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Escrito a noite

@escritoanoite / escritoanoite.tumblr.com

Escrito a noite é um tumblr dedicado a escrita, com posts para te ajudar a fazer suas histórias, terem ideias e muito mais. Qualquer dúvida, sugestão ou alguma historia que quer divulgar mande ask.
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xsomerland

xsomerland is back!!!!

Depois de muito, muito, muito tempo, fico feliz em dizer que: VOLTAMOS.  E com algumas coisinhas a dizer:

. VOLTA DO PROJETO POLEMIZANDO :  

Vocês provavelmente nem se lembram, mas uma vez nós fizemos esse projeto só que, infelizmente, acabou não indo muito pra frente, na época grande parte das pessoas estavam muito ocupadas e nós mesmos não nos animamos o suficiente pra seguir com ele. Mas, aproveitando as férias, a equipe do XS resolveu dar uma segunda chance pra essa ideia e espero que vocês participem. O projeto só vai entrar em ação realmente depois das datas comemorativas, em janeiro, mas talvez nós postemos sobre ele antes pra já dar tempo de vocês irem se preparando ok?

. FC DIRECTORY:  

Não é uma novidade, já estava aqui antes do hiatus, mas eu achei que valia a pena trazer uma atençãozinha pra isso novamente, por que muita gente nem sabe o que é. Pra quem não sabe, fc directory é tipo um conjunto de pessoas (atores, modelos, cantores) pra facilitar sua procura de um face claim ( face claim é tipo a pessoa que vai interpretar seu personagem). Ai de tempo em tempo nós vamos adicionando mais fcs lá. Pra ficar ainda mais fácil, tem filtros, então você pode ir colocando a características do personagem lá e achar o fc que mais combina com ele.

. DIVULGAÇÃO NO THEME:  

Hmm… Outra coisa que não é novidade (acho que já colocamos a maioria das novidades possíveis no antigo hiatus né? kkkk), mas que merece uma atenção. Sabe essa partezinha ali no theme onde fica rolando as webs e quando você coloca o mouse em cima de uma ela para e mostra uma sinopse? Você pode colocar a sua ali, e é bem simples. Só preciso da capa ( de preferência uma do tamanho das que estão ali), do nome, link da onde está sendo postado e uma sinopse bem pequena.

. PARCEIROS:  

Gente, eu não sei se vocês sabem que nós fazemos parceria, então… nós fazemos.  Considerando que o nosso tumblr é relacionado à escrita/design, achamos que teria mais sentido se os nossos parceiros também fossem. Se seu tumblr se encaixa nessa  categoria e você quiser fazer parceria conosco, não tem mistério, é só chamar a gente na ask. Ah, tumblr de web não se encaixa, tabom? Nós temos diversas outras maneiras de divulgar sua história no XS, se quiser saber mais sobre isso só falar com a gente também, não vamos morder.

. PLAYLIST DO MÊS:  

A ideia da playlist do mês é que você mande um tema (romancer, terror, qualquer um) e nós vamos criar uma lista de músicas que se encaixam e colocar no nosso theme, por ordem de chegada. O objetivo é fazer algo com que você possa se inspirar, então seria bem legal se vocês mandassem o tema pra gente, pode ser há qualquer hora, qualquer tema, é só falar na ask e pronto. Caso ninguém mande nós mesmas iremos pensar em um, mas o ideal seria se mandassem.

Como incomoda algumas pessoas quando a playlist começa automaticamente, eu coloquei pra ir apenas se você quiser. Então caso você esteja interessada em ouvir a playlist é só você ir lá na parte debaixo do theme e apertar play.

. FRASE DO DIA:  

A frase do dia é outro meio de ajudar você na divulgação, já já eu vou postar algo falando sobre isso, apesar de que é bem simples.

. MODERAÇÃO:  

Nós estamos com a esperança de que, apesar da demora, vocês não nos abandonaram e esqueceram da gente e o XS continue no mesmo ritmo de sempre, e se isso acontecer nós vamos precisar de ajuda (por enquanto só tem 4 pessoas na equipe, eu -mari-, isa, bru e lia - que é nova). Decidimos esperar um tempo pra ver como vai estar, mas se tudo der certo em janeiro nós abriremos vagas para a equipe!!I

. PEDIDOS:  

E é isso pessoal: OS PEDIDOS ESTÃO ABERTOS!

QUE OS JOGOS COMECEM!!!!!!!!

Qualquer dúvida é só vir na ask, ou se só quiser bater um papo também, estávamos morrendo de saudades de vocês.

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theficwriter

WORLDBUILDING: LINKS, por theficwriter

Primeiramente, que diabos seria WORLDBUILDING? Como a tradução já diz, é a ‘construção de um mundo’. Um termo muito usado na criação de narrativas, e mais ainda naquelas de fantasia, onde o cenário ambientado, e/ou as configurações, regras e leis são diferentes do ‘real’. O worldbuilding é basicamente uma parte do processo de escrita, indo desde formulação de locais, até leis da física que regem o universo da história. 

Ah! E não se restringe a apenas um gênero, okay? É essencial em qualquer narrativa, algumas mais do que as outras. Mesmo quando utilizamos o ‘mundo real’ como base, (quase sempre) adotamos lugares, pessoas, e características fictícias nesse universo.

