Viajando entre Linhas

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[SEMI-HIATUS] O Viajando entre Linhas é um blog voltado à escrita criativa feito por uma escritora amadora que quer compartilhar suas experiências no mundo da escrita. Sinta-se à vontade para ficar por aqui e aproveite a viagem ;)
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Último post

Depois de muito tempo, decidi finalmente encerrar as atividades do blog. Não vou deletá-lo, porque sinto que pode ter algo útil para alguém.

Foram 6 anos de puro aprendizado, compartilhamento e convivência que gostei bastante - porém, a vida tomou rumos diferentes e acabei me perdendo neles, juntamente com a minha escrita.

Verdade seja dita, não sou mais a mesma pessoa que começou o blog em 2015, o que é bom, mas, ao mesmo tempo, perdi boa parte daquilo que me fez querer dar o primeiro passo naquela época. E agora, preciso me reencontrar antes de começar na escrita de novo.

Talvez algum dia eu volte, talvez não. Quem sabe?

Até mais.

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reminders for writers.

  • nobody gives a crap if something is cliché or not. what they care about is the execution.
  • having a bad day of writing does not make you a bad writer.
  • writing in your second or third language isn’t always easy. you’re doing great.
  • writing advice = tools. not rules. you’re not meant to follow every advice you read about on the internet. learn the rules so you know which ones to break.
  • every writer is capable of writing a captivating story, but your story might not be everyone’s cup of tea, and that’s ok. there will still be people out there who’ll adore it.
  • it’s ok to not excel at every genre. you can write it because you think it’s fun. it doesn’t always have to be a matter of writing something strictly because you’re good at it. it’s ok to explore.
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Sobre estereótipos de personagens pretos

Atenção: esse post possui gatilhos de racismo e menção de violência e est*pro

No post de hoje, eu quero continuar com os posts do mês da consciência negra falando ainda sobre estereótipos, mas dessa vez focando em personagens masculinos porque, por mais que alguns sejam parecidos, existem  detalhes que fazem toda a diferença. 

E assim como no post sobre estereótipos de personagens pretas, nesse aqui eu quero falar um pouco sobre os principais presentes na ficção e o quanto eles podem ser nocivos para pessoas reais, para tentar conscientizar você, querido escritor, na hora de criar os seus personagens.

Vamos lá?

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“Writing isn’t about making money, getting famous, getting dates, getting laid, or making friends. In the end, it’s about enriching the lives of those who will read your work, and enriching your own life, as well. It’s about getting up, getting well, and getting over. Getting happy, okay? Getting happy.”

— Stephen King (via writingdotcoffee)

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As sequências de obras literárias: Os cuidados para não escrever uma continuação ruim

Por: Mari Cunha

Como autores, quando pensamos em obras literárias ficamos na expectativa do sucesso e no momento em que muitas pessoas vão pedir por mais de nossa escrita. Porém, todo cuidado é pouco. Essa empolgação por fazer a vontade dos leitores, pode ser um caminho bem perigoso. 

Manter a essência e o enredo fortificado da primeira obra é muito importante para não se perder nas sequências. 

Há muitos exemplos que podem ser citados aqui como continuidade que não deram muito certo, mas você sabe ou já parou para pensar no motivo no qual não foi para frente o sucesso? 

Muitos escritores já pensam em formar um legado com uma série de livros, porém, há muitos obstáculos durante a jornada que podem ser apenas barreiras a serem superadas ou realmente podem prejudicar o sucesso da continuação.  

A questão é que o autor precisa estar altamente conectado à sua obra e não pensar em um segundo livro apenas pelo sucesso do primeiro. Claro que a cobrança dos leitores por uma continuidade deve ser pensada, mas há muito mais por trás da produção. 

  • Se você está na expectativa de que as pessoas vão pedir um segundo livro, planeje meios para que isso funcione em sua sequência

Quando se pensa em sequência, o terreno precisa estar preparado e o escritor também. Se você almeja dar continuidade em sua obra, mas está incerto sobre isso, fortifique seu enredo, personagens e narrativa, para que assim você tenha material para um segundo livro. Caso haja chances de isso não acontecer, você precisa fechar um arco no seu primeiro livro e não deixar as pontas soltas prejudicarem a leitura.

