As aventuras de uma Docete Ciclope

ATENÇÃO: LEIA OS AVISOS NO AGREGADOR ANTES DE LER A FIC!
"Esse é o meu diário . . . Com fotos !"

Aqui você saberá tudo que ocorreu na bizarra Sweet Amoris. Todo mundo parece ser estranho demais, começando pela aluna nova.
Mas por incrível que pareça, mesmo ela sendo um ciclope ela é a mais normal.
Posted on Saturday, 10 February 2018

—————–x—————–

image

Rennes, 25 de junho 1975

Saudosa estou daqueles tempos de glória.

Estamos no século XX nos dias que ocorrem.

Muita coisa vem mudando com o passar dos anos, inclusive toda nossa historia vivida se eternizou em livros e são passadas de geração a geração.

Entretanto, existem tópicos que não são citados em livros de historia.

Me pergunto quantos dos alunos que já estudaram historia ouviram falar no nome “Sophie de L'Espée”.

Provavelmente a resposta será, nenhum.

Não existem registros a respeito desse nome.

Se por algum motivo alguém tiver ouvido falar esse nome, essa pessoa provavelmente ouviu de um parente a respeito de seu ancestral, o que acho difícil já que o nome foi  ocultado de tudo e todos.

De qualquer forma, escrevo estas cartas frequentemente na esperança de uma delas chegarem a ti.

Sinto sua falta.

Escrevo de tempos em tempos e largo em fendas das quais encontro ou das quais provoco sua criação forçada.

Eu me pergunto se ainda se recorda de mim após tantos anos meu querido.

Só  me resta lhe confiar meus pensamentos nesse momento na esperança de que eles cheguem até ti.

As cartas anteriores que lhe enviei eu guardei cópia de todas, e isso inclui esta carta e vos escrevo.

Após anos de vivencia, eu precisava de algo que fixasse meus pensamentos e lembranças em minha mente, afinal, são muitos anos vividos e não existe tal possibilidade de eu lembrar de tudo com clareza após criar tantas novas lembranças com o passar dos anos.

Sei que nas cartas anteriores você leu sobre meus hábitos, meu dia dia e até releu parágrafos sobre coisas que vivenciou comigo.

Mas entenda, eu não quero perder nossas lembranças.

Eu escrevi tudo aquilo e guardei as cópias em uma caixa de madeira, a mesma caixa da qual abro e releio sempre que quero recordar ou quando acho que esqueci algum detalhe vivido por nós dois.

Poderá notar que com o passar das cartas que lhe enviei meu linguajá foi mudando.

De formal para informal.

De arcaico para atual.

Os tempos mudaram e estou me habituando as décadas atuais em que vivo.

Creio que sabes bem do que me refiro, afinal, você veio do futuro.

Meu amado, eu gostaria tanto de mostra-lhe como os tempos mudaram.

Gostaria tanto de ter-te ao meu lado.

As construções são diferentes, muitas se chamam prédios, creio que em seu futuro deva conhecer, as vestimentas, tudo evoluiu tanto.

Os pensamentos das pessoas, gostos, entretanto meus pensamentos continuam no passado juntamente de sua presença.

Essa semana me peguei recordando de nossa historia vivida.

Eu notei que esqueci o processo da minha vida que levou-me a conhece-lo e isso me frustrou bastante.

Peguei nossas cartas desesperadamente e reli para recordar melhor, e agora, quis escrever para vos contar tudo e guardar em minhas lembranças eternamente.

Meu amado, eu já te contei minha vida?

Vivemos um bom tempo juntos e convivemos por décadas

Você salvou minha vida.

Vós sabeis sobre minha vida? Lhe contei?

Bem, sei toda sua trajetória, creio que seja sua vez de saber a minha.

Me perdoe se não quiseres pode simplesmente ignorar todo o conteúdo escrito, só necessito firmar meus pensamentos para minha própria pessoa.

Mas caso os leia, ficarei grata e feliz com sua atenção.

Minha historia começou com minha mãe, Magdaleine de L'Espée e sua amiga Marie-Thérèse d'Autriche.

Sim, Marie-Thérèse, a imperatriz.

