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penera

@ratadoezgoto / ratadoezgoto.tumblr.com

23 anos não sou a melhor pessoa pra falar sobre mim
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Veronica mars era tao foda na primeira temporada mas dai a segunda etapa tipo meu deus literalmente qualquer coisa aconteceu vou culpar todas as pessoas próximas de mim depois descobrir que to errada nunca pedir desculpas por isso e depois eles vao me pedir favor como se nada tivesse acontecido - tudo isso njma quarta feira qualquer de aula

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eu não sei se aprendi as lições que deveria ter aprendido

é irônico, eu sei, cheguei aqui tão empolgada e simplesmente desapareci em seguida, só para voltar aleatoriamente e despejar mais um pouco de informação aleatória e sem sentido, mas e daí?

foi exatamente esse o ciclo que vivo desde que me entendo por gente: conheço uma coisa e essa coisa me faz muito bem ou muito mal, até que não faz mais, e eu só continuo minha vida como se nada tivesse acontecido.

só nesse ano eu saí de casa, tomei 3 pés na bunda, perdi meu avô e quase tive que passar a noite numa delegacia prestando depoimento. e mesmo assim eu to aqui, vivendo. como se nada tivesse acontecido.

sentada desconfortável na minha cama mesmo tendo preparado o cantinho mais confortável do mundo pra assistir desenho poucas horas atrás.

lutando contra uma insônia que só existe na minha mente, que justifica a frustração de não cumprir o combinado mentiroso que fiz comigo mesma para regular meu sono.

escrevendo num notebook que eu relutei para levantar e buscar mesmo sabendo plenamente que eu iria sim escrever as palavras que se repetiam na minha mente, exatamente como faço agora.

o que eu ganho com essa dissociação? qual a vantagem de viver a vida tão no automático que uma experiência traumática não causa nada além de um nervoso de uma noite?

em contrapartida eu tenho sentido, talvez pela primeira vez em muito tempo, a paz genuína de estar feliz.

não sei se quero escrever aqui a dinâmica que tenho tido com volúpia e maridinho, daria muito trabalho e eu ainda estou me enganando que vou conseguir dormir logo, mas toda a espontaneidade, todo o humor único e leve têm me trazido um gozo pela vida que eu quase chamaria de duradouro.

mas, assim como qualquer outro momento, isso fica no passado enquanto interpreto ser uma pessoa.

vivendo.

como se nada tivesse acontecido.

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É muito doida a sensação de gostar tanto de alguém que você sente tesão por ela o tempo todo ela chega no lugar e acende automaticamente uma chama no peito e o tesão nem sempre é sexual às vezes é um tesão só de ficar junto assim abraçar sentir o cheiro do cangote bater um papo queria que tivesse um nome pra isso

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What a week, huh?

É engraçado como as coisas funcionam muito melhor quando você não planeja nada. Eu planejei, na sexta-feira da semana passada (ou duas semanas atrás? Já é domingo, merda), escrever sobre a quinta-feira mais aleatória que eu já vivi, mas eu obviamente procrastinei porque isso já faz parte do meu caráter. O que aconteceu é que boa parte dos dias subsequentes foram potencialmente interessantes e eu comecei a questionar: por que aquela quinta-feira foi tão interessante a ponto de precisar de um texto inteiro só para ela? E salvei o post como rascunho.

Mas aí é que tá, aquela quinta-feira foi maneira. Então eu vou começar esse novo capítulo da minha novelinha por ela.

[Post Que Ainda Não Tinha Título]: Director's Cut

Eu tenho alguns problemas com memória recente, então às vezes não sei explicar muito como ou por que as coisas aconteceram do jeito que aconteceram e ter acordado cedo foi uma delas. Acordar cedo me fez participar do Café Da Manhã Com As Meninas, um evento que eu raramente presto atenção que acontece porque, bom, eu sempre acordo em cima da hora e saio de casa com o estômago vazio (she's so crazzzzy).

Por sorte, no dia anterior eu tinha feito o melhor lanchinho-fácil-com-coisas-que-eu-tenho-em-casa (como você pode ver pela evidência acima) e estava doida para comer de novo. Convenientemente, demora muito para fazer um lanchinho-fácil-com-coisas-que-eu-tenho-em-casa. E eu queria dois!

Para fazer o seu próprio lanchinho-fácil-com-coisas-que-eu-tenho-em-casa você precisará de 4 ingredientes simples: - pão de forma - manteiga - geléia - tempo Conseguiu tudo? Ótimo! Passe a manteiga dos dois lados de duas fatias de pão (é um pouco chatinha essa parte, mas você consegue!), coloque na sanduicheira e esqueça eles lá, não posso afirmar aqui, galera, mas deve funcionar na frigideira sim! Aqui vai depender da potência da sua sanduicheira, a daqui não é lá essas coisas, então preste atenção na textura do pão, estamos procurando o mais torrada douradinha que você conseguir (cara, como eu quero uma torradeira), um lado vai chegar no ponto antes do outro, daí você vira as fatias para igualar, eu recomendo deixar uma parte mais queimadinha para ser o lado de fora. Torrada pronta, passe sua geléia preferida no lado menos crocante de cada uma das suas fatias e divirta-se.

Toda essa coincidência (que inclui o fato de eu não ter aula de quinta) me levou a ter tempo de qualidade como uma pessoa normal e com pessoas normais. Eu sinto isso com muito mais frequência do que expresso, óbvio, mas eu gosto muito desses momentos que são naturais e orgânicos e eu me lembro de que, mano, eu sou só uma pessoa tipo kkkkkkk ?????

Talvez eu tenha dado muita atenção para um café da manhã naquela sexta-feira, mas realmente foi um ponto chave na narrativa das últimas semanas. O jeito que interagi com Volúpia escalonou para conversas com a Pod, e, consequentemente, com Querida, uma querida que eu também conheci no café da manhã, com o Maridinho, um pouco com Volúpia, mas, principalmente, comigo mesma.