Por isso, é importante ter uma direção já pré-definida sobre sua história. É muito difícil criar possibilidades sem ter uma base concreta da sua obra.. Lembre-se que mesmo que você tenha vontade de escrever um segundo livro, o seu primeiro tem que ter uma trama fechada, organizada e bem definida.

  • Não mude a essência de suas personagens nas sequências

Sim, as pessoas mudam. Porém, aquilo que foi aprendido e validado em seu primeiro livro não pode ser simplesmente esquecido pela sua personagem. Uma mudança drástica leva seu leitor a questionar se aquilo que leu no primeiro livro era importante ou simplesmente poderia ter ignorado toda a trama anterior. Assim, também vale para personagens sem mudança alguma. Não deixe que as aprendizagens sejam repetitivas, lembre de toda construção heroica do personagem e não deixe isso de lado na continuação. Para isso, é importante a famosa “ficha dos personagens”, assim, você não se perde na construção do novo enredo. Vale a pena fazer uma nova ficha, visando seu novo enredo e comparando com a anterior durante a escrita. 

  • Planejamento é tudo!

O mais importante para se fazer uma sequência de sucesso é pensar nela antes de tudo. Assim, você planeja já divulgações, estratégias de enredo e temas que você irá abordar nos diferentes livros. Porém, se uma continuação aconteceu de repente, planejar muito antes de divulgar seu segundo livro é essencial. Busque analisar os caminhos que seu livro pode seguir e se seus leitores querem mesmo uma continuação ou apenas estão em êxtase pela sua história. Dependendo da sua interação com seu público, você pode perguntar diretamente a eles, mas sempre com suas estratégias já definidas, caso consiga o sim. 

  • Cuidado com continuidades clichês

Spin-offs, Origens e Epílogos em um livro inteiro podem ser muito perigosos. Pense se realmente é necessário criar uma nova história para acrescentar elementos que não foram contados no primeiro livro. Por exemplo: Às vezes um personagem secundário fez muito sucesso na obra, mas será que vale a pena fazer um spin-off sobre ele ou ele funcionou dentro do enredo e da trama daquele primeiro livro? Assim também pode acontecer com as questões de origens e detalhes. Você pode apenas verbalizar aos seus leitores sobre esses detalhes, caso haja alguma curiosidade. 

  • Mude o enredo, mas não mude a base da sua obra

Se você pensa em mudar a tonalidade e estilo do seu livro em uma sequência, cuidado! As mudanças podem acontecer, mas devem ser sutis. Não adianta fazer um livro de romance e transformá-lo em terror em sua continuação apenas porque você se cansou de escrever romances românticos. É preciso fazer uma pesquisa para ver se vale a pena a troca e se isso não vai influenciar no público alvo que você já conquistou. Por vezes, vale a pena fazer um livro totalmente novo e seguir em frente. 

  • Não faça sequência por audiência

Por fim, muito cuidado com a cobrança de uma continuação pelo sucesso da primeira história. Se sua história foi concreta e pensada em um único livro e assim conquistou muita gente, não pense em expandi-lo apenas por isso e principalmente não se cobre por tal. É ótimo que as pessoas tenham gostado de sua escrita e história, mas antes de desenvolver uma sequência, veja se realmente vale a pena. Cuidado para não ir pela empolgação e se perder nos arcos e personagens, mudando-os completamente e fomentando uma história só por um enredo que está em alta e por personagens caricatos que “fazem sucesso”.

O mais importante é lembrar dos motivos pelos quais você acha que vale a pena dar continuidade a sua história. Escrever é pensar em possibilidades, mas também é ter estratégias para organizar uma narrativa cativante. Cultive seus leitores e crie em seus livros sempre novas sensações, isso vale para as continuidades. Cada livro é único e precisa de um cuidado especial. 

E você, já escreveu continuações para seus livros? Comente sua experiência para gente!  