Pretendo fazer vários outros posts sobre o assunto, na medida que for encontrando mais conteúdo útil.

Aqui estão alguns links que vão lhe ajudar!

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Criação de Personagens - Defeitos

(arte pela yuumei)

Post feito pela Malu (Desculpa, gente. Ficou gigante)

Mary Sue ou Gary Stu são expressões usadas para denominar personagens irrealisticamente perfeitos. Eles não cometem erros, são bons em tudo que fazem, não possuem defeitos. Muitas vezes chega ao ponto do ridículo e o personagem fica simplesmente irritante e fantasioso. Isso acontece porque pessoas crescem e se desenvolvem através da adversidade e de como elas a encaram, ganhando profundidade por estarem enganados, nos erros que cometem. Ninguém quer ler sobre personagens perfeitos. Não conseguimos nos identificar com eles pois não são humanos, da mesma forma que não conseguimos nos ver refletidos em santos ou profetas. Fazer o leitor sentir empatia é a chave para fazer um bom personagem.

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15 Exercícios de Escrita Criativa.

Oi, gente, tudo bom? Pra quem me conhece, eu sou a Lully e me denomino como escritora amadora de profissão. 

Sei que eu não sou nenhuma rph, mas atualmente decidi dar uma chance de escrever um livro e se eu conseguir vou publicar essa bagaça.  É meu sonho desde os cinco anos de idade, então eu fui atrás de alguma coisa que pudesse me auxiliar nessa empreitada. Existe muitos blogs/tumblrs de escrita, mas como tempo tem sido um negócio escasso nessa vida de universitária, decidi procurar canais no youtube que viesse falar diretamente sobre escrita. Encontrei, então, o André Gazola do blog Lendo.Org (que será linkado devidamente abaixo o vídeo que eu tirei os 15 exercícios de escrita criativa) e o que eu encontrei é muito interessante e difícil pra um caralho (com o perdão do palavrão). Por ser difícil e não ter visto ninguém sugerir isso, tô eu aqui. São 15 exercícios de escrita que vão expandir sua criatividade e te dar domínio de alguns gêneros textuais.  Vamos lá! Segue em read more. 

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litterarium

Personalidade do seu personagem

A personalidade é a coisa mais importante sobre o seu personagem.

Assim, sempre que eu vejo fichas de personagens, a maioria das pessoas só coloca um pouco de parágrafo para aquela seção. Se você está lutando e não sabe o que seu personagem deve dizer ou fazer, quais as decisões que eles devem fazer, eu garanto-vos que este é o problema.

Você sabe nome, idade, raça, sexualidade, altura, peso, cor dos olhos, cor do cabelo, os nomes de seus pais e irmãos ‘do seu personagem. Mas estas não são as coisas que realmente importam sobre eles.

Traços:

  •  Pegar traços que não necessariamente caminham juntos. Por exemplo, alguém que é controlado, agressivo e vão pode também ser generoso, sensível e de fala mansa. Caracteres precisam ter pelo menos uma falha que realmente impacta em como eles interagem com os outros. Traços positivos podem funcionar como falhas, também. É aconselhável que você escolha, pelo menos, dez traços.
  •  As pessoas são complexas, cheia de contradições, e, por favor, me perdoe se isso faz alguém desconfortável, mas até mesmo os valentões podem ser “agradáveis” com as pessoas. Qualquer um pode ser uma pessoa “má”, mesmo alguém que é educado, gentil, útil ou tímido também pode ser narcisista, irritante, arrogante e mentiroso. As pessoas não são apenas “mal” ou “bom”.

Crenças:

  •  Ideias ou pensamentos que seu personagem tem ou pensa sobre o mundo, a sociedade, os outros ou a si próprio, mesmo sem prova ou evidência, ou que pode ou não ser verdade. Crenças podem contradizer seus valores, motivações, autoimagem, etc. Por exemplo, a crença de que é uma pessoa incrível e responsável quando seus traços são preguiçosos, irresponsáveis e superficiais. Sua autoimagem e quaisquer crenças que eles têm sobre si mesmos podem ou não podem ser semelhantes/o mesmo. Eles podem ter uma autoimagem pobre, mas ainda acreditarem que são melhores que todos os outros.

Valores:

  •  O que seu personagem acha que é importante. Normalmente influenciada por crenças, sua autoimagem, a sua história, etc. Alguns valores podem contradizer suas crenças, desejos, características, ou até mesmo de outros valores. Por exemplo, seu personagem pode valorizar o respeito, mas uma das suas características é ser desrespeitoso. É aconselhável que você liste pelo menos dois valores, e saber qual eles valorizam mais. Por exemplo, seu personagem crê nos valores da justiça e da família. A irmã dele lhes diz que ela apenas roubou $ 200 da carteira do seu professor. O que será que eles dizem sobre ela, ou eles a deixaram ficar com o dinheiro? A justiça, ou a família? De qualquer maneira, seu personagem provavelmente tem alguns sentimentos negativos, culpa, raiva, etc., mais de trair seu outro valor.