Minha mãe e a imperatriz eram grandes amigas, mesmo minha mãe sendo uma mera serva dela.

As duas confiavam seus segredos uma a outra, era uma amizade admirável e por vezes a imperatriz me visitou e me levou agrados.

O nome de minha mãe, inclusive, faz parte dos nomes que não são sequer citados nos livros de historia.

A realidade é que todos os nomes que me envolvem de forma direta ou parentesca não são citados em livros e afins, afinal, tudo foi feito as escondidas.

Desde a morte de minha mãe até a minha própria morte.

A realeza tem dessas.

Eles são sujos e apunhalam-te pelas costas.

Minha mãe e a imperatriz se viram envolvidas em um triangulo amoroso com um rapaz, não sei bem a historia, afinal, tudo que me foi contado foi por minha própria mãe enquanto era viva e de conhecidos seus.

Uma regra que aprendi e levo para minha vida é: nunca tenha a menor chance de tomar algo de alguém da realeza, ou poderá até perder tua vida.

Este foi o caso de minha mãe.

O rapaz pelo qual nossa querida imperatriz se apaixonou, demonstrava interesses em minha mãe, e isso foi o suficiente para aquela bela amizade sem fronteiras e limitações sociais entre as duas, se destruir.

Marie-Thérèse prendeu minha querida mãe em um calabouço e a deixou definhar até morrer.

Tudo por causa de um homem.

Minha mãe vinha me contando sobre isso, sobre um amor, sobre sua amiga e sobre as perseguições de sua amiga, porém, eu era muito nova e não sabia bem como funcionava essas coisas de adulto.

Amigos e pessoas que trabalhavam com minha mãe, mais tarde, vieram a comentar por alto a respeito do caso, haviam suspeitas do que teria ocorrido com minha mãe, entretanto, o assunto não se prolongou para evitar mais vitimas da realeza.

Marie-Thérèse me permitiu viver como aprendiz de serviçal, fui criada por serviçais mais velhas e minha vida era farta apesar de meu futuro ser fadado a servir as grandes damas da corte.

Lá, conheci sua filha, Marie-Antoinette.

Havia uma outra pequena filha de serviçal chamada Rosalie Lamorlière.

Eu sabia por alto do passado sombrio que minha mãe sofreu, entretanto, eu não tinha noção real do que a realeza era capaz.

De qualquer forma, pessoas são diferentes umas das outras correto?

Não tinha sentido algum tomar um julgamento sob Marie-Antoinette pelos coisas que sua mãe fizera.

Foi assim que me tornei melhor amiga da futura rainha da França.

O caso da morte de minha mãe nunca foi comentado, e terminou por esquecido pelos poucos envolvidos, isso me incluía.

Marie-Thérèsa era tão gentil comigo e sua filha era tão amigável, eu não poderia pensar que ela cometeu tal ato monstruoso contra minha mãe.

Nós três sempre prometemos sermos unidas, e tudo ia muito bem, até que o ciclo recomeçou.

Hans Axel von Fersen.

Esse homem apareceu no inicio de nossas vidas adultas.

Esse nome é citado inúmeras vezes a escândalos e envolvimentos amorosos de minha “querida” Marie-Antoinette…

Ela se tornou loucamente apaixonada por esse rapaz, entretanto, ele não se atraiu por sua beleza  estonteante como ocorria com os demais rapazes, sim, ele se atraiu por sua serva.

Os livros de historia mal sabem sobre o envolvimento de vossa majestade com esse rapaz, apenas em base de algumas provas soltas.

Mas eu sei de tudo.

Eu vivenciei tudo.

Essa serva pela qual ele se atraiu era nada mais nada menos que eu mesma, Sophie.

Não demorou muito até que ela tomasse a mesma atitude de sua mãe.

Tal mãe, tal filha.

Meu destino foi o mesmo que o de minha mãe: definhar até morrer em um chão úmido e repugnante de um calabouço.

Marie-Antoinette foi “gentil” em me visitar periodicamente e levar comida ela mesma.

Mas seu olhar frio e suas atitudes me deixavam em desespero e sem fé alguma que sairia viva de lá.

