Cada passo que dás leva-te a uma consequência, e este resultado inesperado traz-te de volta à nossa cama. O mesmo repete-se comigo. Eu te minto que vou e que não me demoro. Uma autêntica afirmação de quem somente tenciona acomodar os teus sentidos, porque às vezes parto em busca de um amor sólido, de um enlace além do físico e do atractivo. Eu e tu nos olhamos de forma passageira, eu sei, apesar do conforto que ambos encontramos em nossas carícias e conversas. Tudo é bom nos primeiros momentos. Seguras os meus mamilos entre os teus lábios e, ao mesmo tempo em que sinto um prazer infinito, reajo trémula e alheia ao meu poder feminino, inteiramente submissa. Os beijos tomam formas mais imediatas e não conseguimos interromper o ímpeto da ânsia. Vamos além, nus e desejosos, destemidos e insalivados. Demando elogios e expressões suficientes para sentir o teu empolgamento. Em seguida faço-te uma dança em torno do abdómen e a fricção entre peles revira-me os olhos. A vida intensa une-nos. É o mesmo tipo de intensidade encontrado em amantes que nos adormece e nos conduz à plenitude das sensações. Mas, quando termina a descarga eléctrica do orgasmo, desperto e te observo apressado para quem verdadeiramente te pertence, e o meu desejo morre. O que temos é frágil e pode escapar-me a qualquer instante.