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Sobre estereótipos de personagens pretas

ATENÇÃO: Esse post contém gatilhos de racismo, misognia e menção de violência e est*pro

Hoje estou escrevendo um texto que é muito importante para mim e que faz parte da série de posts para o mês da consciência negra (você pode conferir os outros lá no meu Instagram). Eu, inclusive, já tinha um rascunho desse texto preparado há muito tempo, muito mesmo, mas sempre me faltava uma certa coragem, me dava um medo de não saber tratar um assunto tão importante da forma que merece.

Mas agora, depois de ter amadurecido um pouco como blogueira, escritora e como mulher preta, eu sinto que a hora chegou pra falar de algo que, infelizmente, é muito comum: os estereótipos que existem em relação a mulheres pretas.

Nesse post, eu quero falar de alguns e conscientizar porque eles, mesmo retratados num cenário de ficção, são tão nocivos para pessoas reais e, quem sabe, te conscientizar sobre o tema.

Vamos lá?

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Repost: Como descrever vestuário

Por: Ana Mesquita

Olá! Eu sou a Ana, e hoje estou aqui para falar um pouco sobre descrições de vestuário. Vou dividir o artigo em seções, para que as informações não fiquem largadas, tudo bem?

Então vamos lá!

                                                 A IMPORTÂNCIA

Assim como toda descrição na sua história, a descrição do vestuário é necessária de acordo com a relevância do que é descrito. Mas a grande questão é: como definir a relevância de uma roupa? Para ajudar com isso, eu vou lhes mostras algumas situações para que vocês tenham uma ideia de qual caminho seguir:

  • Caracterização da personagem: o tipo de vestuário que sua personagem usa é uma maneira de exteriorizar a personalidade dela. Nesse caso, o ideal é descrever suas roupas de forma superficial, não precisa dizer cada peça de roupa que há no seu armário, mas sim focar-se nos pontos em comum dessas roupas: há muitos jeans? Ela customiza suas roupas? Gosta de roupas formais ou informais? Aliás, ela se importa com o que veste?
  • As características físicas da personagem e como elas contrastam com seu vestuário: descrever o que sua personagem veste também é uma forma de descrever seus atributos físicos. Como as cores que ela usualmente usa contrastam com sua pele, seus olhos e/ou seu cabelo? E qual é o caimento das vestes de acordo com o formato do seu corpo? Sua personagem prefere roupas justas ou roupas largas? Mostram muito ou pouco de seu corpo?
  • Situações especiais: assim como o vestuário habitual de sua personagem é importante, ocasiões em que ela é forçada a usar roupas que não está acostumada também o são! Como são essas roupas? Como ela se sente vestindo-as? Em que elas contrastam com as vestes que normalmente usa?

Todos esses pontos são essenciais quando você vai pensar na importância da roupa para a caracterização de uma personagem. É claro que você não precisa responder a todas elas, mas é interessante sempre refletir sobre essas questões na hora em que for descrever o vestuário.

                                                A PARTE VISUAL

Agora vamos para a parte prática da descrição! Quais termos usar para descrever uma roupa em seu aspecto físico? O mais importante nessa parte é conhecer quais os componentes de uma roupa que são mais marcantes, e não se esqueça de sempre pensar em quais deles são relevantes a partir das questões apontadas acima.