Motivos:

  • O que seu personagem quer. Ele pode ser abstrato ou algo tangível. Por exemplo, querer ser adorado ou querer esse trabalho para pagar a medicação do seu pai. Motivos podem contradizer suas crenças, traços, valores, comportamentos, ou até mesmo outros motivos. Por exemplo, seu personagem pode querer ser uma boa pessoa, mas seus traços são egoístas, manipulador e narcisista. Motivos podem ser a longo prazo ou a curto prazo. Todo mundo tem desejos, realizados ou não. Você pode escrever “eles não sabem o que eles querem”, mas você deve saber. É aconselhável que você liste pelo menos um desejo abstrato.

Sentimentos recorrentes:

  •  Sentimentos que eles têm durante a maior parte de sua vida. Se você colocá-los para baixo como uma característica, é provável que eles também sejam sentimentos recorrentes. Por exemplo, deprimido, solitário, feliz, falta etc.

Autoimagem:

  • O que os personagens pensam de si mesmos: sua autoestima. Alguns caracteres são orgulhosos de si mesmos outros têm vergonha de si mesmos, etc. Eles podem pensar que eles não são bons o suficiente, ou pensam que é a pessoa mais inteligente do mundo. Sua autoimagem pode contradizer suas crenças, traços, valores, comportamentos, motivações, etc. Por exemplo, se sua autoimagem é pobre, eles podem ainda ser uma pessoa alegre ou otimista. Se eles têm uma autoimagem positiva, eles ainda podem ser uma pessoa deprimida ou negativa. Como eles se imaginam pode ou não ser verdade: talvez eles pensem que é uma pessoa horrível, quando eles são, de fato, muito atencioso, prestativo, gentil, generoso, paciente, etc. Eles ainda têm falhas, mas falhas não vão necessariamente torná-lo uma pessoa terrível.

Comportamento:

  • Como traços, valores, crenças, autoimagem do personagem, etc., são exteriormente exibidas: como eles agem. Por exemplo, dois personagens podem ter a característica “com raiva”, mas todos eles provavelmente irão expressá-lo de forma diferente. Um personagem pode ficar quieto e quer ser deixado sozinho quando estão com raiva, o outro pode se tornar agressivo verbalmente. Se o seu personagem é um mentiroso, ou ele de repente fala com muito cuidado quando ele normalmente não faz? Alguém que é imprudente pode ter problemas com limites ou comer o último pedaço de pizza na geladeira quando sabia que não era deles. Comportamento é extremamente importante e é aconselhável que você pense muito sobre as ações de seu personagem e o que exatamente ele mostra sobre eles.

Comportamento:

  • Seu humor geral e disposição. Talvez eles sejam geralmente tranquilos, alegre, mal-humorado, ou irritável, etc.

 Postura:

  • Uma parte secundária da personalidade de seu personagem: não tão importante como todo o resto. É aconselhável que você preencha isso depois. A postura é como o personagem carrega-se. Por exemplo, talvez eles balancem os braços e mantem seus ombros param trás enquanto anda, o que parece ser a postura de uma pessoa confiante, por isso, quando eles se sentam, as pernas são provavelmente abertas. Outro personagem pode cair e tem os braços cruzados quando eles estão sentados, e quando eles estão andando, talvez ele arraste os pés e olha para o chão.

Padrão discurso:

  •  Uma parte secundária da personalidade de seu personagem: não tão importante como tudo o resto. É aconselhável você preencher isso depois. Padrões de fala podem ser palavras que seu personagem usa com frequência, se eles falam claramente, que tipo de gramática que eles usam, se eles têm um vocabulário amplo, um pequeno vocabulário, se são sofisticados, bruto, gaguejantes, repetindo-se, etc. Eu, pessoalmente não tenho um vocabulário muito amplo, você poderia dizer.

Hobbies:

  • Uma parte secundária da personalidade de seu personagem: não tão importante como tudo o resto. É aconselhável você preencher isso depois. Hobbies podem incluir coisas como desenhar, escrever, tocar um instrumento, coleta de rochas, recolhendo copos de chá, etc.

Peculiaridades:

  • Uma parte secundária da personalidade de seu personagem, não tão importante como tudo o resto. É aconselhável você preencher isso depois. Peculiaridades são comportamentos que são únicas para o seu personagem. Por exemplo, eu, pessoalmente, sempre coloquei minhas meias de dentro para fora e verifico o limite máximo para as aranhas algumas vezes por dia.

Gostos:

  • Uma parte secundária da personalidade de seu personagem, não tão importante como tudo o resto. É aconselhável você preencher isso depois. Gostos e desgostos são geralmente ligados ao resto da sua personalidade, mas não necessariamente. Por exemplo, se seu personagem gosta de fazer a lição de casa de outras pessoas, talvez seja porque eles querem ser apreciado.

Não gosta:

  •  Uma parte secundária da personalidade de seu personagem, não tão importante como tudo o resto. É aconselhável você preencher isso depois. Gostos e desgostos também pode contradizer o resto de sua personalidade. Por exemplo, talvez uma das características do seu personagem seja desonesta, mas eles não gostam de mentirosos.

 História:

  • O passado de seu personagem tem eventos-chave que influenciam e moldam suas crenças, valores, comportamentos, querer, autoimagem, etc. Eventos escritos devem implicar ou explicar por que eles são do jeito que são. Por exemplo, se seu personagem é desconfiado, talvez ele deva ter mentido muito para seus pais quando era uma criança. Talvez eles estivessem em um relacionamento há vinte anos e descobriu que seu parceiro estava traindo-o o tempo todo. Se sua motivação/querer é ter a atenção positiva, talvez seus pais simplesmente não lhes elogie e ele foque demais no negativo.