Esse não é um post sobre a evolução do meu personagem, tá? Não tenho nada de novo para trazer além do bom e velho Medo de relacionamentos e Tendência à ser cúmplice (descobri que essa palavra soa melhor que "submissa" ou "chaveiro").

De volta para o meu dia, eu segui para o meu segundo compromisso: Fazer uma tatuagem (eu ia considerar o café da manhã ou a conversa da tarde como Compromisso, e eles teriam o C assim para significar ponto-chave da história, mas ficaria idiota, então vamos considerar que o primeiro foi trabalhar porque, é, teve isso também).

Também no dia anterior, eu descobri que fui inocente demais em combinar coisas com um homem e que a tatuagem foi reagendada das 15h para as 17h, olha que detalhe bobo, né? E mesmo assim ele foi enrolado o suficiente para me fazer sair do estúdio 22h da noite! Eu gostei muito das tatuagens, aliás.

Me desdobrei para chegar no meu último compromisso do dia: A Festa.

A Festa era um evento que o Maridinho tinha me convidado semanas antes, mas, obviamente, eu não me importei muito e esqueci completamente de comprar na hora, então estava decidida a não ir. Isso até, novamente, o dia anterior (provavelmente, não lembro muito bem, mas vamos fingir que sim pelo bem da história, ok?) em que meu grande mano Jay precisou vender o ingresso dele porque "precisava fazer uma cirurgia. É tão a cara dele fazer uma cirurgia só pra furar o rolê. E pra quem ele vendeu? Isso mesmo, pra esta que vos fala.

Então eu fui. Comi rápido pra cacete pra ter mais tempo de esperar o Uber que cancelou, foi ótimo, só não foi melhor do que ficar 40 minutos na fila do Campinas Hall pra descobrir lá na frente que eu tava na fila da festa errada :D e eu já mencionei que tava frio? Tipo MUITO frio?

Entrar na festa ainda foi difícil, depois de mais uma fila eu ainda fiquei um bom tempo andando em círculos pra encontrar o Maridinho porque usar o celular não tava nos planos dele aparentemente (eu sei, eu atrasei pra caralho, a culpa é minha, mas é muito solitário andar por uma pista de festa que tá começando), mas quando finalmente tudo deu certo, incluindo Pod levando o famoso beck pra mim, foi definitivamente uma Festa.

Vamos começar por partes. E a partir de agora eu vou mascarar um pouquinho a verdade para manter a história interessante (eu sei, eu fiz o pacto da honestidade quando comecei esse diário, mas eu juro que são mentirinhas leves para enfeitar o roteiro, todas as coisas que aconteceram continham sendo verdade).

Maridinho levou dois amigos dele que conhecemos na época do Cursinho (não era um cursinho), mas eu não era tão próxima, e ainda não sou o suficiente pra pensar em apelidos para eles. Eles aparentemente namoravam, não um com outro, então a Temporada de Caça ficou só para a gente. A Amiga é muito boa em ajudar nisso, ela tem olhos bem afiados e nenhuma vergonha de chegar nas pessoas, o que infelizmente faz ela receber cantadas demais para alguém num relacionamento sério. O Amigo... Bom, ele foi divertido em outros momentos do rolê.

Eu criei um outro jogo para mim e para Maridinho, porque festas sem jogos são entediantes e eu vou provar isso alguns parágrafos abaixo, e jogo desse rolê foi: nós só vamos fumar maconha quando cada um beijar alguém. As regras são simples: 1 beijo = 1 saída para fumar. Parece fácil, né? Não foi. Começando que maridinho tava naqueles dias, às vezes ele só não sente vontade de beijar na boca no meio do rolê, não importa o quão empolgado ele tava antes. Eu não entendo, mas respeito. Outro obstáculo foi que eu não tenho o menor tato social. Eu sei que me gabo muito por ser boa nisso, mas eu tenho um MEDO de chegar em alguém, dá muita ansiedade, e, pior, eu dei um fora SEM QUERER numa mina e não tenho nem uma justificativa pra isso!

Já que tocamos no assunto ansiedade para chegar em alguém, vale ressaltar que foi muito engraçado que eu e Maridinho conseguimos observar todo o processo de um carinha no rolê se preparando pra chegar na Amiga (grande erro), e foi muito engraçado, sério, tadinho ele tava respirando mt fundo antes de chegar. O ponto desse parágrafo é que eu e Maridinho estávamos completamente alinhados nesse rolê. Tudo o que um comentava o outro estava vendo, tudo o que um pensava o outro dizia. Carne e unha, alma gêmea.

Eu descobri que detesto paieiro e me faz passar mal. Vi uma foto de um pênis comparado com um desodorante. Compartilhei detalhes da minha vida pessoal por meio de piadas. Fumei maconha (tive que mudar as regras pra liberar o beck quando fica 3x0 porque o a Maridinho não colaborava). Beijei 3 bocas. Vi uma menina normalmente se aproximar do nosso grupo e dançar do lado da Amiga. Perguntei para Maridinho se era uma conhecida, não era. Sorrimos e acenamos enquanto a menina dava em cima da Amiga, que veio imediatamente até a gente pedindo para sair dali.

E por algum motivo essa foi a cena mais engraçada da minha vida. Ok, eu sei que posso culpar a maconha, mas não foi só isso. Foi tão rápido e dinâmico e sincronizado... Parecia ensaiado, juro. E ficou ainda melhor quando eu voltei e a menina tinha LAMBIDO o pescoço do Amigo. E espera, espera, depois o Amigo beij–

Quer saber? Já deu da quinta-feira. Vamos para a sexta e a festa que me fez perceber que héteros são um saco.