  • Peça de roupa: meio óbvio apontar que você precisa indicar qual peça está descrevendo, se é uma blusa, um short, saia, calça, paletó etc. Mas também é importante dizer qual a situação física da sua roupa. Ela é desgastada pelo uso? Puída? Bem cuidada? Desbotada? Amassada? Essas características, além de ajudar na imagem mental do leitor, também vão dizer algo sobre a personalidade da sua personagem.
  • Tecido/Material: temos seda, algodão, poliéster… há uma infinidade de tecidos, alguns mais comuns que outros e você pode usá-los de duas formas em sua descrição
  1. Poupar o esforço de descrições excessivas apenas definindo qual o tecido, principalmente se ele for conhecido. Alguns exemplos: camisa de algodão, os famosos suéteres de cashmere, calças jeans, camisola de seda. São tipos de tecidos que evocam uma imagem rápida ao leitor por serem comuns, então, não é necessário que você perca tempo com outras características, como a textura.
  2. Se for um tecido não tão comum assim, é interessante dar ao leitor mais além do que a simples definição do tecido. Aqui terá de haver mais esforço para descrever outros pontos, então novamente eu tenho que enfatizar a necessidade de se perguntar: qual a relevância dessa roupa?
  • Textura: macia, com paetês, aveludada… Essas são características importantes, principalmente se estiver lidando com cenas de contato físico que envolvem sua personagem, ou mesmo para dar ao leitor a ideia do conjunto que compõe o vestuário se houver texturas diferentes.
  • Estampa/Cores: os pontos importantes ao descrever esse aspecto são:
  1. Esse já foi citado, mas vou reforçar — como as cores e estampas contrastam com as cores do seu personagem? Elas destacam alguma parte? Disfarçam outra parte?
  2. As cores de suas vestes são harmônicas, ou, de alguma forma, elas não se encaixam?
  • Corte: novamente, já falei um pouco sobre isso ali em cima, ainda assim, é sempre importante ressaltar que, se você está descrevendo uma roupa, significa que ela tem importância na caracterização da sua personagem, que por sua vez, significa que é importante dizer como essa roupa cai sobre o corpo dela. Quais partes que eles salientam e quais que disfarça? O quanto ele cobre do seu corpo? Basicamente, é isso que você terá de responder nesse quesito.

                                      CONSIDERAÇÕES FINAIS Lembre-se que descrições podem ser chatas, então não se estenda muito nelas. A relevância do que você vai dizer sobre o vestuário também interfere no tamanho da descrição: se for um quadro geral das roupas que a personagem usa, então não é necessário se estender por mais de uma linha ou duas. Se for algo especial, então pode usar mais. Mas, ao priorizar o que você falar, eu quero sugerir uma ordem de quais informações visuais são mais importantes:

              Peça de roupa > tecido > estampa/cores > caimento > textura

E é isso, gente, espero ter ajudado!

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Liberdade de expressão é questão de opinião

Por: Liquor

Com o crescimento do acesso à informação nas redes sociais, foi natural que pautas sociais chegassem inclusive no mundo das fanfics. Se você for das antigas, que nem eu, deve se lembrar daquele período extremamente obscuro em meados dos anos 2000, em que o mundo da escrita só tinha uma regra: não há regras.

Era extremamente comum que existissem fandoms, fanfics, mangás, animes cheios de pedofilia (quem não se lembra daquele shipp amaldiçoado entre uma criança e um demônio do anime Kuroshitsuji?), violência de todos os tipos, e a criação de um conteúdo sexual interminável, independentemente da idade do personagem envolvido.

Para se ter uma ideia da bizarrice da situação, existiam GÊNEROS de escrita baseados em crimes, e o exemplo mais clássico são histórias do gênero shotacon (uma palavra japonesa que junta as palavras shota, de menino jovem, e com, de complex), o qual sinalizava histórias que possuíam conteúdo romântico-sexual com crianças. O outro exemplo é o lolicon (que segue a mesma lógica de shotacon, mas usando loli, de lolita, que representa meninas), um pouco mais conhecido e popular. E sim, esse tipo de coisa não só era escrita como também nunca era questionada.

Esse cenário de aparente tranquilidade para quem criava e consumia esse tipo de história começou a mudar em meados dos anos 2010: quando as pautas sociais começaram a se popularizar, isso trouxe consequentemente debates e muita, muuuuita treta.

Vocês já refletiram alguma vez na vida se existe algum limite quando se trata de ficção?

Era uma luta de foice para todo lado nas redes sociais, enquanto uns defendiam a máxima da liberdade de expressão irrestrita para os autores, outros batiam na tecla que você não precisava escrever tudo que vinha na sua mente só porque você quer, afinal, aquilo poderia influenciar os leitores. Junto a isso, tínhamos também algumas vozes que argumentavam que o problema não era o conteúdo em si, mas sim a forma como era escrito.