Minha amiga me traiu.

Minha amiga me apunhalou pelas costas.

Tudo por um homem.

Mesmo com os cuidados precários, cujo os quais vinham diminuindo com o passar do tempo, eu morri.

Foram tempos presa naquela Câmara, o suficiente pra acumular ódio absoluto.

Engraçado escrever algo assim, a frase “eu morri” soa estranho quando se está viva.

Ainda tinha parte de minha consciência quando me deram como morta naquele calabouço.

Aquela época eles eram mais ignorantes e dificilmente notariam de fato que eu ainda estava moribunda.

Pouco importaria para eles de qualquer forma se eles soubessem que eu estava viva, uma hora ou outra eu morreria, e afinal, eu era somente a prisioneira da rainha.

Minha morte foi por afogamento no fim das contas.

E ai, começa nossa historia meu querido.

Quando acordei, eu estava em um lugar vazio.

Haviam coisas e até mesmo pessoas voando e vagando por aquele lugar.

O clima fúnebre do ambiente era pesado e estava me levando aos poucos para uma depressão e confusão profunda.

Eu já sabia que meu destino era a morte, porém, eu não sabia como qualquer ser humano comum, como era a morte, o que tinha depois disso.

Eu te vi, quieto, em um canto, sem ter problemas de movimentação como os demais objetos e pessoas no local.

Eu me senti atraída por sua energia ali.

Parecia ser o único naquele local triste a ter alguma luz e energia viva.

Ao invés de me permitir vagar como os demais ali, me entregar ao limbo, eu queria me aproximar de ti.

Mas era difícil ter controle do corpo por ali.

Você se movimentava normalmente, sem quaisquer dificuldades.

Cruzamos olhares algumas vezes.

Seu olhar sempre será um dos mais bonitos que já vi.

Eu não tinha mais noção de tempo e espaço, mas tentava incansavelmente lhe alcançar.

Porque você estava tão pleno em meio aquele caos?

Me responda você, porque se aproximou de mim?

Notaste que eu tentava aproximação?

Eu nunca entendi sua aproximação, mas agradeço que tenha me poupado esforço.

Tua voz era tão bela quanto tua aparência.

Eu pude te perguntar como conseguia se manter sereno e controlado diferente dos demais corpos, e você foi muito atencioso.

-Tu es a alma mais persistente que pisou aqui e passou diante de meus olhos- lembro-me perfeitamente de tuas palavras.

Aquilo me encheu de energia.

Eu era a alma mais forte?

Conversamos muito sobre ti.

Não era  muito aberto a conversas e negociações, entretanto, eu me encantei com seu jeito único.

Me contaste que vivia em uma época que era completamente diferente da minha.

Me contaste que aquele local em que vagávamos era entre as dimensões e não existia, tudo que parava ali era por mero acidente.

Eu não entendia muito bem o significado de dimensão na época, mas prestava atenção em cada palavra que saia de tua boca.

Essas ideias que agora, nos tempos, eu vi vivo, se tornaram ficção, você me apresentou como se fosse algo comum e real.

Para mim, tudo soava como bruxaria.

Agora eu sei que tudo não passava de ciência, entretanto…Existia sim a tal bruxaria.

Você ouviu todo meu drama com a minha amiga, aquela mesma que me matou por conta de um homem.

Pessoas fazem loucuras quando estão apaixonadas…

Você dizia enxergar grande determinação vinda de mim e por fim, repetia diversas vezes que havia notado o quanto eu era forte.

Naquela época eu não teria como comparar, mas agora, que vivo em tempos mais modernos em que existe o tal cinema, posso comparar você com a visão que o cinema dá do diabo.

Entretanto, um diabo com muitas qualidades e muito atraente.

Um belo diabo.

Um diabo elegante e simpático.

Um diabo gentil.

Você simplesmente fez um trato comigo, como nos filmes, me pediu algo teoricamente simples: liberdade.

Basicamente em nosso acordo você me daria poder e me permitiria retornar ao plano dos vivos, entretanto, você queria liberdade, sair daquele limbo.

