIV(A)ÇÃO, o artista explora sua habilidade manual e o seu fascínio por resíduos metálicos para tecer uma orgânica massa de fios suspensa no teto da sala Burle Marx. Um orifício na parte inferior da estrutura permite a entrada do público que pode continuar o trabalho iniciado pelo artista.
Murilo Kammer