Com certeza, nesse ponto da sua vida, você já ouviu a palavra “romantização”, certo? Embora tenha sido um pouco banalizada, nessa situação inteira, ela tem o maior fundo de verdade na opinião da colunista que vos fala. Não acredito que escrever sobre pedofilia em si vá influenciar alguém a ser pedófilo, ou escrever sobre violência vá fazer adolescentes fanfiqueiros descerem o pau em alguém. Não, meu nome é Liquor e não Rede Record. Mas tratar pedofilia como normal e aceitável? Não abordar as problemáticas, consequências? Aí já não é tão legal.

Para impedir a propagação desse tipo de crime — porque sim, gente, manter conteúdo sexual com menor de idade envolvido é crime —, alguns sites tomaram algumas medidas. Alguns foram drásticos, feito o nosso amado Tumblr, que proibiu todo e qualquer tipo de conteúdo sexual na plataforma deles. Outros tentaram uma abordagem diferente, como o SpiritFanfictions, que começou proibindo só conteúdo sexual com menores, o que ainda foi um grande golpe nas costas de muitos autores que escreviam romances com menores; e o site era intolerante mesmo com diferenças pequenas (relações entre um personagem de 17 e outro de 18 anos), ou relações entre dois menores. O argumento é que adolescentes também fazem sexo, o que não é mentira, porém o site foi irredutível da mesma forma.

Se o Monark estivesse lendo esse texto ele provavelmente me perguntaria: escrever sobre pedofilia é crime? E a resposta é: sim.

Mas abordar a pedofilia de forma responsável? Não.

Tudo na vida precisa de um equilíbrio e, acima de tudo, responsabilidade.

Porém, validar crimes de qualquer tipo, em especial certos tipos de violência sexual, por fetiche, ou seja lá qual for o motivo, não é liberdade de expressão e criatividade, é falta de vergonha na cara. Tenham responsabilidade com o que escrevem.

E se escreverem coisas de índole duvidosa e receberem críticas sobre isso, tente não chorar muito no twitter, pois existe uma outra máxima se você acredita em liberdade de expressão irrestrita: escreveu o que quis? Vai ouvir o que não quer também.

E é isso, betabees, vamos nos expressar com cuidado e não confundir falta de caráter com liberdade de expressão.

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Repost: 5 dicas para começar suas histórias

Por: Michele Bran

Começar uma história é uma parte muito complicada. Resumidamente, o início de sua história precisa ser instigante, prender o leitor e gerar o interesse de continuar lendo e lendo, até descobrir o final de sua trama.

É muita responsabilidade para tão poucas linhas.

Muita gente entra em parafuso. Como eu posso fazer isso? O que eu preciso colocar? E o que eu preciso evitar?

Já aviso que não tem receita. Como tudo no campo da escrita (e de quase qualquer coisa que tão tenha números no meio), não tem fórmula pronta. Não tem um “se eu fizer A e B, com certeza vou ter o resultado C”. O melhor início vai depender de sua história, do seu estilo de escrita, de como você quer impactar o seu leitor, quais primeiras impressões você quer passar, etc.

O que podemos fazer (eu e outros blogueiros que adoram dar pitaco dicas) é apenas dar sugestões, em geral, do que pode ser feito para que você tenha um norte na hora de escrever.

Claro que se você tem certa experiência e um estilo legal de escrita, mesmo um dos temas que a sugestão é que se evite, você pode transformar num começo excepcional e diferente. Mas se ainda tem muitas dúvidas ou está começando agora, melhor ir por um caminho mais seguro (o que não quer dizer, porém, que precisa fazer igual a todo mundo. Mesmo no tradicional é possível haver inovação).Tem dúvidas em como começar sua história? Então senta aí, anota das dicas, pega uma bússola e vamos tentar desbravar juntos o caminho das pedras.

5) Evite descrições logo de cara

Seja de ambientes ou de personagens, o melhor a fazer é evitar. O leitor ainda não está interessado na cor de cabelo e olhos do protagonista ou em quantas colunas tem o salão do local onde ele está. Ele quer mais saber o que está acontecendo e quem são os envolvidos para poder começar a estabelecer hipóteses do que vai acontecer nos próximos capítulos e como será resolvido o mistério principal.

