Embora seja lembrada como uma importante escritora e emergente bailarina, Zelda Fitzgerald (1900-1948) foi uma importante ilustradora e pintora. Seu trabalho nesse terreno a coloca entre o seleto grupo de escritores que foram reconhecidos pelo seu talento nas artes visuais como Tolkien, Sylvia Plath, William Faulkner e Flannery O’Connor. Parte de seu trabalho com a pintura chegou a compor uma mostra em 1924, mas a resposta do público foi negativa; na época, o periódico The New Yorker foi único que deu algum espaço, distinguindo suas telas como dotadas de alguns matizes subjetivas e sensações que remetem à tão conhecida Era do Jazz. Esse trabalho de Zelda foi para a vida, mas a partir de antes e depois dessa exposição, ficou circunscrito no seu universo íntimo. Só mais tarde, no tratamento de revisão de sua figura essa expressão se fez pública e melhor conhecida, graças, em parte ao esforço da neta Eleanor Anne Lanahan que chegou a reunir mais de uma centena de telas no livro Zelda. An Illustrated Life.

Nesta post, alguns exemplos desse talento: para paisagem, com registros como “Washington Square”, tomada pelo alvorecer da primavera, com babás bem-postas empurrando carrinhos de bebês cor-de-rosa, cães e pombos aos namoricos (imagem 1), ou da ponte do Brooklyn equilibrada entre o esfumaçar fantasmagórico, garrafas de champanhe e manchetes de jornais (imagem 2), ou cena “Scottie and Jack Grand Central Time”, onde se vê o casal num cenário composto da Grand Central Station que funde-se ao relógio Biltmore do saguão do hotel onde Socott e Zelda começaram sua lua-de-mel (imagem 3), o Central Park (imagem 4), a Times Square (imagem 5); ou sua inclinação para a releitura de obras, no jogo da Rainha de Copas e outas sequências de Alice no país das maravilhas (imagens 6 a 8), ou o episódio bíblico do casamento em Canaã (imagem 9); e paisagens naturais, como em “Great Smokey Mountains” (imagem 10).