Para começar o pagode. Eu também gosto de um pagode? QUEM não gosta de um pagode???? Mas precisamos de limites!!! O pagode tem que acabar imediatamente quando as pessoas estão começando a ficar alegrinhas e daí você coloca o FUNK porque é quando estamos alegrinhos que queremos nos mexer e não depois de ter GASTADO a energia de bêbado cantando só o refrão de músicas de quando reuniões de família eram algo agradável por muito mais tempo do que precisava!!!!! Meu. Deus. Toda. Santa. Vez. Na real eu mudo o meu alvo, como eu detesto toda a nostalgia em setlist de festa, ok é muito bom ouvir alguns funks antigos e até falecidas divas do pop que realmente eram marcaram época, mas isso tá tão marcado que dá para saber que horas são só pela música que tá tocando (Alerta: se você está em uma festa de rep e começa a tocar Firework, eles tão te mandando para casa).

Outra coisa, que pode ser diretamente ligada à questão anterior, é como ninguém se mexe. É estranho dançar perto de grupinhos que estão parados conversando. Não julgo estar parada e conversando, eu amo ficar parada e conversando, mas a impressão que dá é que eu preciso esperar a hora certa para começar a me divertir? Vai ter, tipo, um sinal? Bom, na verdade teve.

Era para ser a coisa mais divertida do meu já agitado final de semana, jogaram papelzinho do alto e liberaram a casa como um novo espaço de festa, começaram músicas boas e eu considerei uma Temporada de Caça sozinha, mas... Eu tava cansada.

É, sei lá, rolês não funcionam sem o Maridinho, essa foi minha lição do dia.

Na quinta-feira seguinte, também conhecida como quinta-feira da semana passada eu desafiei essa lição (caramba, sempre uma quinta-feira? Que falta de criatividade, universo!), mas esse texto já tá enorme e eu não quero mais me sentir culpada por não terminar logo então fica para quando eu lembrar.

Só porque eu achei importante relatar, já que teremos esse salto temporal até eu resolver aparecer aqui de novo, o resto do meu final de semana envolveu consumir droga, conversa desconfortável com parente, ficar triste, beber muita cerveja, enfim o mesmo de sempre.

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Eu ainda não tenho certeza do que eu sou. Eu pensei que nessa altura da vida eu já saberia pelo menos alguma coisa sobre mim, mas toda vez que preciso encarar a realidade ela me mostra que eu não sei de nada, e ainda me trás dúvidas novas.

Como eu posso explicar que eu já superei algumas coisas, mas ela ainda me machucam um pouco? Eu tenho dezenas de cicatrizes que já não doem mais, mas ainda me incomoda quando olho para elas, por que com emoções e acontecimentos deveria ser diferente?

Como eu posso explicar que eu adoro ser a pessoa que sou, mas ainda odeio cada detalhe sobre mim? Eu disfarço autoestima baixa com um complexo de Deus? Eu controlo meu narcisismo com autocobrança exagerada? Será que as outras pessoas são assim?

Como eu posso explicar que eu estou triste, mas ainda consigo ficar feliz? Eu não quero ficar falando sobre isso, eu não quero que toquem no assunto como se soubessem alguma coisa, eu só quero viver aquele momentinho ali em paz sem o fantasma do meu passado me assombrar de hora em hora.

Eu não sei se eu realmente estou triste ou só fiquei confortável com essa posição melancólica.

Eu não sei como deixar de ser vista como um acessório das outras pessoas se é o único jeito que eu sei agir.

Eu não sei se estão achando que sou falsa quando tento agir minimamente numa boa em situações e com pessoas que podem ser desconfortáveis.

Eu sei de toda a minha culpa. Mas não sei onde começa a culpa dos outros. E sigo me importando demais com isso mesmo que mais ninguém se importe.

Porque eu não sei o que eu sou.

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morcego

Eu queria que fosse legalmente e socialmente possível funcionar exclusivamente ao fim do dia. Não é como se eu quisesse não ser uma pessoa matutina, é que eu sou fisicamente incapaz de existir das 6h às 16h. Meu corpo se recusa a acordar, meu cérebro se recusa a trabalhar e todas as minhas ações e conversas são feitas puramente no automático. Mas aí como um passe de mágica eu me torno extremamente produtiva e animada conforme o sol vai se cansando de trabalhar, quanto mais tarde e mais silencioso o dia fica mais eu quero produzir, mais eu quero sair, mais eu quero arrumar minha vida. Talvez eu esteja até sendo generosa com às 16h, porque é quando o sol se põe que eu vivo de verdade, mas o meio da tarde ainda me é mais agradável que o começo do dia. É claro que eu já tentei de várias formas ajeitar isso. "É só acordar mais cedo", eles dizem, mas sol da manhã é meu ovo! Eu gosto de dormir quando as pessoas estão tomando café e gosto de sentar quietinha no meu quarto estudando em surto coisas que prometi para mim meses atrás e procrastinei quando elas estão dormindo. Eu gosto de viver o caos de uma rotina desordenada, e ela começa com não acordar cedo. Mas eu ainda sou uma adulta e tenho responsabilidades além do meu controle, então me contento em me dar esse luxo só de quarta-feira.

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eu preciso repensar todas as coisas que já pensei na minha vida.

por que eu não sou uma pessoa que pensa coisa nova?

eu fico andando em círculos na sala vazia do meu cérebro, movendo os mesmos pensamentos de um lado para o outro.

eu pego do chão, tiro a poeira, ponho debaixo do braço e levo para outro canto.

eu não jogo fora, só não quero também ficar com esse pensamento o tempo todo.

eu sei que é lixo, mas é meu. eu sei que é velho, mas é meu. eu sei que tá quebrado, mas é meu.

eu sei que eu não gosto, mas é meu.

eu não tenho coragem de sair e procurar novos pensamentos. o que acontece se eu encontrar?

eu não sei se tem muito espaço pra ficar guardando pensamento, essa sala não é tão grande e ainda por cima é alugada.

eu não quero ser a pessoa que tem que faxinar e escolher qual pensamento vai e qual fica para liberar um canto para pensamento novo.

eu sei porque preciso repensar todas as coisas que já pensei vida. só não sei porque preciso repensar todas as coisas que já pensei na vida.