Ao questionar como um ser poderoso que poderia me tirar de lá não conseguia sair com suas próprias pernas, você me respondeu que não tinha um corpo físico do lado de fora do limbo, você estava por completo no limbo e precisaria de ajuda para sair de lá.

Por sua vez, eu tinha meu corpo no plano dos vivos, eu poderia voltar para meu corpo.

Era bem simples: eu poderia retornar ao mundo dos vivos e viver normalmente, me vingar de Marie-Antoinette, porém, em troca, eu teria que liberta-lo.

Nosso trato foi selado ali.

Não demorou muito e assim que fechamos nosso acordo eu retornei para meu corpo, que boiava na margem de um rio.

Eu me sentia forte apesar de exausta.

Meu corpo estava pútrido, porém, conservado graças a água gélida de inverno.

Me olhei no reflexo do gelo, como eu estava magra e pálida, por Deus.

Mesmo com aquela aparência frágil, eu sentia uma força , disposição e energia da qual eu nunca tivera sentido passando por todo meu corpo.

Eu notei que meu corpo não era mais como antes ao conseguir produzir fogo com minhas próprias mãos.

Foi assustador a principio.

O que você fez comigo?

Só me resta agradecer.

Então as tão famosas bruxas que haviam boatos pelas redondezas existiam?

Me tornei uma delas?

Meu maior questionamento foi se o belo rapaz com quem fechei meu acordo era quem estava por trás de todas as bruxas, as mesmas das quais sempre achei que fossem charlatãs.

Eu nunca tive certeza se elas eram charlatãs, entretanto, após me ver poderosa, posso dizer que não consigo acreditar que todas fossem, afinal, eu toquei na magia, eu não só toquei, eu ERA a magia.

Eu não sabia o que fazer com tanto poder.

Não poderia voltar para onde um dia chamei de “casa”.

Poderia sim, mas se eu soubesse minhas limitações novas, caso contrario, seria morta novamente na lógica.

E se tentassem algo contra mim?

Não sabia até  onde meu corpo suportava, eu precisava me conhecer do zero.

Busquei um vilarejo onde ocorria boatos de que existiam bruxas e feiticeiros nele.

Nesse vilarejo eu me tornei a mais poderosa, eu era a unica que de fato tinha poderes, os demais, se usavam de rituais e ‘trocas’ com seres de outro mundo.

Nunca entendi bem como funcionava, mas eram coisas fracas se comparadas a meus poderes.

Eles basicamente me ensinaram coisas que vinham de livros antigos, e tudo que aprendi, sempre que eu aplicava, sua força se multiplicava.

Somente comigo.

Somente em minhas mãos.

Pelo que eu entendia com o passar dos estudos, esses rituais que os feiticeiros usavam puxava a energia desse limbo onde vaguei.

Ali fica toda energia não usada e expelida do plano térreo.

No nosso plano não existe magia, os rituais são uma forma de puxar coisas misticas de outras dimensões.

Eles tinham livros de rituais de magia negra, coisas como ressurreição, troca de corpos, e muitos outros itens bem mais sombrios.

Uma das bruxas do vilarejo tentou usar um para trazer sua filha de volta.

Entretanto, ela falhou.

Um outro feiticeiro estava com a intenção de viver pra sempre, quando seu corpo adoeceu, ele tentou trocar com outra pessoa, entretanto ele falhou.

Eu tentei a mesma magia de ressurreição um tempo depois com um pequeno animal de uma criança do vilarejo, e pasme, funcionou.

Meu corpo parecia conseguir abrir os portais dimensionais durante o ritual com muito mais força do que os demais humanos.

Talvez porque minha alma já esteve no outro plano.

Uma habilidade que eu descobri ter era de me tornar um doppelganger de qualquer pessoa, mas essa habilidade especificamente eu ainda não tinha controle completo.  

Ali notei que eu, somente eu, poderia aplicar tudo que ensinavam naqueles livros com sucesso absoluto.

Após me sentir segura, finalmente retornei para “vossa majestade”.

Tempos de vingança.

Sabe, ter encontrado você foi a melhor coisa que me aconteceu na vida.