Principalmente descrição estática de ambiente. Jamais me perdoo por ter começado uma história basicamente com “A casa de Fulana tinha dois andares, janelas quadradas e era marrom”. Ninguém liga! O pessoal quer muito mais saber quem é a Fulana e qual o problema em que ela se meteu para decidir se vale a pena continuar lendo ou não.

Se você já começa com descrição que nobody yes door ninguém se importa, o leitor vai decidir pelo não e devolver seu livro pra estante ou fechar a aba da sua fic e passar pra próxima.

4) Não fale sobre o tempo

Pior que começar com descrição de pessoas ou locais, é começar com descrição de como estava o céu, qual a temperatura, se estava chovendo, etc.

A não ser que seja realmente MUITO importante pra sua história saber se está chovendo ou fazendo sol, procure outra maneira de começar. Se quiser, aborde o tempo depois, mas não nos primeiros seis parágrafos, pelo menos. De novo: o leitor quer saber quem está envolvido no que, não se o protagonista vai destruir a chapinha na tempestade se colocar o pé fora de casa (a não ser que sua história seja sobre isso).

E sim, também já comecei história assim também. Shame on me!

3) Sem história passada do personagem logo de cara

Por mais que o leitor queira saber quem é o seu personagem, em geral ele está pouco se lixando para o que ele fazia na infância, como foi o primeiro beijo, o nome do melhor amigo ou do primeiro cachorro, exceto quando a informação é importante para o começo.

Seu leitor quer saber quem é e o que faz seu personagem AGORA! HOJE! NO MOMENTO EM QUE A HISTÓRIA COMEÇA.

Flashbacks são interessantes e ajudam bastante a conhecer melhor os personagens de sua história, mas não comece já com eles. A exceção é quando você já começa com um episódio do passado que dará o start para a história por ter algo nele que será importante pra trama. Mas o personagem aparecer e duas ou três linhas depois estar repassando TODA a vida pregressa dele? Melhor deixar para depois.

Você terá vários e vários capítulos ainda para isso. Calma.

P.S.: Apresentar toda a vida do personagem de uma só vez com flashbacks super longos podem ser maçantes e distrair o leitor da trama principal. Selecione as informações fundamentais e tente diluir isso ao longo do texto, quando couber melhor. Assim você até pode gerar mais suspense sobre certos aspectos da trajetória do seu personagem e deixar seus leitores curiosos.

2) Comece com algo acontecendo

Parece óbvio, mas não tanto.

Vamos supor que você quer começar descrevendo o tempo que está fazendo porque está chovendo muito forte e seu personagem está preso no trabalho, com muita vontade de chegar em casa.

Ao invés de começar com um insosso “Chovia muito forte quando João chegou à portaria do prédio. Nervoso, ele pensou que não chegaria em casa a tempo de ver seu programa preferido”, experimente algo diferente. Mais interessante.

Exemplo?

“Faltava apenas trinta minutos. Ele jamais chegaria a tempo. Em condições normais, já levaria mais de quarenta para percorrer o caminho de volta para casa graças ao trânsito. Mas ainda estava preso no prédio de sua repartição. Uma poderosa queda de luz o forçara a descer mais de dez andares de escada, e ele estava ofegante, cansado e furioso. Tudo cortesia daquela maldita tempestade de verão que, não contente em deixar metade da cidade no escuro, ainda inundava as ruas do centro. Logo ele estaria ofegante, cansado, furioso e ensopado até os ossos. Tudo o que queria era chegar em casa e poder ter um pouco de paz. Tomar um bom banho, jantar, conversar com a esposa, colocar os filhos para dormir e depois esticar as pernas enquanto assistia seu programa preferido. Agora, não teria nada disso. Só a chuva e o frio para acompanhá-lo por um bom tempo”.

Bom, ficou maior do que eu esperava, mas ainda dava para ter explorado mais. Além de, na segunda versão, começar de uma forma mais ágil, demonstrando mais o senso de urgência da situação, ainda ficamos curiosos.

E a importância disso nós veremos no tópico a seguir. 1) Deixe perguntas na mente do seu leitor

A ideia é simples: quanto mais curioso para ver o que vem a seguir seu leitor ficar, mais páginas ele vai virar, mais capítulos ele vai ler. Por isso mesmo começar já plantando essas perguntas vai fisgá-lo nas primeiras linhas.