Em mental e deficiências físicas ou doenças:

  • Se seu personagem sofreu um trauma, ele precisa ter um efeito sobre o seu personagem. Talvez eles tornaram-se mais irritado ou impaciente ou crítica dos outros. Talvez suas crenças sobre as pessoas mudem-no para tornar-se: “até mesmo os valentões podem ser pessoas agradáveis”, “qualquer pessoa pode ser uma pessoa má“.
  • As pessoas não são a sua doença ou deficiência: ele não deve ser o seu traço definidor. Eu tenho ansiedade, mas eu ainda sou idealista, preguiçoso, atencioso, impaciente e, ocasionalmente, rancoroso; Eu ainda quero me tornar um autor; Eu ainda acredito que as pessoas são geralmente boas; Eu ainda valorizo fazendo o que me faz sentir confortável; Eu ainda tenho uma autoimagem positiva; Eu ainda sou uma pessoa. Você deve preencher a personalidade de seu personagem no meio do caminho, menos antes mesmo de tocar na possibilidade de seu personagem ter uma deficiência ou doença.

  Geralmente tudo sobre seu personagem deve se conectar, mas hey, mesmo gêmeos que cresceram na mesma casa exata têm personalidades diferentes; eles valorizam coisas diferentes, têm diferentes crenças. Talvez um deles assistisse a um filme que teve um enorme impacto sobre o tema e possibilidade de seu personagem ter uma deficiência ou doença.

Nem tudo precisa ser explicado. Alguém pode ser exigente ou exigente desde que eram pouco por nenhuma razão em tudo. Alguém pode ser uma pessoa negativa, mesmo que cresceu em um lar feliz.

Eu acredito que este é um layout de pensamento para fora para fazer bem arredondadas personagens, antagonistas e protagonistas, se eles estão sendo criados para um roleplay ou para um livro. Este layout também é útil para estudar Personagens, se você estiver olhando para interpretar com precisão como eles ou escrevê-los em fanfiction ou o que quer.

- Chick

Tradução feita por Myrla, todos os créditos são para The character chick

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chimeriane

ideia x conceito x premissa

Como prometido alguns dias (semanas?) atrás, aqui está a matéria sobre conceito/ideia/premissa!

Começo logo dizendo uma coisa: ninguém concorda na definição de cada uma dessas palavras. Eu já li alguns livros de escrita e já vi umas vinte definições pra conceito/ideia/premissa. Nessa matéria estarei usando a definição do Larry Brooks, autor de Story Engineering.

Em poucas palavras, é o seguinte: conceito é a evolução da ideia e premissa é a evolução do conceito. A ideia é a semente da sua história - é aquela primeira faísca que surgiu na sua mente, que fez você pensar, hmm, quero escrever uma história sobre isso!

Uma ideia pode ser um personagem, um lugar, um acontecimento… enfim, qualquer coisa. Mas uma ideia não faz uma história e tentar começar uma tendo como base apenas a ideia e alguns personagens pode acabar em desastre.

Com meu atual projeto, QH, por exemplo, minha ideia envolvia um lugar (cidades flutuantes em um mundo pós apocalíptico) e um prompt (um triângulo amoroso onde os dois caras ficam juntos e a guria é aroace). Obviamente, não dá pra fazer história nenhuma com isso - quero dizer, o que acontece nessa história? Qual a trama? Como o trio principal se conhece, como o triângulo se desenvolve? E as cidades flutuantes, como diabos ela entram nisso?

Algo que vejo muitos escritores novatos fazerem é começar a escrever tendo apenas a ideia na mente. Muitos, acredito, o fazem porque são pantsers/jardineiros, ou seja, não planejam ou planejam a história pouco antes de colocar a mão na massa, então ter ideia = escrever! Mas… não é bem assim. Obviamente, ser um pantser/jardineiro é válido e funciona para muitas pessoas, mas antes de pular na sua história você precisa evoluir sua ideia para conceito e premissa.

Conceito é basicamente a ideia encorpada. Veja bem, minha ideia de cidades flutuantes em um mundo pós apocalíptico + triângulo amoroso não tão triangular pode ser literalmente de qualquer gênero (um romance, obviamente fantasia, sci-fi, mas aí pode pender para diversos subgêneros, etc) e pode envolver literalmente qualquer trama. Eu posso colocar um campeonato nessa história (tipo Trono de Vidro) ou uma trama de classe opressora vs classe oprimida (tipo Rainha Vermelha), enfim, eu posso fazer o que eu quiser com essa ideia porque não há plot nenhum nela. Logo, não dá pra começar a escrever como ela está agora.

O conceito dá direção à ideia, dá o algo mais que (teoricamente) chama a atenção do leitor. O conceito é a trama, tecnicamente falando; é com ele que você diz sobre o que sua história é de verdade.

