Entrelinhas

Eu estava pensando em você Se quero o mesmo que tu quer Tudo aquilo que eu sonho ser Guardo no fundo da alma minha Você sente o perfume de flor?

Versinho

Me transforma em letra e música e me (en)canta sem querer Me desarma com seus olhos e esse jeito de viver Me dá motivo pra ir pra algum lugar só pra te ver Me diz logo se existe razão pra ser sem te ter

Tons de tristeza

Estou andando nessa rua tão linda, sem conseguir enxergar o fim. Não sei o que me move, já que estou tão cansada. Não sei como consigo continuar, só sei que ando. Me sinto sozinha, e penso em você. Acendo um cigarro porque penso que talvez ele possa me fazer companhia. Me engano. Imagino como seria beijar sua boca, não sei porque tenho andado tão obcecada pelos seus lábios. Eu sinto que meu sofrimento vem forte como um asteróide em rota de colisão, e o seu também. Talvez se nós fizéssemos eles colidirem juntos poderíamos amortecer a dor que nos aflige. Eu sofro agora porque te vi através de um quadro, e na mesma hora me apaixonei por você.

Janeiro

Sobre esses olhos claros que abrigam a imensidão eu poderia escrever um livro, um dicionário de palavras bonitas. Sobre seus cabelos, eu poderia passar a vida a acarinhar, fios de ouro tão lindos de admirar. Sobre seu pescoço, eu nem me atreveria a dizer mais do que é a minha parte favorita, me encanta de tal forma, que é difícil expressar. Eu nem sei como me aproximar mas achei que você deveria saber que eu poderia passar uma tarde inteira só a te olhar, já me valeria a vida de tanto esperar.

Minha alma em preto e branco, turva, embaçada, em prantos. Meu corpo de papel já amassado, jogado num fundo, deixado de lado. Meu horizonte negro. Meu coração que pesa e dói, e cada palavra dita que corrói. Meu ar que já não me vem, meu ânimo que já não tem. Meu horizonte negro.

Segundo verso

Se você já sabe o meu segredo Se te carreguei no meu coração Se a gente já se entregou sem medo Se o beijo já borrou o batom Se nós tropeçamos nas mesmas palavras Se o seu desejo era o mesmo meu Foram tantas noites passando acordada Trocaria tudo por mais um beijo teu

Suspiro

Se você não gosta mais de mim Meu encanto não é mais como era Mas mesmo sem flor no meu jardim Volta, que o amanhecer te espera Fica, me ouve cantar mais uma vez Te dou de presente motivo pra sorrir Me olhe com essa insensatez E vamos pra onde quiser ir Agora já escrevi nosso nome na lua Sempre que olhar pra ela, vai ver E o resto, é só regar com carinho E deixar o encanto florescer

Minha primavera no inverno

Numa película furta cor eu vejo várias formas, como desenhos nas nuvens. Eu olho em volta e imagino você em todos os lugares. Uma música linda te acompanha e um sorriso no meu rosto que não quer sair. Eu me transbordo de sentimentos bons por você. Lembro dos seus olhos grandes e tímidos, e meus olhos brilham em lágrimas. Me emociona tanta beleza. O mundo ao seu redor se arruma, se pinta, se perfuma e faz festa. Meu coração perto de ti, dança. Minha alma flutua e eu canto, eu choro, eu rio, eu amo.

Essas meninas

Elas são dessa raça de menina que brilha em tudo que faz. Meninas com cheiro de flor e juventude. Elas são dessas que levam um sorriso leve no rosto, um livro na mão e uma flauta no ombro. São dessas que deitam na rede e gostam de meninas de cabelo azul. Pernas coloridas e amores coloridos. Elas são dessa raça de menina que não carregam preconceitos, que choram quando alguém fala uma coisa feia, que enchem a bolsa de livros e de esperança. Que são maduras mas tem sorriso de criança. Que saem para o mundo, que cantam e penduram cartazes. Elas são dessa raça de menina que inspira poesia, que é feita de alegria e que é de tal meiguice que não dá pra mensurar.