Voltando aos exemplos do item anterior, começar logo de cara entregando a causa do João estar com tanta pressa mata as perguntas do leitor. Ele não terá espaço para criar hipóteses e testá-las. Você já deu tudo de bandeja. Não faça isso. É subestimar a inteligência de seu público achar que eles não podem pensar e juntar as peças por si mesmos.

Já no segundo, até o momento em que é revelada a causa do atraso, o leitor terá espaço para imaginar o que pode estar acontecendo para atrasá-lo e, principalmente, porque ele quer tanto chegar logo em casa. Eu poderia ter dado uma motivação ainda mais forte (ou mais engraçada. Tem algo mais desesperador — quando somos nós — e hilário — quando é com os outros — que alguém querer ir ao banheiro, mas não ter nenhum disponível?), mas acho que já é suficiente para a gente se colocar no lugar do João.

De uma tacada só, o leitor ficou curioso, criou hipóteses e as testou e ainda desenvolve uma ligação com o personagem principal. Afinal quantas vezes queremos só voltar para casa e ficar descansando junto de nossa família, mas algo ou alguém atrapalha nossos planos?

Pense nisso.

Creio que não é necessário lembrar vocês da importância de, ao alcançar um nível de qualidade satisfatório no primeiro capítulo, manter esse padrão no resto da história. Leia, releia, revise, rescreva se for preciso (para acrescentar ou remover coisas), enfim. Tome cuidado para a história manter o nível de qualidade em todos os capítulos, não apenas no primeiro.

Anote essas dicas, pesquise mais, tire suas dúvidas com pessoas que você confia e sabem do assunto, procure betas, etc. Cuide de sua história como se ela fosse seu filho, seu maior tesouro, e os frutos virão, por mais que demorem.

Afinal, não tem nada mais frustrante do que o primeiro capítulo ser perfeito, impecável, e a partir dali a história ir só ladeira abaixo. É um cenário improvável (o mais comum é acontecer o contrário), mas não impossível.

Por hoje é só. Mais alguma dica? Gostaram? Algo a criticar?

Fiquem livres para comentar e nos vemos por aí ;)

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Relacionamentos Irreais

Olár, amores mio! Novamente cá estou fazendo um post de desabafo inspirado em algumas coisas que tenho lido por aí, que são os relacionamentos irreais. Para compreender melhor o que quero abordar nesse post, basta clicar em “Continuar lendo”.

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Como a leitura pode te ajudar a ser um melhor escritor

Por: Aarvyk

Um dos conselhos mais dados aos escritores e também um dos menos explicados é esse: leia! Não faltam argumentos para o quanto a leitura é benéfica, mas nunca se especifica muito bem no que ela realmente pode te ajudar a ser um melhor escritor. Pois bem, nesse post vou discutir de que modo você pode usar a leitura para desenvolver mais sua escrita. O ato de ler com certeza por si só já é bom, mas ler com objetivos já previamente elaborados é que muda de fato a sua compreensão e aprendizado do texto!

Primeiro passo: defina o que você quer melhorar/aprender.

Pense comigo por um instante: se uma pessoa está interessada em escrever um livro de ficção científica futurista, você acha que ela deveria ler Admirável Mundo Novo ou Dom Quixote para melhorar a escrita?

A resposta parece óbvia, não? Com certeza é melhor ler Aldous Huxley nessa situação! E lembre-se que Dom Quixote é ‘mais clássico’ do que Admirável Mundo Novo. No entanto, quando você estabelece um objetivo e entende o que você quer, fazer as escolhas do que ler para ter uma referência e uma base fica mais fácil. Um livro de ficção científica requer uma escrita específica, para isso o autor precisa ler algo do mesmo gênero, com o intuito de captar as entrelinhas e a essência desse tipo de escrita.

Agora pense comigo por mais um instante: um escritor que quer melhorar sua escrita, a fim de não a deixar tão cansativa por escrever em excesso, deveria ler Senhor dos Anéis ou um livro ‘menos clássico’, como um do John Green, por exemplo?