No meu atual projeto, o conceito seria o possível assassinato da Rainha de Ferro, ou, melhor dizendo, o que esse assassinato implica: que há alguém - ou alguma coisa - nas cidades flutuantes que deseja ardentemente acabar com a paz que os humanos tiveram nos últimos mil anos. Isso é o plot - é o conflito. Não temos apenas a ideia lá, paradona, não me dizendo nada. Agora eu sei que a história é, principalmente, um mistério: quem matou a rainha? Por quê? E como essa pessoa/coisa conseguiu trazer um monstro da superfície para uma das cidades flutuantes? E o que isso significa para a humanidade?

No fim das contas, o conceito levanta perguntas. A resposta para essa pergunta é, geralmente, a história.

Quem matou a Rainha de Ferro? E por quê?

São essas as principais perguntas que QH responde. Essas perguntas guiam o plot, por assim dizer. Uma dica que o Larry Brooks dá em seu livro é tentar usar vários “e se” para montar esse concept. No caso de QH, esses “e se” seriam: e se a superfície do mundo fosse tomada por monstros e a humanidade fugisse para cidades flutuantes? E se, mil anos após essa fuga, um monstro aparecesse de modo inexplicável na maior e mais rica das cidades flutuantes? E se a rainha mais poderosa que essas cidades já tiveram morresse de forma também inexplicável? E se a morte da rainha e o aparecimento do monstro estivessem ligados?

E assim por diante. Esses “e se” são ótimos para desenvolver sua ideia em um conceito interessante, mas também são excelentes para montar sua história inteira. Dê a louca com os “e se”, pense nas coisas mais absurdas nem que seja apenas para dar uma alongada na sua imaginação - muitas coisas legais podem sair disso.

Já a premissa é quando você mistura conceito e personagem, quando você cria um personagem principal para sua história. Ok, você já pode ter pensando em um personagem antes disso (lembra que a ideia pode ser apenas um personagem também?), mas é aqui que você especifica esse personagem um pouco mais, o que serve para modelar ainda mais sua história.

Em QH, esse personagem é Valentina, a filha da rainha morta e a próxima rainha (em teoria). Nessa fase você não precisa criar a personalidade toda seu personagem - apenas dar a ideia central dela. Com a Valentina, eu sabia que ela seria super séria, super dedicada à mãe, teimosa/um tico arrogante, mas super empática/altruísta também. Com isso, eu já posso fazer uma premissa:

Em mundo pós apocalíptico onde a superfície foi tomada por monstros mil anos atrás e a humanidade vive em cidades flutuantes, a princesa do último reino humano deve investigar a morte de sua própria mãe e o aparecimento misterioso de um monstro na maior e mais rica das cidades flutuantes antes que quem quer que esteja por trás de ambos destrua o que resta da sua espécie.

Com a premissa pronta, fica bem mais fácil planejar a história ou, se você for um pantser/jardineiro, simplesmente escrevê-la.

Recapitulando:

  • Ideia: a semente da sua história, aquela primeira coisa (personagem, lugar, etc) que apareceu em sua mente.
  • Conceito: a ideia turbinada, por assim dizer. É quando você direciona sua ideia para um plot verdadeiro, geralmente definindo a que gênero ela pertence e qual vai ser o maior foco da história. É o “twist”, a parte interessante da ideia.
  • Premissa: é o conceito + o personagem principal.

Bem, é isso. Eu recomendo muito ler o Story Engineering para ter uma ideia melhor de tudo isso, mas espero ter ajudado. Qualquer coisa é só deixar uma ask ^^

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Aquela linha tênue entre — o sim e o não — na hora da famosa e sofrida: Divulgação.

Lembrando antes de mais nada, que… Essa não é bem uma matéria sobre divulgação, tá mais para uma dica de amiga. Uma vez que existem muitas matérias sobre isso por aí, acredito eu.

   Há divulgação e divulgações. Quando você decidi divulgar sua história antes de qualquer coisa tem que ter em mente a coisa mais importante (que vale para tudo na sua vida): Nem todo mundo dirá sim; e isso pode acontecer por vários motivos:

  • A pessoa não gosta do gênero que você escreve (não importa se você é a rainha fodástica da escrita)

Usando o Wattpad como exemplo — quando você entra no perfil de alguém para falar sobre sua história (seja pelo mural ou mensagem privada), ali você já terá uma ideia do que a pessoa gosta. Olhando as listas de leitura dela. Se as obras que ela lê são em torno de 90% romance, as chances da mesma ler a sua do gênero terror são de no máximo 20% (isso sendo otimista). E então o que você faz? 1- Divulga mesmo assim e torce para essa pessoa ser amorzinho e te dar uma oportunidade?

2- Desiste ou dá bons motivos para essa pessoa ler (e torce para funcionar)?

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reblogged

Projeto 12 contos -Você vai participar?

Quanto mais a gente escreve melhor a gente fica, certo?

Então vim convidar vocês para participar do projeto que eu tô criando para 2017, ele funciona da seguinte maneira: Cada mês tem um tema e desse tema a gente cria um conto  que deve ter entre 3 a 5k. Você não precisa publicá-lo, nem realmente fazer todos os temas, a intensão aqui é tentar. 

E ai topa ? Tem alguma duvida? Manda um ask ou uma mensagem, caso não vamos dar uma ajudinha dando um reblog para ver quem quer participar. Ok?

“Você só aprender a ser um escritor melhor escrevendo de verdade” -Doris Lessing
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Girl Power: a importância do empoderamento feminino nas webs, fanfics e afins.

