Dear John

“Sabe uma coisa que devia vender na farmácia? Abraços.”

“Acorda! E me diz que a primeira coisa que você fez hoje, foi sentir minha falta.”

“Algo que complete, quem sabe até que transborde, algo que me faça se sentir, vivo. Algo não, você, isso mesmo, você me sente, me atiça, me cobre, me olha, me decora, e depois, só depois, me excita. Me fita com o olhar, e penetra em mim com a alma, sussurrando e afagando meus cabelos, me deixando totalmente sem vergonha. Diz que hoje eu sou seu, e faz do meu corpo seu templo, divulga todo seu amor em mim, e tira esse sorriso falso, de quem não sabe o que é ser feliz, e seja, bem mais feliz comigo. E não me olha assim, com cara de mal amada, quero todo seu amor em mim, você em mim, tudo de mim, em você. Como era pra ser, como é pra ser e como sempre será. Nós dois, nós que parecem laços, de abraços e passos, ou corações que palpitam e descompassam a vida, assim como a minha é descompassada, sem você. Então chega e cita em mim, poesia ou poema de quem sofre e espera por amor, por amar, por mim que espera que você, me leia. Então me sente de novo, me arranha, me acanha, me bate, isso! Bate. Com toda a força do seu coração, e me surra com seu amor, porquê é disso que preciso, como diria o grande Mario Quintana: Tão bom morrer de amores e continuar vivendo. Então mata-me de amor, cura de mim dor, e vira laço, ou traço, rabisco, ou até menor que isso, mas grande no ser, na alma, na calma e no coração. Pede perdão por ficar todo esse tempo longe, onde se esconde? Ou se escondeu, não sei, mas achei e não a perco, e se perder eu te recupero, te busco, te faço e refaço a sua maneira mais linda de ser, com sorriso sincero, singelo, meio torto e de lado, do meu agrado, tudo isso para ser somente minha, e eu, somente seu. Te amo.”

“Aí eu me dou conta de que nem era pra ser, foi só uma possibilidade remota do que poderíamos ter sido, um dia desses, talvez. Que nós nunca chegamos perto de pluralizar as coisas, que tudo era só um nada disfarçado de beijo, abraço, carinho e afeto. E só eu estava lá pra você e você? Nem aí pra mim. E então… Eu deduzi que, nós nunca seríamos dois, se depender só de um.”

“A gente disfarça tão bem né? Diz que tá bem porque já é habito, mas sabemos mais do que nunca que não estamos bem! Nenhuma dor que sentimos é motivo suficiente pra sair contando a um amigo ou parente mais próximo. As vezes eu não quero incomodar ninguém, não quero ninguém preocupado com o que pode não vir a ser importante. Guardar pra si é sempre a melhor opção, afinal, ninguém entende, ninguém nunca entenderia.”

“Eu queria falar que, eu sou toda essa confusão que você está vendo. Não adianta procurar mais de mim, é só isso que sou, é só isso que tenho para oferecer, e se não é suficiente pra você, eu sinto muito. Eu nunca fui de suprir as expectativas de ninguém mesmo, sou essa enorme incógnita que você está vendo, e se você não tem paciência pra me decifrar, nem tente.”

“Aí você tenta fugir só pra ver se faz alguma diferença, só pra vê se alguém vai notar, principalmente quem você tanto esperava, e então… Ninguém se importa, ninguém te liga, ou te manda sms, ninguém te chama pra sair e nem tampouco faz planos incluindo você, ninguém lembra que você existe e nem percebem que você não está mais ali. De repente você, não é nada, pra ninguém.”

“Algumas semanas, quem sabe até meses, depois, ela me veio com a seguinte pergunta… “Você está bem?” Quer dizer, se eu já superei você? Bom… Digamos que eu nunca fui muito de chorar e remoer o amor que não me é dado, reciproco ou qualquer adjetivo que se encaixe a situação, talvez a pergunta nem tenha mais nada a ver com o nosso “fim” talvez, você só se deu conta de que eu moro ali, no fim da rua, e assim… Do nada, assim como também acabamos, você resolveu se importar.”