Publicada originalmente em 5 de abril de 2023.

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o jogo

Publicado originalmente em 25 de março de 2023. [editado]

Como forma de buscar desperadamente por ajuda e talvez um pouco de carinho, eu inventei um jogo: pintar o mapa da unicamp com pessoas de cada curso que eu beijei.

Como eu sou boca aberta pra caralho, hoje tem mais gente participando disso do que eu consigo acompanhar pra saber em qual posição eu estou (mas eu sei que a Pocahontas ta ganhando).

Mas o interessante é que esse jogo despertou Coisas em mim.

Eu não sei se cheguei a comentar isso aqui, porque abandonei minhas anotações de vida quando tava realmente vivendo, mas só recentemente eu aprendi a dar em cima das pessoas. E o foda é que esse jogo me deu uma confiança sobre-humana nesse sentido, eu não ligo se tomo um fora, sabe? Eu só quero marcar um ponto

É extremamente machista, nojento e desesperado, mas eu tenho confiança o suficiente pra chegar numa mina bonita agora e tentar a sorte, e isso é muito legal. Só hoje eu beijei 4 minas. A Juliana adolescente tá muito orgulhosa de mim e eu tenho certeza disso.

Outra coisa que despertou em mim foi o meu lado babaca, eu digo isso porque eu estou disposta a beijar homens só pra completar mais rápido. E eu já fiz isso. 3 vezes!!!! O foda é que eu não sinto absolutamente nada. Tipo, eu reconheço um beijo bom e uma pegada que talvez molharia minha calcinha, mas continua só na zona do talvez. Eu sou lésbica pra caralho. Isso é muito babaca, você não acha, pessoa que tá lendo isso agora?

Beleza que provavelmente eles não se importaram com isso, mas acho que não é nada legal tratar pessoas como objeto só pra completar um objetivo... Mas isso é problema da Juliana do futuro, talvez.

Focando no positivo, aprendi que sou gostosa. Me livrei de vez da culpa católica, eu não preciso me sentir mal por explorar minha sexualidade, eu tenho vinte e poucos esse é o momento pra isso!!!! Minha autoestima tá ótima e tudo o que eu faço confirma isso, eu aprendi a ser aceitada e a ser rejeitada (o soco em todos os homens heteros que ficam putinhos com um não), eu aprendi a curtir o momento e só ser uma delicinha ali no meio da pista com todo mundo suado e foda-se.

Eu to feliz. Que bom que eu tive essa ideia horrível.

Enfim, é minha vez de ser a Penariol, a Irmã já foi, a Prima também, Primo, acho que você teve sua chance, sei lá, agora eu vou continuar o legado.

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Efeito Penariol

Publicado originalmente em 18 de março de 2023. [editado]

Todas as pessoas que me conhecem já me ouviram falando disso: eu tenho muita sorte e é muito fácil ser eu. Mas eu nunca consegui convencer elas de fato disso, exemplificar com a maneira absurdamente tranquila que entrei na faculdade, comecei um relacionamento, entrei na faculdade de novo, consegui um emprego, encontrei um lugar pra morar perto da faculdade ou literalmente qualquer outra conquista da minha vida nunca é o suficiente, por algum motivo sempre acham que estou com falsa modéstia e começam a ressaltar os meus méritos. Não é disso que eu to falando. É disso que eu to falando:

Como você deve lembrar, caro cidadão anônimo, minha vida mudou completamente na última semana. E não foi só sobre ficar velha e perceber que a eu de 22 anos estava sendo tonta Naquela Situação Lá, a real é que muita coisa meio que aconteceu. Foi muito rápido e eu acho que nem sei explicar direito, mas agora eu to vivendo um quase-alguma-coisa com alguém que mora comigo, que também foi algo muito fácil (se desconsiderar que eu fui muito lerda para perceber o que tava rolando) e que cumpriu um dos meus pedidos mais frequentes do ano passado: eu só quero carinho sem compromisso. E, caras, é muito carinho sem compromisso.

O que me leva ao rolê de ontem e o Efeito Penariol na sua forma mais material.

Tudo começou quando eu e o Maridinho decidimos embarcar 2 desafios relacionados à universidade: ir em uma festa de cada instituto E beijar alguém de cada curso (com direito a pintar um mapa do campus, pra ficar mais real), e para matar o máximo de engenharias de uma vez, nós fomos em uma festa caríssima em outra cidade.

Eu acho que posso classificar o Efeito Penariol em momentos de sorte e momentos de coincidência, que, juntos, levam para a única coisa que eu gosto de verdade: ter uma história pra contar. Esses são os momentos de ontem:

Passei o dia todo pensando em jantar no restaurante aqui perto de casa que eu fui uma vez com o Maridinho e tem um hambúrguer surpreendentemente gostoso. Qual foi a primeira coisa que o Maridinho disse quando chegou aqui em casa? Que ele tava pensando em não ir pra onde ia antes do rolê e ficar em casa assistindo Succession (ótima série, aliás) e depois jantar exatamente onde eu queria. E a gente foi! E o hambúrguer tava surpreendentemente gostoso!

Ok foi algo completamente normal, mas eu queria contar isso pra alguém, o Maridinho é demais.

Mas enquanto eu fumava com o Maridinho na frente de casa ele me contou sobre a melhor coincidência que poderíamos viver: aparentemente uma fala preconceituosa que causou uma intriga enorme ano passado veio de alguém que não só a gente conhece, mas estudou junto! Eu não vou contar o que é porque agora esse blog é público, né, mas o melhor é que se eu jogar as cartas direito eu posso saber muito mais dessa fofoca porque pessoas de casa devem saber. Juro como pode tudo acontecer a minha volta? Eu sou muito a protagonista da Malhação Edição Barão Geraldo.

Agora vamos pro rolê de fato, juro.

