“Aos quinze anos, tudo é infinito.”

“Brincar de morto-vivo na infância soava como algo tão inocente, banal. Quem diria que isso se tornaria tão presente em mim, um dia morto, outro dia vivo. Morto, vivo…”

“Hoje sentei com alguns demônios em uma mesa de bar, um estava fumando, o outro bebendo, e o terceiro estava se drogando, percebi que eu era a única sem algo físico em minhas mãos, tive curiosidade de perguntar o porquê, mas me detive ao olhar às minhas companhias. De repente algo chamou a atenção do bar, todos os presentes estavam olhando para a porta, menos a mesa em que eu estava. Não consigo explicar, mas, ao que parece nenhum de nós sentiu curiosidade de saber quem acabara de chegar, percebi que os olhares, aos poucos, chegaram em nossa mesa, onde eu ouvi uma voz dizendo “Minha mesa preferida”, virei para trás e vi que era a Morte, mas nem isso chamou minha atenção, então virei para à mesa novamente. A Morte sentou-se à mesa, deu uma risada e disse “Perceberam como, agora, a mesa está completa? Era eu que faltava nesse lugar.” Ela olhou profunda e demoradamente em nossos olhos, um de cada vez, e apontando para nós disse “Você escolheu fumar, você escolheu beber, e você escolheu se drogar (ela virou-se para mim e ficou me encarando antes de falar) e você, Rostinho Bonito, escolheu se apaixonar… Todos vocês, cada um ao seu modo, me escolheram” ela sorria e batia palmas igual uma criança feliz. Eu estava achando patético o showzinho de anfitriã da Sra. Morte, e meus “amigos” estavam concentrados demais em seus brinquedinhos para reparar em algo. Olhei mais uma vez para o sorriso cínico estampado no rosto da Morte, empurrei a cadeira para trás e me levantei, saindo sem olhar para a mesa, mas a Morte falou alto “Saiba que se ele não voltar e você mover-se assim, sem rumo, será o mais próximo que você chegará de mim em vida”, não consegui me conter e virei para ela, para contemplar seu sorriso vitorioso, antes de eu partir ela sussurrou-me “aqueles que fogem nunca escapam”.”