Livros tem um poder imensurável.

Sabe aquele livro que te mudou? Que fez com que ocorresse alguma revolução dentro de ti. Aquele cujo enredo te fez ver e viver a vida sob uma nova perspectiva. Sabe?

“Palavras, eu penso, são criaturas muito imprevisíveis.
Nenhuma arma, nenhuma espada, nenhum exército nem rei um dia será mais poderoso que uma frase. As espadas podem cortar e matar, mas as palavras vão golpear e ficar, enterrando-se em nossos ossos para virarem corpos mortos que carregamos para o futuro, sempre cavando e sem conseguir arrancar seus esqueletos de nossa carne.”
— Tahereh Mafi, no livro “Incendeia-me”

Diante de tal poder, é importante tirar uma boa lição de tudo que lemos, não é mesmo? Não importa se as palavras são difíceis, se o enredo é complexo ou simples, nem se o final for aquele que a gente torceu o livro todo.

Portanto, ao escrever um conto, uma fanfic ou um livro, é importante ter em mente que aquilo que você escreve tem total influência nos seus amados leitores.

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reblogged

Romance amor e ódio

O que mais tem por aí, são histórias em que o casal tem todo o lance de amor e ódio, e sabe é algo legal, mas as pessoas usam isso tão erroneamente que se tornou algo chato (não sei se posso dizer clichê).

Mas ainda tem esperança para quem quer escrever uma história em que é esse tipo de relacionamento que o casal tem.

Antes de tudo, faça um motivo realmente impactante, que faça eles se odiarem, os motivos que eu mais vejo é traição, ok , isso realmente vai fazer você ter um desgosto enorme pela pessoa, mas na MINHA opinião, você se sente mais machucado do que outra coisa. Mas se for traição pegue pesado, nada de coisa simples. Pesquisem histórias em que os personagens se odeiam, assim você já vai ter uma base de como expressar esse ódio, mas nada de ir atrás das fanfics criminal com tal artista, calma eu não estou falando mal (se for realmente boa, eu leio), mas em fanfics assim basicamente eles fazem muito sexo, brigam, ela é sequestrada, ele salva ela, final feliz, então não acho que você vai realmente sentir o ódio. (Mas são boas histórias para se inspirar se você quer fazer algo mais hot). De alguma maneira, por ler uma história, escutar uma música, eu preciso sentir tal emoção para poder fazer com que meus leitores sintam as mesmas emoções também, eu acho isso importante.

Agora por favor, não façam logo nos primeiros capítulos que eles fiquem pensando um no outro( mesmo que for pensamentos ruins), quando você odeia uma pessoa faz de tudo para não pensar, falar, não ter nem um cisco de informação sobre ela, então, espere, tenha paciência, a parte do amor ainda vai chegar, mas vai/tem que demorar.

Sexo nos primeiros 5 capítulos. Sério isso? As pessoas se odeiam e já vão se agarrando? Uau, é muito ódio mesmo. Isso vai pra qualquer tipo de história, seus personagens acabaram de se conhecer? Se odeiam? Acabaram de revelar seus sentimentos? NÃO FAÇAM ELES IREM PRA CAMA NO PRÓXIMO SEGUNDO. Quer colocar sexo na sua história? Você que decide, mas pelo amor dos meus olhinhos, e apreciação leitoral (existe isso? Acho que não rsrsrsrs), espere, faça todo um clima, faça com que os leitores queiram isso cada vez mais, leiam cada capítulo com a esperança de finalmente aquilo acontecer.

Agora a parte do amor, é a parte que eu descubro se vou odiar ou amar a história. Queridos escritores, me expliquem, como alguém que ainda tem requícios de ódio pela outra pessoa, chama ela de amorzinho, minha flor, neném, benzinho? Ou faz um gesto super romântico daqueles que você fica com diabetes? Vamos combinar que esses apelidos são bem o ô em, e ninguém vai sair do modo “quero te matar” para o ,“quer comida na boquinha neném?”

Ah, e quando o personagem vê que tem algum sentimento pela outra pessoa além de ódio, ele não vai aceitar isso na hora, ele vai lutar contra e quando finalmente aceitar ele não vai revelar seus sentimentos na hora.

Tudo isso é apenas minha opinião sobre algumas coisas que quem escreve história com relação amor e ódio deveriam fazer.

Há inúmeras histórias maravilhosas com relação amor/ódio, eu vou dar uma procurada para ver se acho alguma que realmente goste (quem conhecer alguma fala aí) e coloco aqui pra vocês, enfim, procurem essas histórias e vejam como é todo o desenvolvimento dos personagens ( to falando para você ter uma inspiração, não para copiar em?!), Mas se for algo tudo rápido demais, do ódio para o amor em 5 capítulos, sai dessa, e procure uma que realmente possa te ajudar.

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Descrevendo (fisicamente) os seus personagens

Eu, particularmente, acho descrever uma das coisas mais difíceis quando estou escrevendo. Grande parte das pessoas que me conhece sabe que minhas histórias são sempre pequenas, e eu vivo no constante medo de não estar descrevendo o suficiente (enquanto grande parte das pessoas que eu conheço temem estar descrevendo demais, o que eu acho meio irônico, sério).