Novamente, a resposta parece óbvia. Senhor dos Anéis é conhecido por ter muitas descrições e também um enredo um pouquinho lento. Isso é um tipo de escrita específico de Tolkien, de nenhuma forma se mostra como algo ruim. Mas veja bem: se você está tentando ser mais enxuto e polido em seu texto, não é a melhor indicação de leitura caso se tenha esse objetivo em mente. 

Portanto, se quer uma referência de como escrever seu livro em X gênero, escolha uma leitura clássica de X gênero. Se quer melhorar suas descrições, busque ler um livro que tenha um cenário ou personagens parecidos com os seus. Se quer melhorar seu vocabulário, então leia um clássico de leitura mais difícil. Liste seus pontos fracos e peça indicações de livros cujos autores possuam esses elementos como pontos fortes!

Segundo passo: tenha seu objetivo em mente e perceba os detalhes enquanto lê.

Vamos lá! Você já sabe o que quer melhorar ou qual referência precisa para melhorar sua escrita, ao mesmo tempo que já escolheu qual livro vai ler para isso. Então o que falta agora é tornar sua leitura crítica e reflexiva. 

Retornando ao primeiro exemplo: o escritor que deseja elaborar uma história de ficção científica futurista e está lendo Admirável Mundo Novo pode anotar palavras diferenciadas que encontrar no texto, ficar de olho em como o autor descreve as cenas e também entender como se desenvolve um mundo futurista e distópico. Dessa forma, esse escritor vai ser capaz de escolher o tipo de escrita que busca desenvolver. Geralmente, no caso da ficção futurista, as descrições são mais diretas e sem rodeios, ao mesmo tempo que são variadas, pois o mundo é mais complexo e detalhista. No entanto, você só perceberá isso se fizer uma leitura crítica!

Retornando ao segundo exemplo: se o escritor que quer ser mais enxuto e menos prolixo está lendo Quem é Você, Alasca? do John Green, ele pode focar mais nas construções gramáticas e na forma como o autor desenvolve a escrita dele do que no enredo ou nas personagens. Depois disso, esse escritor pode até voltar a ler seus textos e ver no que ele está se excedendo, se é em adjetivos, descrições desnecessárias e essas coisas… Os livros do John Green geralmente apresentam muitos diálogos e cada personagem tem seu modo de expressar a personalidade por meio da fala, caso um escritor se identifique com esse tipo de escrita, seria uma boa ideia aderi-la. Porém, repito: somente com uma leitura crítica você nota que existem vários formatos de escrita, por assim dizer!

Terceiro e último passo: teste!

Agora que você já leu um livro de forma crítica e viu novos horizontes para sua escrita, tente escrever com base no que aprendeu. “Copiar” o estilo de um grande escritor e dar o seu toque pessoal a ele é um caminho mais do que legítimo! 

Se anotou palavras ao ler um livro para te ajudar na descrição do cenário de sua história, é hora de tentar escrever sua cena. Se observou que mais diálogos pode ser uma opção para tornar sua escrita menos cansativa, então aplique isso. Se ficou inspirado ao ler um livro de ficção e tem novas ideias para fazer um mundinho de fantasia, então mãos à obra.

Depois disso, releia seu trabalho. Compare. Veja o que funcionou e o que não funcionou. Caso sinta dificuldade em saber se as coisas estão indo bem, lembre-se que nunca é tarde para pedir a ajuda de um beta. E saiba que você não poderia estar em um site melhor para isso! Hehe :D

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Olá, viajantes! Como estão?

Dentre as técnicas de escrita mais aclamadas de todas, a de show, don’t tell é certamente a mais famosa. Mesmo quem começou agora a se aventurar pelas palavras já deve ter ouvido alguma coisa a respeito. Mas apesar de muito falada, não são todos que conseguem masterizá-la - pelo contrário: o que mais se encontra por aí são autores lutando para conseguir usar a dita cuja.

No post de hoje, trago a vocês algumas dicas e explicações sobre como efetivamente usar a show, don’t tell (e não, eu não sei usar isso, então vamos aprender juntos).

Pega alguma coisa para comer, se ajeita e vem comigo.

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