Você me encheu de presentes.

Minha vida de volta.

Poderes.

Amor.

E naquele momento, o presente mais cobiçado: Vingança.

Assim que pisei na residencia de Marie-Antoinette eu esperava ser morta quase que instantaneamente, estava pronta para agir, entretanto, ela me recebeu de forma calorosa.

Eu entrei de uma vez só no recinto.

Fui direto para seu quarto, eu conhecia bem os corredores de sua casa.

Guardas me seguiam mas eu conseguia usar minha habilidade de transformação para enganar os inimigos.

Assim que entrei em seu quarto eu esperava uma recepção violenta cheia de ordens para que eu fosse morta.

Entretanto, ela olhou pra mim e chamou meu nome espantada.

Quando me aproximei pronta para mata-la… ela me abraçou chorando.

Marie-Antoinette  se desculpou.

Ela dizia que tinha certeza que eu estava morta porém tentava acreditar todos os dias que eu me encontrava viva mas que não questionaria o milagre que ali ocorreu, afinal, os guardas poderiam ter errado ao dar meu óbito, o seu problema principal era que ela arrependia todo dia por ter me trancado no calabouço.

Ela dizia incansavelmente que eu aparecer viva em sua residencia era como se Deus atendesse suas preces.

Ela parecia sincera.

Eu a perdoei a principio.

Voltei para meu posto de servente, entretanto, ela me encheu de luxos.

Fui a servente mais bem tratada da casa, quase como se eu fosse da realeza.

Marie-Antoinette realmente parecia arrependida.

Rosalie nunca deixou Marie-Antoinette, elas continuavam amigas e até mais unidas que antes, só eu havia sumido por culpa de nossa querida “amiga”.

Ficamos nessa amizade por um bom tempo, quase me esqueci de meu objetivo: vingança.

Eu precisava cumprir o que prometi para meu amado, vingança a quem me matou e liberdade para ele do limbo.

E assim eu comecei a planejar tudo e estudar meus inimigos, ou seriam eles “amigos”.

Não me importava o arrependimento de Marie-Antoinette.

Meu psicológico nunca mais foi o mesmo após as coisas que ela me fez passar, o minimo que eu queria era vê-la morta.

Ao fim de meus estudos, chegou o momento de por meus planos em prática, tudo estava perfeitamente planejado e Rosalie demonstrou sua fidelidade a Marie-Antoinette naquele momento.

Quado comecei a criar burburinhos na corte a respeito de Marie-Antoinette, Rosalie contou todos os meus planos de derrubar Marie-Antoinette e toda a familiar real de seu reinado.

As duas simplesmente fizeram um “caça as bruxas” comigo, a bruxa.

Elas juntaram uma pequena escolta real para me caçar.

Toda a vida de luxo que ganhei com poucas palavras da Rosalie foram água a baixo.

Mas isso não me importava mais, eu só queria cumprir minha parte do acordo.

Eu havia estudado e elaborado o plano perfeito para acabar com a família real inteira sob acusação de alta traição, e esse plano se cumpriria.

Durante a pequena perseguição a minha pessoa eu os levei para seu destino final, estava tudo planejado, cada passo meu, cada possibilidade havia sido estudada.

Ao se aproximarem de seu destino, aquele no qual os levei, uma área do castelo que eu havia reservado para leva-los, a guarnição caiu desacordada devido a “estranha” nevoa que subiu no local.

A mesma criada por mim.

Apenas Rosalie e eu continuamos acordadas.

Sim meu caro, ela era fiel a mim, não a Marie-Antoinette.

Ela sabia tudo que eu havia passado e não aceitava as atitudes de nossa querida “amiga”.

O plano estava sendo executado com perfeição.

Peguei o corpo de Marie-Antoinette e levei até o local do ritual com seus guardas reais.

E ali, fiz o ritual de troca.

Eu estudei muito e o que eu faria seria muito arriscado.

Eu estava trocando um corpo com poder magico, ou melhor, dimensional, em troca de um corpo sem graça que tudo que tinha era poder como realeza.

Por qual motivo? Simples, eu precisava sacrificar algo muito poderoso que ligasse mais de uma dimensão para abrir um portal e retirar você de lá.