Nos seus olhos

Ela é sereia, eu peixe. Ela é sereia no meu mar. Eu sou peixe perdido quando ela vem com seu olhar me pescar. Eu sou sereia e meus olhos de ressaca puxam para o mar. Eu sou peixe de água doce no aquário se você não me encontrar. Você é sereia nos meus olhos, eu sou sereia no seu mar.

Água que me lava

Lá no mar, tu é sereia Eu aqui te olhando da areia Quando tu vem, o céu clareia E se chega a noite, é lua cheia É tu que meu coração anseia

Texturas

menina bonita, alma de flor é da lua, é do sol e da cor escondi no seu cabelo um segredo e deixei em casa meu medo

me perdoa por essa carência eu exijo muita paciência e dessa coisa de exagerar eu não consigo controlar

guarda contigo meu carinho pra não ser um mundo sozinho e nunca deixe de me olhar pra minha vida clarear

Alegria

A alegria não era uma menina muito sorridente, acho que ela havia transferido seus sorrisos ao rapaz que te acompanhava. Mas agora eu vi um lado que eu não imaginava. Eu não sabia que alegria também chorava. A alegria se escondia, vivia na calada. Ô alegria, vem pro sol, sair na fotografia. Vem me ver de dia, vem fazer cinema, vem escrever poesia. Alegria, vem ser admirada.

Amor solar

‘‘Amores solares, solados, ensolarados. Tu é mesmo cheia de amores caricatos’‘ Amores perdidos, amores achados, amores roubados. Amores fingidos, sádicos, cheios de ódio. Amores chuvosos, estrelados, nublados. Amor esboço, preto e branco, colorido e acabado. Amor engraçado. E ainda os amores floridos, musicais, amores de cinema. Amar aquela garota linda que vejo no ônibus, aquele rapaz que serve o café. Amar o sorriso da sua colega de turma que nem fala com você. Amar seu tio que mora longe, amar sua sapatilha que não machuca o pé. Amar o gatinho que come as mariposas, amar aquela torta de chocolate charlote, amar aquele disco, aquele livro, auela árvore que vejo da janela, aquele vizinho, aquela praia, aquele mar. Amar...

Estudo de cores

Ele tinha aqueles olhos castanhos, mas os castanhos de verdade. Não eram marrons, eram castanhos, entre o tijolo e o marrom chocolate. Traços de vermelho pompadour. Pareciam translúcidos, como se a luz viesse de dentro da cabeça. Olhos de carinho, que não dizem não. Aquele momento em que a luz dos olhos convergiu com a luz de fora, eu tive que segurar as feras enlouquecidas dentro de mim, que queriam rasgar tudo por não saber como reagir a tal visão. Era surreal.

Atemporal

Texto/poesia free style. Feito de forma espontânea, falada, gravada e mais tarde redigida sem alteração em nada. Por Laís Ferrari e Mariana Guerra.

Este é meu último cigarro, mas ainda tenho uma caixa. A faísca mágica, a fumaça que escorre, a pressão que baixa. O mundo que para, que volta outra vez. As lembranças que tenho, que não são mais você. E o que estamos tentando fazer? Como se fossemos importantes, criando histórias como os livros nas estantes. Como se uma mágica verdadeira pudesse entrar na nossa vida ou em algum lugar. Mas tudo não passa de mera alucinação. Nada da minha mente consigo tirar. Se não tivesse tanto medo, algo me tiraria. Tiraria o medo de deixar de viver. E do plano real passaria apenas para o onírico, onde tudo pode acontecer. Se eu tivesse certeza de que esse plano existe, toda a tristeza não seria mais triste. De todas as minhas palavras, de toda a minha poesia, só restaram as cinzas da minha alegria. Como se eu pudesse escolher o que eu não quero mais viver, como se a vida fosse assim e os sonhos não tivessem mais fim. O final de um sonho é sempre o começo da realidade, mas quem está dormindo de verdade? Mariposa que entra pela janela, não sabe a vontade que eu tenho de voar. Se ela soubesse como tenho inveja dela, aqui ela não iria voltar. Acordar de um sonho é como morrer. Morrer em um sonho dá vontade de acordar.