O primeiro momento de sorte pura foi quando nós 3 - eu, Maridinho e Volúpia - decidimos pedir um Uber ao invés de esperar o ônibus. Foi a melhor decisão que a gente poderia tomar. O Uber foi baratíssimo, a gente conseguiu vender 2 das 3 passagens de ônibus E já estávamos quase de saco cheio quando o resto das meninas chegou, com certeza desistiríamos de ir se ficássemos esperando.

Mas não esperamos, e aí vem a primeira sorte. Os dois pegaram a fila da bebida ruim, eu peguei a fila da bebida boa. Talvez o maior fracasso da festa toda tenha sido o fato de que não era open breja e nem fodendo que eu ia gastar mais dinheiro ainda naquela festa, então nos rendemos ao famoso sucão, que geralmente é uma péssima ideia, mas dessa vez... Tinha gosto de 2017. Foi como se eu tivesse no ensino médio de novo, e a sensação foi ótima.

Assim que chegamos também começou a tocar a música que Volúpia falou que seria a única que dançaria na festa - e ela dançou. E, caralho, ela dança bem.

Agora vamos pra parte divertida:

A temporada de caça falhou, antes que você se pergunte. Nós estamos velhos demais para festas que duram a madrugada toda, eu acho. Mas o meu hobby favorito, falar mal dos outros, foi muito bem aproveitado. Isso porque Volúpia estava particularmente irritada com a Cordyceps (não posso explicar) e todas as nossas rondas foram marcadas por procurar (e desviar de) tiaras de gatinha laranja. Mas, ao mesmo tempo, a Volúpia queria muito me beijar na frente da Cordyceps, porque é isso que pessoas de 18 anos fazem. E eu tava ok com isso, tão ok que eu disse em voz alta "tudo bem, eu adoro ser usada como um objeto", que levou a um cara completamente aleatório responder "eu também", e esse foi meu primeiro hi-5 com desconhecido no semestre.

O ápice do efeito Penariol veio quando eu estava bêbada. Como você já deve ter reparado nessa altura do campeonato, eu gosto muito de usar droga, e ontem eu estava bastante triste que minha irmã não quis mudar a rota da viagem dela pra vir aqui me trazer um beck (sério, que egoísta), o que significa que eu estava com inveja de literalmente todos os outros grupinhos que exalavam o delicioso cheiro da inconsciência.

Não tive a oportunidade de comentar isso antes, mas meu karma em toda festa é que, independente de onde eu tô, o lugar vira caminho de passagem, o que geralmente me incomoda muito.

Mas não dessa vez. Todas as estrelas se alinharam e, quando eu tava proferindo a frase "eu preciso muito fumar um beck, senão vou me matar" um cara, ou melhor, um ANJO parou, olhou para nós 3 e ofereceu o beck dele pra gente. Nunca foi tão maravilhoso ser eu, estranho que tá lendo isso!

E o melhor de tudo era que era um beck bom, aquele negócio bateu bem forte, e a gente precisou sentar. Só para mais uma vez a sorte estar do nosso lado e o banco ficar vazio no exacto minuto que nós nos aproximamos dele. E ainda quando começamos a pensar em ir embora e lembramos que ninguém tinha chave AS MENINAS DA REP APARECERAM DO NADA!!!! E ELAS TINHAM 2 CHAVES!!!!

Até para ir embora nós tivemos a sorte de topar com um uber que JÁ ESTAVA na porta do rolê porque tinha se recusado a levar um cara que tava vomitado. Nós não estávamos vomitados!!!

Eu não peguei ninguém no rolê (bom, ninguém novo), e também paguei um valor bem alto pra quem não ficou nem 4 horas na festa e se colocarmos uma régua bem honesta aqui podemos ter certeza que não valeu nadica de nada a pena sair de casa ontem, maaaaaas eu escrevi todas essas palavras porque fui, e ainda provei um ponto importantíssimo sobre como é fácil ser eu enquanto o Efeito Penariol fazia o que o Efeito Penariol faz: encontra uma história pra contar.

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uma lição de vida de presente de aniversário

Publicado originalmente em 11 de março de 2023.

Não é ótima a sensação de aprender uma lição? Aquele sentimento de que, por mais que tenha sido complicada (e muitas vezes deprimente) a jornada, você melhorou como pessoa com essa experiência, e todo o curso da sua vida foi alterado por esse acontecimento, por mais pequeno que tenha sido.

Desde que conquistei a sabedoria que vem com me tornar uma senhora – completei 23 anos aproximadamente 2 dias atrás – eu tenho percebido mais claramente as lições que aprendi nesses últimos (horríveis e sofridos) meses. E uma delas, a mais recente, foi, talvez, a mais importante.

Aprender a ser honesta, a ser frágil e ainda assim ter maturidade para lidar com as consequências do que fez, isso é uma parada muito difícil e tão gostosa de conquistar. Por mais que eu tenha me frustrado nas últimas semanas, eu vivi pra caramba! Não eram só momentos bons que eu tava atraindo com as minhas ações e, quando finalmente a conta chegou, eu aprendi a reconhecer minhas fraquezas, e não são poucas.

Mas essa não é a história de como eu aprendi essa importantíssima lição. Essa é a história de como eu desaprendi ela.

Sabe, pessoa provavelmente desocupada que está lendo agora, por mais que outras questões bem sensíveis estivessem me impactando também, eu descobri uma informação muito, MUITO interessante nessa quinta-feira: o problema não sou eu!

A culpa é toda da Sujinha, exatamente como eu estava prevendo desde o começo dessa história. A única lição que temos que aprender aqui é que se você escolher um bom nêmesis, por mais sem sentido, aleatório e sem motivação nenhuma que seja, uma hora ou outra ele vai te mostrar porquê mereceu esse posto.

Eu sou incrível.