Creio que já sabe, afinal, você é um gênio.

Meu antigo corpo havia ganho poderes a partir do trato fechado contigo e por minha alma ter vagado no limbo, ganhei poderes inimagináveis, e por meu corpo vir dessa sua dimensão paralela, ele servia de ponte para sua dimensão.

Existia um ritual para ver outras dimensões, mas eles falhavam, quando eu tentava o máximo que eu conseguia era criar pequenos feixes ou ver o que se passava em outras dimensões.

Como um vidro transparente.

Entretanto, quando eu sacrifiquei meu antigo corpo, eu imaginei que conseguiria abrir um portal nem que fosse temporário para lhe trazer para o nosso mundo material.

E de fato, funcionou.

Sacrificar o meu antigo corpo valeu a pena.

Te ver materializado na minha frente foi um dos melhores presentes de minha vida.

Agora a Marie-Antoinette estava morta juntamente de meu antigo corpo e eu era a nova rainha.

Eu estava no corpo de Marie-Antoinette.

Então, mantive você, meu amado escondido no castelo e substitui a rainha.

Ela era casada com Louis XVI, vivendo um pouco em seu corpo notei que ela estava se encontrando periodicamente as escondidas com Hans, aquele mesmo Hans que iniciou o processo de minha morte sem intenção.

Me aproveitando da situação, e dos criados que sabiam demais, quando Hans viajou, você meu amado, o substituiu a meu pedido.

Com o seu poder de doppelganger tu simplesmente tornou-se ele.

E assim, pude realizar um de meus maiores desejos, que era me entregar para ti.

Desde que me salvou naquele limbo e fizemos o acordo.

Desde que falou comigo e me deu atenção.

Nunca mais fui a mesma.

Em minha mente só existia você.

Eu estava fadada a viver no corpo de Marie-Antoinette, porém, você podia mudar de forma ao seu bel prazer.

Seria cruel para mim consumar o ato carnal com Hans, cujo o qual não me despertava interesse.

Você sempre foi e sempre será minha única opção.

Me recordo do quão doloroso era ser esposa de Louis…

Ele era um homem bom, ele não sabia que sua esposa o traia, entretanto, eu não era sua esposa, só estava em seu corpo.

Era repugnante agir como tal.

Eu me envolvia com “Hans” porque nunca tive interesse pelo rei e o Hans naquele momento, era você.

Em  meu período como “rainha”  me recordo de ter encontrado um rapaz.

Ele entrou repentinamente em meu quarto, um dia em que eu lhe esperava para nossos encontros.

Esse rapaz entrou sem querer, ele dizia estar procurando “meu marido”, que naquele período havia viajado.

Este rapaz veio inúmeras vezes me visitar.

Assim como você, ele me contava de um futuro que até então eu não conhecia.

Era incrível ouvir suas historias.

Enquanto Louis não retornava de sua viagem, eu passava tempo com esse rapaz as escondidas(Afinal, achariam que eu tenho “outro” amante).

Eu ficava fascinada com suas historias do futuro.

E era incrível saber que no futuro eu me tornei simbolo histórico.

Eu não…Marie-Antoinette.

Me lembro bem que em nosso primeiro encontro, ele olhou para um relógio em seu pulso, e correndo estabanado deixou cair chá de hortelã em minhas vestimentas equanto quebrou meu pires.

Achei deveras engraçada a situação por mais que o mesmo tenha ficado muito nervoso como a situação, afinal, não é todo dia que se toma chá com a rainha enquanto suja sua roupa e quebra suas louças.

Ele era um bom rapaz.

Enquanto isso você permaneceu as escondidas, acostumando-se com seu “novo” corpo, limitações e poderes.

Afinal, as coisas funcionavam diferentes no nosso plano.

Me recordo bem quando começou a instigar círculos de influencia contra a família real.  

Você planejou tudo para derruba-los.

Você sempre foi incrível.

E eu queria sucesso em suas experiencias, eu queria te ajudar no que pudesse assim como um dia me ajudou.