Descrever personagens, por si só, é muito difícil. Primeiro porque, geralmente, quando eu crio um personagem, eu tenho uma imagem na mente, e transformar essa imagem em palavras é quase sempre difícil. Segundo porque meu leitor não tem imagem alguma quando começa a ler a história.

E é isso que nós precisamos ter em mente (não somente na descrição dos personagens, mas em quase qualquer descrição que escrevemos), que o leitor não possui a mesma mente e que ele não faz ideia do que se passa além do que estamos narrando. Nós precisamos, como escritores, sermos capazes de descrever o suficiente para que eles consigam “preencher os buracos”, mas não descrever demais a ponto de tornar a leitura chata ou cansativa.

A primeira coisa a se fazer é, portanto, fugir dos infodumps. Não sabe o que é isso? Bem, infodump é quando você escreve um parágrafo muito grande que possui apenas exposição. Sem ação, sem pensamento, só exposição. Você fala, em muitas palavras (talvez mais do que o necessário), sobre como o seu mundo é ou qual é a roupa que o seu personagem está vestindo. Parece chato, não é mesmo? E geralmente é. Como qualquer recurso na escrita, pode ser feito com qualidade, mas isso é muito raro de acontecer, então evite-o. Mesmo.

Em vez disso, misture a descrição com outras partes da narrativa.

Descrevendo com a terceira pessoa:

Observe:

Lysander a encarou. Emma era uma menina muito baixa para a sua idade, com longos cabelos loiros que, na ocasião, estavam presos num rabo de cavalo malfeito, olhos verdes muito brilhantes e alegres, um rosto fino de traços leves e uma pele muito branca e sardenta. Estava vestindo uma roupa trouxa: uma blusa larga azul, de manga, e calças jeans apertadas, sem bolsos, além de um tênis vermelho desgastado e velho. Lysander se perguntou o que ela estava fazendo ali, no mesmo vagão que ele, e por que não tinha o mínimo senso de moda.

Chato de ler, não é mesmo? E no final das contas, você não se lembra de metade do que leu. Sem olhar de novo, sabe qual e a cor dos olhos dela? E da blusa? Você se lembra de que a calça jeans não possui bolsos, ou do fato de que ela tem sardas? Se você precisa ler mais de uma vez para saber qual é a aparência da personagem, então a descrição não está cumprindo o seu papel. Veja um outro exemplo:

Uma garota baixinha bateu na porta do vagão em que ele estava, e Lysander a encarou. Ela sorria, alegre, e talvez um pouco tímida, mas entrou sem pedir permissão. Porque usava roupas trouxas, Lysander supôs que esse devia ser seu status de sangue. Ela se jogou num dos bancos, sem cerimônia, e seu cabelo loiro — antes preso num rabo de cavalo malfeito — se soltou. A menina suspirou e prendeu o cabelo mais uma vez, logo antes de seus olhos, muito verdes, lançarem um olhar em sua direção.

— Meu nome é Emma — disse, e estendeu sua mão para ele, num típico cumprimento trouxa que fez com que ele tivesse certeza de que era, no mínimo, mestiça.

Muito melhor, certo? Eu te dou um pouco de contexto enquanto você vai conhecendo a Emma (e o Lysander), e vou pintando a cena em sua mente aos poucos, em vez de colocar a garota logo de uma vez. Você dificilmente vai se sentir tentado a pular as descrições, porque sabe que é possível que perca uma parte do que está acontecendo, também. Além disso, a narração é consideravelmente menos cansativa.

Outra coisa que acho importante apontar é que, uma vez que as roupas são completamente desnecessárias para o entendimento desse trecho específico, eu as retirei (quase) completamente. Não faz diferença se você sabe que são largas e azuis e vermelhas, desde que tenha em mente que são trouxas e não um robe do mundo bruxo.

Os detalhes mais específicos — o fato de ela ser sardenta, por exemplo — eu deixo para colocar depois. A Emma é uma personagem importante, que vai aparecer muitas vezes durante a história, então não há necessidade de colocar todos os detalhes da aparência dela agora.

Descrevendo em primeira pessoa:

Descrever em primeira pessoa é muito, muito, muito mais difícil que descrever em terceira pessoa, porque na primeira você fica preso às impressões do seu personagem e aos detalhes que ele repararia. Sobre os exemplos acima, por exemplo, Lysander dificilmente repararia no fato de que Emma é uma garota sorridente. Em vez disso, provavelmente passaria a impressão de que é irritante e não sabe o seu lugar. Não veria as sardas, não veria a cor das roupas (mas, sim, repararia que são trouxas), e dificilmente olharia para a cor dos olhos dela.

Na verdade, evitaria de todas as maneiras ficar olhando para ela, e isso faria com que os leitores não tivessem uma visão mais específica dela até muito mais tarde na trama, quando ele essencialmente começa a reparar nela.

Para descrever outros personagens em primeira pessoa, primeiro você precisa saber como o personagem que está narrando age perto delas, que tipo de coisas ele repara e, basicamente, como a sua mente funciona. Só então as descrições que ele faz vão soar como alguma coisa que ele diria, e não uma tentativa do autor de fazer com que o leitor tenha uma ideia da aparência de alguém.