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enquanto elas ainda existem

Publicado originalmente em 6 de março de 2023. [editado]

Hoje eu fui de 100 a 0 muito rápido, nunca antes eu tinha sentido a felicidade sair assim do meu corpo de forma tão tangível, qualquer um que tivesse prestando atenção poderia enxergá-la, talvez pegá-la para mim, sei lá, guardar na geladeira para mais tarde. Mas isso não aconteceu, muito menos uma intervenção do futuro me protegendo desse momento crítico, provando que viagem no tempo não será uma realidade tão cedo, amigos, desculpa.

Ao invés disso eu senti. E eu sempre sinto muito, né? Meu dia teve 36 h e eu não lembro de 15 minutos seguidos em que eu estive acordada. Acho que posso usar essa palavra, eu tive um apagão digno de litros do álcool mais barato que universitários podem conseguir, mas só dentro da minha cabeça. E sóbria, sort of.

E o que ficou em looping na minha mente foi a última frase que escrevi aqui

mas bem que eu deveria começar a escrever sobre as coisas boas enquanto elas ainda existem.

E eu não escrevi. Talvez eu tenha me condenado com essa frase, porque eu tentei e desisti, e quando eu vi já não existia mais nada de novo.

Bom, vamos por partes. Partes estas que destrincharei amanhã cedo, com certeza, porque acabei de me forçar a ir para uma festa para tentar me impedir, em vão, de pensar em tudo o que quero escrever aqui. Mais uma vez deixando para escrever depois o que seria escrito com mais sentimento hoje.

Oi, não é amanhã, na verdade já são 2 dias depois de quando eu deveria ter escrito isso, mas ontem eu tava muito surda de um ouvido e sem cabeça pra pensar em tudo, então vamos lá agora.

Em retrospecto, acho que eu mereço todas as consequências dos meus atos, na verdade, tenho certeza, mas merecer me impede de sentir? Deixo essa avaliação pra você, caro leitor, porque a partir de agora eu vou ser completamente honesta com o que aconteceu, zero eufemismo e romantismo sobre a minha novelinha a partir de agora.

Bom, pra começar temos a Inominável, talvez a pessoa mais incrível que eu já conheci e que eu magoei profundamente por pura covardia. Eu passei os últimos meses sofrendo muito com isso, me machucando de todas as formas possíveis para de certa forma pagar pelo que eu fiz com ela Inutilmente, óbvio. Eu não posso esconder que ela me magoou, também, mas existe uma régua para decidir até onde ela tinha esse direito? Não. Absolutamente tudo o que aconteceu antes ou depois do fim que tenha me afetado foi jogado no lixo a partir do momento que eu fiz a coisa mais horrível que já fiz na minha vida, eu não mereço pena.

Mas talvez um pouco de empatia? Talvez um pouco de empatia, porque foi muito tempo de solidão para eu aprender a lidar com isso, uma montanha-russa emocional que me irritou muito mais do que a única montanha-russa de verdade que eu fui, eu não quero entrar em detalhes aqui, acho que não preciso mencionar todos os amigos que eu achei que tinha e descobri que não, mas é interessante deixar registrado que uma das minhas maiores inseguranças se provou em todos os aspectos possíveis: eu era apenas um acessório da Inominável.

E daí veio a Grinch, eu tava vivendo de novo já, tinha dado um ultimato nas minhas relações não-românticas, a CCXP foi um momento grande pra mim, ir sozinha para um lugar por dias, me divertir por minha conta, lidar com minha frustração sozinha... E aí veio a Grinch. A Grinch me chamou pra sair um dia depois do show do Harry (sim, eu fui no show do Harry, um beijo Ju do passado, a gente conseguiu) e eu fui. Primeira vez que eu tive um encontro de verdade e foi bom, vivi um relacionamento inteiro com a Grinch em um mês, sabia? Fomos a um bar de jogos, ao cinema, ao Saloon, ela foi em casa, ela conheceu minha irmã, ela tentou me ajudar com o meu bloqueio... E ela gostou demais de mim para querer continuar com isso. Quem sou eu pra julgar? Pra falar qualquer coisa? Eu estou emocionalmente indisponível.

E por fim a Pseudo. Pseudo foi como uma mentira pra mim. Durante todo esse tempo que eu fiquei num limbo emocional, cercada por mulheres bonitas que tiveram algum significado para mim, mas que eu sei que não era nada demais, e ela estava ali, uma mulher muito gata que aparecia em todo rolê que eu ia. Descobri mais sobre ela, um pouquinho de informação por vez, ate eu finalmente tomar coragem para chegar nela ano passado, e tomar coragem de novo alguns meses depois já que na primeira... Não falaremos sobre a primeira. E depois que a gente ficou a gente começou a conversar, dois meses inteiros de um papo maneiro, ter alguém pra conversar é bom pra caralho, né? Era. Ela voltou pra cá, nós saímos, foi bom, nos vimos de novo algumas vezes, eu deveria ter tido mais atitude para transar, talvez, mas como eu lido com esse bloqueio? Não lido. E não faz diferença porque na semana passada a Pseudo decidiu que não me queria mais, ela tem os motivos dela, bem justos e honestos, mas não consigo entrar em detalhes aqui sem inserir um pouco da minha autoanálise no meio, então, Pseudo, saiba que eu te entendo. Não concordo, mas entendo.

E esse segundo pé na bunda inaugura o começo da pior volta dessa montanha-russa, aquela que chacoalha o corpo, dói o pescoço, bate a perna e dá vontade de vomitar. Me pegou de surpresa a Pseudo não querer mais nada comigo, eu tava bastante empolgada em ter essa coisa-que-nós-não-classificamos com alguém, principalmente porque desde a Grinch eu percebi que ser 100% honesta com sentimentos evita muito sofrimento a longo prazo (eu também te entendo, Grinch), mas eu não controlo a vontade dos outros, né Fran? Eu só posso controlar como vou reagir em relação a isso.