Me recordo de ti contando-me que queria voltar pro seu tempo, que estava no passado demais e por isso queria passar para seu tempo no futuro.

Mesmo com esses problemas todos pessoais, você me ajudava com minha vingança, a seguir em frente com ela.

Mesmo com a Marie-Antoinette real morta eu queria destruir sua vida por completo, todo o castelinho que ela montou.

Louis XVI e eu nos vimos em impasses devido a atitudes catastróficas que eu causei sem que ele soubesse que eu estava por trás de tudo, obviamente.

Você havia se acostumado finalmente com seu corpo físico em meu plano, e usando o doppelganger confundiu muitas pessoas se passando pelo Louis, que por sua vez, ficou conhecido por sua indecisão e tirania graças a sua interpretação enquanto ele viajava.

Quando ele retornou de viagem, o rapaz do futuro que me visitava sempre o sequestrou sem mais nem menos, pouco antes dele ser desmascarado como impostor, você ia aparecer como se fosse o verdadeiro, nosso plano seria perfeito se ele não tivesse sido raptado.

Até hoje não entendo porque aquele rapaz raptou Louis e para onde o levou.

Mas tudo ocorreu bem pois você usurpou o lugar de Louis, lembra-se?

Todos os eventos da revolução francesa tomaram lugar, graças a nossa manipulação.

Fizemos parte e fomos a causa de fatos históricos.

Tudo por causa de minha vingança.

A queda da bastilha, na verdade foi um massacre sobrenatural, onde energia vital daqueles que morreram foi armazenada em uma esfera de cristal.

Lembro-me bem quando Marie-Antoinette e Louis foram mortos.

No momento da execução, eu troquei de corpo com a Rosalie, e ela, morreu como Marie-Antoinette.

Sim, Rosalie morreu e eu passei a viver como Rosalie.

Me senti vingada e completa depois de tudo que passei.

Infelizmente o Louis que morreu…Foi você, meu amado.

Eu não esperava que isso tudo ocorresse e terminasse com sua morte.

Eu sacrifiquei meu próprio corpo para traze-lo de volta.

Agora…eu estou em busca de um novo corpo com uma ligação dimensional forte como o meu antigo corpo.

Eu não tenho certeza se retornou para a dimensão vazia.

Agora que sei que existe outra dimensão além daquela vazia, eu não sei para onde você foi, nem se recebe minhas cartas.

Mas não desistirei até dar meu ultimo suspiro.

Eu tentei…

Quando coletei as almas no orb durante a queda da bastilha eu fiz um ritual na tentativa de abrir o portal novamente e te tirar do limbo, mas infelizmente almas comuns não foram o suficiente, até porque, elas não tem poder dimensional.

Eu precisaria de algo de outra dimensão, criado em outra dimensão.

Assim como meu corpo ressuscitado.

Venho juntando almas no orb para abrir pequenas fendas que uso para lhe enviar minhas cartas.

De tempos em tempos mato uma massa de pessoas para acumular no orb de energia, faço isso apenas para enviar -te minhas cartas.

Eu prometo que acharei alguém com essas ligações dimensionais  e com ele expandirei essas fendas e finalmente te tirarei dai, seja onde estiver.

Sinto sua falta…

Atualmente vivo em Rennes.

Já perdi a conta de quantas identidades já tive.

Troco frequentemente de corpo.

Atualmente vivo no corpo de uma jovem diretora.

Creio que um colégio é um bom lugar para matar massa de pessoas e abrir portais.

Além de que minhas chances de encontrar um corpo tão poderoso quanto o que me deste, é maior.

Infelizmente, não consigo mais ter poderes como antes…

Os rituais não funcionam…Eu não sei como encobrirei a morte que causo aos alunos, mas sei que pensarei em algo.

Por fim, faço da palavras de Marie-Antoinette para Hans, as minhas palavras:

“Nada no mundo poderá impedir-me de amá-lo até a morte”

No fim, sou a prova viva de que sim, assim como ela e sua mãe, nós fazemos coisas loucas por amor.

Assinado: Cécile Shermansky


[<< CAPITULO ANTERIOR][PROXIMO CAPITULO>>]