vejo daqui da janela o vento balançar as folhas das árvores numa sinfonia silenciosa
vejo um céu azul com nuvens inquietas correndo no sentido contrário dos carros
vejo prédios enfileirados com janelas tão íntimas que quase me fazem questionar a privacidade
vejo tudo de longe sinto a imensidão do silêncio ouço minha solidão
é só apenas mais um dia aqui dentro de casa e de mim
saudade é como caneta sem bocal
falta algo, mas permanece ali, guardada
e vez ou outra, incomoda
no meu canto onde tudo é meu me vejo pequeno porque é entre as quatro paredes do que sinto que me pego preso no meu canto onde não tem voz nenhuma nem melodia é que eu me assusto e me escuto em silêncio no meu canto onde eu acho que posso tudo nada me invade e me sufoco com a vontade de preencher tudo no meu canto onde tudo é meu não sobrou nada só a vontade de ficar trancado no meu canto
masteu