E eu fiquei triste. A quarta-feira foi péssima pra mim. Ou será que foi quinta? Não lembro. Mas lembro que chorei. Chorei, desabafei com meninas da rep que eu literalmente conheci não tem um mês (sim, leitor, eu saí de casa, talvez um dia eu fale mais sobre isso) e depois enchi a cara e fui cantar num karaokê, exatamente como as sitcons me ensinaram que deveria ser feito. Me diverti de verdade, os dias seguintes foram ok, e daí veio a sexta-feira.

Sexta-feira eu fui no show do Big Time Rush. Não, você não leu errado, eu fui no show de uma boyband criada numa série da Nickelodeon mais de 10 anos atrás, qual era a probabilidade disso acontecer? Nenhuma, mas aconteceu. E de repente eu não ligava mais para nada do que aconteceu em todos esses parágrafos anteriores, eu só me diverti! Me diverti de verdade, felicidade genuína, sorriso de orelha a orelha, euforia gostosa, não ligar para o tanto de dinheiro que tava gastando e muito menos para a novela mexicana que a minha irmã tava se enfiando bem ali do meu lado e eu nem percebia. Eu só tava sendo feliz, feliz pela Ju de 11 anos, feliz pela Ju do ano passado, feliz pela Ju daquele presente que agora já é passado também. Eu vivi toda a experiência fangirl década de 2010, eu FIZ eles cantarem Cover Girl só porque era a favorita da Irmã e tava fora da setlist, sabe? O que no mundo seria capaz de desafiar essa felicidade?

O twitter no dia seguinte. E nós voltamos para o primeiro parágrafo desse enorme desabafo, que eu escrevi ainda no sábado enquanto sentia fortemente sentimentos que agora acho que sou apenas capaz de descrever. No twitter eu descobri que a Inominável seguiu em frente, e todo mundo sabia, porque todo mundo parou de se importar só comigo, não com ela. Eu passei muito tempo me odiando e me torturando por achar que tinha destruído a vida de alguém sem saber que "alguém" era só eu. Eu passei muito tempo achando que o que atrapalhava todas as minhas outras relações era o fantasma da Inominável no meu ombro sem saber que esse fantasma era meu. Só eu me atrapalho. Só eu me saboto. Só eu sou capaz de me destruir. E agora tem outra pessoa brincando com o meu cachorro. E agora o Neguinho nem é mais meu cachorro. E eu descobri isso pelo twitter porque fui molenga demais para manter minhas antigas amigas silenciadas, achei que era maldade, achei que tava na hora de superar, achei errado.

Para registro, eu não sei o que eu to sentindo, tá? Eu não acho que essas coisas não deveriam acontecer nunca, mas eu acho que eu tinha o direito de não saber, eu queria não saber, eu ainda quero não saber. E não ajudou nada a Try Hard querer saber como eu tô exatamente no mesmo dia, sabe? Eu não preciso de uma mensagem de pena, e eu não quero aliviar a consciência de ninguém fazendo parecer que tô bem só pra ficar ok o fato da minha ex ter seguido em frente. Na verdade isso é um limbo, é lógico que é ok, eu não tenho nada a ver com isso, mas eu também não preciso estar bem com isso, ninguém se importou em como eu tava por todo esse tempo, por que justo agora? Tão perto assim do meu aniversário, vocês acham mesmo que eu precisava de uma lembrança de como eu sou imprestável?

E é nessa posição que eu tô, recebendo conselhos de Raimundo e todo mundo sobre uma situação que eu não queria estar, sobre sentimentos que eu não queria sentir, sobre uma vida que eu não queria estar vivendo. Aprendi do pior jeito possível que a gente simplesmente não tem escolha na esmagadora maioria das situações, e agora eu tenho que ser adulta e honesta, tenho que correr o risco de parecer grossa ou vitimista em troca de ser honesta com a Try Hard, ela merece isso né? E eu mereço isso também, tô cansada dessa eterna confirmação de que sou um acessório, tô cansada de fazer parecer que a maior dor de tudo isso foi o erro que eu cometi e não os meses de solidão e pensamentos suicidas que vieram depois, tô cansada de aceitar o papel de vilã.

Todas essas coisas que escrevi aqui foram boas em algum momento e se encerraram como uma história amarga inesperadamente. Será que eu sou tão ruim assim de ler os sinais ou o mundo que gosta de reviravolta? Talvez eu nunca tenha uma resposta pra isso, pessoa que por algum motivo ainda está lendo isso, mas o que eu sei é que talvez a melancolia seja a chave para a minha produtividade, e talvez eu nunca consiga escrever sobre coisas boas enquanto elas ainda existem porque eu estarei sempre esperando que elas acabem para aproveitar o momento.

Mas eu vou tentar melhorar, e dessa vez eu tô sendo cem por cento honesta.

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mas bem que eu deveria começar a escrever sobre as coisas boas enquanto elas ainda existem.

um complemento

Publicado originalmente em 12 de janeiro de 2023.

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bom, muita coisa aconteceu

Publicado originalmente em 12 de janeiro de 2023.

Eu achei que conseguiria manter isso aqui atualizado, que seria bacana ter um registro cronológico do desastre que foi 2022, mas não rolou, eu não sou assim e, bem como todas as outras vezes que me cobrei cumprir esse propósito, larguei mão. Mas cá estamos nós de novo.

Talvez eu deveria ter começado a escrever esse aqui antes, todos os pensamentos que tive durante esse hiato agora já não fazem mais sentido, porque quase tudo já teve um desfecho.

E por falar em desfecho....

Nunca me senti tão parecida com minha própria personagem antes. Não era isso o que eu queria? Liberdade? Uma chance de ser só a Juliana, uma vez na vida? Tenho tudo na mão e tô insatisfeita, tudo o que eu quero dá certo e tô infeliz. Será que eu sou incapaz de me sentir completa? Eu sou a Vespa ou a Vespa sou eu?

Bom, dezembro foi um mês bom, com certeza compensou todo o resto do meu ano. Eu consegui muitas coisas que queria, em muitos sentidos, de viagem, passeio, show, rolê, conseguir me soltar, ser independente, me envolver... Consegui até calar a minha própria boca que dizia que jamais outra pessoa gostaria de mim, mas a que custo?