“Tem sido dias difíceis, e eu te digo uma coisa, meu caro, esquecer alguém não é lá tarefa fácil, viu? Você sai, anda o mundo todo e passa o dia inteiro ocupado, com a mente longe, mas é só você voltar pra casa, que você lembra dela. Não é inútil? É como se tudo que você tivesse feito, fosse em vão, isso não dá raiva? Em mim dá, odeio amar você, odeio o fato de não odiar amar você, juro. Tento, por tantas vezes, eu tento todo dia a mais de 7 meses, vivo um dia de cada vez com a esperança de que, ao deitar, eu não vou lembrar de você, mas é inútil. Eu sou inútil, este sentimento é inútil quando não correspondido. Então eu decidi que se é para esquecer, que se é para você sair de mim, que seja comigo sendo feliz, e não triste. Porém, hoje, só hoje, eu vou sofrer tudo que tenho para sofrer pelas próximas décadas. Entrei no bar da esquina e falei ao garçom: Eu vou querer uma dose de vergonha na cara, pra não ter que ligar mais pra ela. Ah, e traz também um pouco de juízo, tenho feito loucuras absurdas nesses últimos dias, e por favor garçom, se tiver uma dosezinha de esquecimento, traz também, porque nunca mais quero lembrar que o amor existe.”

“Eu vou embora, não é assim que se ama alguém, garota. E se eu te vê numa dessas esquinas da vida, faço questão de mudar de lado, cansei de tropeçar meus sentimentos nos seus. Ta na hora de achar alguém que queira caminhar junto a mim, que saiba correr, mas que também saiba pisar no freio. Vou embora com a certeza de que nem andar de mãos dadas você sabe, quanto mais de coração junto.”

“E então, como é que vai ser mesmo? A gente vai ficar nisso de não saber mais o que sente um pelo outro? Não tô afim de disfarçar minha alegria toda vez que você me liga, eu quero dizer que gosto de você, de alguma forma eu preciso dizer; Porque não ta dando mais pra segurar sabe? Ta sufocando, ta tirando meu sono e dominando o meu corpo. Ta ultrapassando os limites do gostar, e já já eu tô te amando mais.”

“Sabe? Algo me diz que nas curvas da nossa vida, com todas as esquinas e quarteirões existentes, apesar de tudo, a gente ainda se bate. E eu espero ansiosamente por isso.”

“Agora sou só eu tentando de todas as formas por um ponto final aonde ficou reticências, tentando dar fim ao que parou no meio, sei lá. E a gente espera que lá na frente, quando tudo parecer frio, e acabado, o amor nos salve de novo.”

“E aí você sai espalhando pra todo mundo que a gente terminou. Que não aguentava mais meu ronco de fim de tarde depois de um dia cheio no trabalho. Diz coisas como “Estou melhor sem ele, é muito grudento” ou “Sei lá, tinha que ser, já estava desgastado demais”. Quando na verdade a gente nem faz esforço pra ficar junto, porque ficar junto é o que a gente faz de melhor. Sem pressão, sem obrigação. A gente só chega e se senta um do lado do outro, você dobra a cabeça no meu ombro e diz: preciso parar de mentir pra mim mesma, sem você não dá.”

“Abri a janela do quarto e lá embaixo no jardim, vi você beijando ele. E fiquei me contorcendo de raiva, porque pensei no quanto você não resistiu a isso. Deu pra ver, ali, que a gente tinha sido só uma curva no meio do percurso, passou; e essa dor também vai passar, espero.”

“Eu quero te receber com o abraço que abraça o mundo, mas você não deixa. Te acho a coisa mais maravilhosa de toda a minha vida, mas se for pra me usar como Band-aid eu estou fora. Não consigo mensurar o quanto eu gosto de você, mas sei exatamente o quanto você não gosta de mim. E isso me faz pensar no quanto de tempo eu passo te amando, e você evitando que esse amor aconteça.”

“O pior estranho é aquele que um dia você tanto conheceu.”