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acredito no poder do não dito.

@pulmonias / pulmonias.tumblr.com

ao invés de tomar a palavra, gostaria de ser envolvido por ela e levado bem além de todo começo possível
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reblogged
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weltenwellen

Louise Glück, Poems 1962-2012 / Cynthia Ozick / Adonis, tr. by Khaled Mattawa, from ‘Celebrating Childhood’, Selected Poems / Gregory Orr, from “Origin of the Marble Forest” / Rainer Maria Rilke, tr. by. C.F. MacIntyre, Sonnets to Orpheus / John Boyne, The Absolutist

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When Kafka said All language is but a poor translation and when Murakami said It is not that the meaning cannot be explained. But there are certain meanings that are lost forever the moment they are explained in words.

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posso te escrever uma carta traumas tem ouvidos de ler? vou te contar que há dores na vida que doem do outro lado da barriga que o apêndice e que amor (tudo o que dissemos que não éramos) o amor não é uma instituição sem falhas naquela época eu acreditei numa coisa, que eu não sei que coisa, que me fez ajoelhar e esperar mesmo após qualquer indício, mesmo após qualquer resquício. e depois. posso te escrever uma carta sobre o que acontece depois mas não foi mais bonito a dor não cessa, ícaro a gente dança ao redor das dores tentando revezar que membro lateja pra permanecer inteiro até o final mas ninguém fica livre das marcas

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eu queria te contar que o amor foi feito pra ser uma coisa da qual eu não faço parte seda e porcelana eu só entendi o amor depois do primeiro creq os cacos no corredor 7 sobre o meu chinelo p a r a l i z a d a na plataforma da uruguai eu escrevi: o amor parecia um trem desgovernado eu queria pertencer ao pires borrado de café eu quis ser aquele chá de banalidade as 4 ele dizia coisas como: tudo pode ser mais simples eu só entendi o amor quando deixei ser complicado o bule chiando prestes a explodir p o r q u e v o c ê e s t á g r i t a n d o? o tempo todo sendo teletransportada pra uma hipérbole sem perceber ta ta ta a hipérbole morava atrás da minha casa 12 tiros às 3 asfalto e coberturas eu só entendi o amor depois de subir a rua eu parecia mais com a morte do que com a felicidade - uma questão de tonalidade - eu queria que você tivesse entendido

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voltei a meditar. eles não te contam dos dias que seu corpo perde o controle o caminho é sempre dois centímetros mais curto que da última vez não sei onde ficam os botões uma vez ela disse: você é a única que consegue é instinto de bicho os instintos de gente me fogem dos dedos com alguma frequência um jardim na minha cabeça sussurra: você não sabe viver essas são as plantas que rego ou tento não regar ou tento não se tento não tem um cansaço em ficar sentada repetindo: você é real esta cabeça é real seus pensamentos são reais penso muito no dia em que me deixei de convencer do contrário ou se algum dia vou voltar a ter certeza de que existo e isso basta não consigo achar na linha do tempo na espiral do tempo na ampulheta do tempo quando vejo: puf me escapou a verdade, a humanidade, a vida a vida toda me escapa e eu sento aqui e digo: você é real, você está viva como se o espelho precisasse se ajoelhar para me mostrar um reflexo eu ajoelhada diante de mim eu ajoelhada diante de mim o caminho é sempre mais curto como uma corda que ameaça na próxima não dar pé viver é ser por um triz.

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eu cresci comendo em prato raso mas desde os 22 eu só como em cumbuba ou prato fundo. nós nos tornamos outras pessoas, a yas diz. eu penso que é isso que nos destrói. mas é como tem sido possível continuar: morrendo toda noite pra amanhecer outra pessoa. uma que não morra mais daquelas coisas, mas morra de outras, pra sempre ter uma razão de recomeçar. n i n g u é m é impermeável pelo fim.

2

eu digo que não tenho muitas amigas mulheres, mas só não tenho muitas amigas brancas. a gente não se entende. elas não entendem que pra gente, afeto é algo que não se tem - mas se merece, se ganha. ou, na maior parte das vezes, não. eu sei disso quando nós conversamos: tem sido difícil e longo frequentar esses espaços que não nos suportam. como se estar aqui fosse um eterno acidente. inevitável e indesejado. eu não sei a etiqueta de existir porque onde existo não é o meu lugar. o que é o meu lugar? como tem sido viver tentando fazer casa com cuspe e cola, sem fundação alguma?

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é meu número da sorte. todo mundo sabe que não acabou. eu nem ao menos acredito em acabar. acho que tudo deixa rastros e o que fica reverbera. a pergunta é: quem a gente vai se tornar nessa manhã gloriosa? eu ainda não sei, mas faço só uma reserva: que eu consiga me fazer ouvir sem precisar gritar.

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li alguém falando pra yas sobre uma paixão de onze anos não consigo formular frases muito longas graças ao rivotril <enter> como é que alguém deixa a mesma dor durar mais de uma década pulsando a não ser que <enter> ela se grude na próxima versão do mesmo soluço ou seja a casca que se cura enquanto sangra do avesso a espera de um arranhão uma mensagem ~ queria saber da sua irmã ~ uma troca de olhares no metrô aquela festa na orla do leme as 32 mensagens aquela cerveja artesanal pavorosa a forma como a gente se olha será que em algum momento algum dia a gente esquece onze anos de reconhecimento e deixa de se ver ali? <enter> a yas respode que essa é uma versão que não condiz com a realidade foram muitas nos últimos 20 anos? puta merda minha cabeça dói e penso que talvez seja sequela da covid recém adquirida sinusite tristeza crônica bipolaridade não sei de onde veio a última crise ou justamente porque dessa vez precisei ser dopada e nenhum remédio psiquiátrico é mágica nada nada nada na vida é mágica <enter> sabia que a última vez que eu quis morrer foi a vez em que eu tentei e de lá pra cá eu no máximo fiquei muito triste e procurei ajuda rápido? tem sido anos bons, eu te dizia, tem sido meses bons eu realmente tenho gostado de viver (como eu poderia pedir por favor não arruíne isso dessa vez?) <enter> como alguém deixa algo tão ruim chegar tão longe? era eu que tinha de me mover era eu que tinha de me mover era eu que tinha de ter mantido a distância <enter> tive delírios/sonhos sobre tsunamis, terremotos, quedas de raios e outros desastres naturais. num deles eu levava uma rocha radioativa pro meu leito de morte porque ela brilhava uma luz bonita sem a qual eu estaria no escuro <enter> acho que carregamos essas dores através das décadas porque de alguma forma foi possível nos convencer de que sem elas estaríamos pior.

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