Eu tô me sentindo mal pelo lance da Grinch, por um lado por puro egoísmo, tava muito bom ter alguém aqui, mas por outro.... Eu sei que eu não tava apaixonada e que muito provavelmente isso não mudaria tão fácil, mas foi um mês TÃO legal, parece que vivi um ano inteirinho em 6 encontros e foi tão... fácil. Eu nem pensava, não precisava, só era legal.

Ser madura é muito amargo.

Eu sei que não deveria depender tanto emocionalmente dos meus envolvimentos com outras pessoas, e sei também que tô reclamando de barriga cheia porque eu vivi ótimos momentos e vou viver outros ótimos momentos com outras pessoas, mas eu não queria que tivesse sido assim, às vezes a gente consegue estragar as coisas sem nem estragar nada.

O engraçado é que não me arrependo. Não era isso que eu queria? Primeiras vezes? Só adquiri algumas novas pra coleção, e acho que tô feliz por isso.

Não pensei que meu primeiro texto de 2023 seria sobre um quase-qualquer-coisa que aconteceu muito rápido e envolveu mais gente do que eu esperava, mas é isso, a vida surpreende o tempo todo, talvez eu só precisasse de um mês de calmaria e descanso, um alívio depois da tempestade, pra eu me preparar pra todas as promessas que eu fiz para 2023 e 2023 me fez de volta, e tá tudo bem.

Eu vou ficar bem.

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eu queria ter ficado em casa.

eu queria ter saído mais outros dias.

eu queria ter cochilado mais à tarde.

eu queria dormir mais cedo.

eu queria ter me dedicado mais quando tinha mais tempo livre.

eu queria ter outros hobbies.

eu queria ter confiado mais em mim.

eu queria ter dado mais valor às coisas acontecendo facilmente.

eu queria não ter me acostumado com o fácil.

eu queria ter me desafiado mais.

eu queria não ser tão preguiçosa.

eu queria ter mais amigos.

eu queria me expressar mais.

eu queria fazer mais coisas.

eu queria ter projetos.

eu queria ter talento.

eu queria ser querida.

eu queria que não fosse tarde demais.

e nem é, mas eu queria.

Publicado originalmente em 26 de novembro de 2022. [editado]

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todas as palavras que estão na minha cabeça

Publicado originalmente em 8 de novembro de 2022.

esse post ficou aqui no rascunho por um tempo. talvez seja a hora de começá-lo.

tem sido cada vez mais difícil entender quais pensamentos são meus e quais são da minha cabeça — será que nós nos tornamos pessoas completamente diferentes? eu queria dizer que deixei as coisas para trás, ela ainda repete de cor todas as coisas que ouvi; eu queria sentir felicidade de verdade, ela ainda acha que eu não mereço; eu queria ter amigos, ela ainda acha que eles nunca serão meus.

e, no final das contas, qual é a diferença? mesmo que eu resolva tudo comigo, minha necessidade de aprovação ainda vai existir. talvez isso seja a juliana de fato: a vontade de alguém me dizer "eu entendo, não duvido de você" em situações das quais eu muito claramente não vou ouvir.

e já não é hora de deixar para trás? sim, mas o que eu vou fazer toda vez que acontecer de novo?

e eu tenho certeza que é proposital? eu sou tão importante para o mundo assim para que as coisas sejam pensadas para me atingir? claro que não.

mas por que não seria? como podem existir tantas coincidências?

por que o céu anda tão limpo? eu não lembro de existirem tantos dias bonitos antes, é uma afronta.

mas eu não sou o centro do universo.

mas eu sou um pedaço dele. um minúsculo e solitário pedaço que chora sozinho no quarto porque não quer mais ser minúsculo e sozinho.

eu não sei mais montar minha casinha de boneca. eu não sei mais criar histórias sozinha. eu não sei mais ser juliana?

quando foi que isso começou? assim, de verdade. quando foi que o primeiro fio se soltou? quem foi que puxou achando que arrebentaria fácil e abriu um buraco no tecido? fui eu?

por que eu faria isso?

por que eu não faria isso?

e eu ainda não sei se quem tá escrevendo sou eu ou minha cabeça.

minha cabeça é tão a minha cara que eu fico de cara quando eu lembro que existo.

eu existi no automático por quanto tempo? só esses últimos meses ou todos os anos antes deles começarem? onde eu encontro o botão?

quantas palavras faltam serem ditas? quantos pensamentos faltam serem pensados? nunca saiu nada novo. nunca mudei o disco. eu deveria? será que se eu descobrir qual é a frase entalada na minha garganta eu finalmente vou conseguir vomitar? e se eu vomitar, eu vou conseguir voltar a comer de novo?

e se eu não gostar do que eu vomitar? e se for gosmento e nojento, feio de se ver? e se todo mundo ver? por que eu quero que as pessoas gostem de mim? por que eu quero que as pessoas saibam?

o que eu quero que as pessoas saibam? se nem eu sei, como elas vão? e que diferença vai fazer?

nenhuma. não tem tapinha nas costas que resolva. não tem "entendi" que apague. não tem droga que me deixe em silêncio. não tem palavras para serem ditas.

eu tenho que viver comigo. e só comigo, eu acho. não depende de mim, uma vez na vida.

pra ajudar seu analista: desculpa.
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Sentada no passageiro do Besourinho, com a Juno no colo olhando pela janela fechada, reparei um pequeno frasco de enxaguante bucal, provavelmente do meu pai. Imediatamente desejei me livrar do gosto de fumaça e mato na minha boca e quase por instinto tomei um pequeno gole do líquido azul. O gosto só não conseguiu ser pior do que o sabor do arrependimento quando percebi que segurava um pacote de balas de menta na outra mão.

Publicado originalmente em 5 de setembro de 2022.

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