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corda de veludo

@cordadeveludo / cordadeveludo.tumblr.com

Surgiu da crença de que as pessoas precisam se sentir especiais. Venha para dentro da corda de veludo. | Vivência negra e LGBT
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O tal do amor próprio (Interlúdio)

Eu acreditava que depois da transição capilar, meu cabelo cresceria e com isso eu finalmente ficaria em paz comigo mesmo; porém não foi bem assim.

É um processo doloroso ter que revisitar, exercitar e descobrir amor próprio e auto estima, porque são coisas que nos foram negadas durante toda uma vida.

Meus traços étnicos e raciais trazem além de ancestralidade e orgulho, todo o peso de vivências e experiências cruéis que me colocavam (e colocam) em desvantagem o tempo todo. É como se curvar por causa do peso enquanto se necessita estar de pé pra enfrentar mais discriminação.

Na internet, você é adorado por ter um cabelo. Fora dela, o peso de ter um cabelo crespo é outro. E para além do atual racismo, ainda é necessário lidar traumas e frustrações vindas de experiências da infância e adolescência.

É doloroso o processo de amor próprio e auto aceitação, porque tudo isso foi moldado em pessoas negras por mãos opressoras.

É uma luta não só minha, além de uma constante construção e desconstrução.

Dos mais difíceis e árduos de se conquistar, mas é a melhor e mais sólida e segura forma de amor: o próprio.

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Pra dentro da corda de veludo

“Temos uma necessidade especial de sentir que pertencemos; venha comigo dentro, dentro da minha corda de veludo”

É o refrão de uma música que não saiu mais da minha mente e que me fez pensar sobre meus limites emocionais, traumas e diversas sensações, assim como a necessidade de me sentir especial.

Imaginei aquela corda que via em filmes ou em eventos de estreia pela TV, que separa aqueles que podem entrar e aqueles que não podem. Estou do outro lado da corda, dos que não podem entrar ou fazer parte: pela raça, orientação sexual, classe e status social, dentre outros fatores ditos de minoria. Sei que todas essas questões não são apenas minhas, mas também de várias pessoas que estão em realidades semelhantes.

Além disso, posso traçar outra metáfora com a mesma corda – os limites emocionais e os mecanismos de defesa que desenvolvemos, fazendo com que o próximo não tenha acesso aos nossos sentimentos mais profundos e internos.

Eu notei que a sensação de não pertencimento, a depressão, a baixa autoestima, o auto-ódio e outras inúmeras questões são frutos de vivências e causas fundamentadas de toda uma vida, muitas vezes, a resposta ao racismo, exclusão e homofobia.

Este é o espaço para que você esteja dentro do limite da corda, um total acesso, a coisas que sentimos e não deixamos ninguém ver, até mesmo nós mesmos. É sobre entender essas várias dores, sofrimentos e lições de toda uma vida e compreender que não estamos sozinhos. E o mais importante: Um espaço de pertencimento para quem sempre esteve do outro lado da corda.

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