Enquanto um Lysander-narrador faria descrições sucintas e, de certa forma, frias, baseadas nas características da pessoa que poderiam trazer alguma vantagem para ele, Emma-narradora tenderia para uma descrição mais calorosa, reparando em detalhes aleatórios e tentando ser simpática até mesmo em pensamentos. Observe:

O vagão estava tranquilo. Em menos de dez minutos eu entrara, arrumara minhas coisas no compartimento de bagagem e tirara um livro da bolsa. Era sobre poções, avançado para o meu nível escolar, mas então eram todas as minhas leituras. Eu estava sozinho e não sabia a qual entidade agradecer por isso, mas xinguei mentalmente todas elas quando um barulho interrompeu minha leitura.

Levantei os olhos do livro apenas para me dar de cara com um pequeno furacão loiro, que se jogou de qualquer maneira no assento de frente para mim e me fez ter certeza de que a minha viagem não seria tranquila como eu planejara de início. Soltei um suspiro irritado, e a menina — nascida trouxa ou mestiça, no mínimo, devido às roupas que vestia — estendeu a mão.

— Meu nome é Emma. — Não respondi, não valia a pena, só voltei meus olhos para o livro e torci para que a garota entendesse que aquilo significava que eu não estava aberto para conversa.

Quando conhecemos alguém, raramente reparamos nos detalhes da aparência. Quando descrevemos o personagem conhecendo outro, precisamos seguir as mesmos regras. Usar termos gerais — cor dos cabelos, principalmente, altura e peso se não forem usuais, cor dos olhos, talvez — e focar em que detalhes da aparência são fora do comum. Uma tatuagem, uma cicatriz, o tipo de coisa que o seu olho automaticamente enxerga.

Mas e quando o meu personagem já conhece o outro? O que eu faço?

Ora, mas essa é uma excelente pergunta! Nós raramente reparamos em detalhes da aparência de pessoas com as quais já temos um relacionamento, a não ser em casos isolados especiais (quando vamos sair com elas, quando elas vão para um evento, quando fazem alguma coisa diferente com a aparência, quando olhamos alguma foto com atenção), dessa forma, normalmente, numa história, não se descreve em detalhes as pessoas já conhecidas.

Se você viveu a vida inteira com a sua mãe, não tem motivos para reparar que o cabelo dela é ruivo num dia aleatório, certo? A não ser que ela pinte o cabelo ou faça alguma outra coisa com ele. Dessa forma, se você está narrando seu personagem descendo das escadas com pressa para ir para a escola, ele dificilmente vai comentar o fato de que os olhos dela são castanhos cor de chocolate ou que seu rosto estava particularmente bonito naquele dia. Observe:

Emma passou pelo salão comunal correndo, os livros do dia contra o peito, o cabelo despenteado e um desespero genuíno por estar atrasada. Por isso, não cumprimentou nenhum dos seus colegas de casa — nem mesmo seu melhor amigo, Matt, que gritou seu nome de algum lugar lá dentro, e diante da falta de resposta, foi atrás dela.

— Emma! — A garota se virou. Matt não vestia o uniforme escolar nem parecia preocupado pelo fato de que já eram quase oito horas. — Emma, hoje é sábado, o que você está fazendo?

No caso acima, o único comentário sobre a aparência de Matt é o fato de que ele não usava o uniforme nem parecia preocupado. Não é importante mencionar que ele é loiro, mais alto que ela, possui um sorriso tão grande quanto o seu e um brilho misterioso no olhar. O fato de ele não usar o uniforme é a única coisa que foge do comum e, portanto, que precisa ser mencionada. Claro, se for extremamente necessário, é possível fazê-lo passar a mão pelo cabelo loiro ou dar um sorrisinho e colocar alguma descrição indireta, mas isso depende muito do que se quer passar. Se for a primeira vez que ele aparece na história, é interessante, se não for, é muito provável que os leitores já saibam disso.

Se você precisa descrever a aparência de um personagem que o seu protagonista já conhece de maneira mais detalhada, o ideal é colocá-lo em uma situação onde a aparência está em evidência. Um evento, uma pergunta — “como estou?”, “você me acha bonita?” —, um comentário, enfim, algo do tipo.

Okay, mas e se eu quiser descrever o meu protagonista?

Uma amiga minha me disse uma vez que você só pode cometer o erro de usar o espelho para descrever seu protagonista uma única vez durante sua trajetória literária. Eu não sei onde ela leu isso, mas eu sei que é verdade. A primeira coisa que eu vou dizer aqui é, portanto, não use o espelho para descrever seu protagonista. Pronto. Dito. Usar o espelho é uma técnica muito amadora e a maioria dos escritores mais experientes a evita. Usar o espelho é muito, muito, malvisto.

Além disso, usar o espelho invariavelmente acaba em infodump.

Em vez disso, você pode (como sempre) colocar as descrições indiretas — mexeu no cabelo castanho, passou a mão pela barriga protuberante, etc —, jogá-lo numa situação em que sua aparência fica em evidência — não conseguir alcançar uma prateleira (personagem baixo), bater a cabeça ou ter que se abaixar ao passar por uma porta (personagem alto), etc. E colocar esses detalhes em evidência é uma ótima maneira de detalhar essa característica mais a fundo, por exemplo — ou mesmo fazer com que alguém faça um comentário — “nossa, mas você é alto, hein?”, “amo a cor do cabelo dela, sempre quis ter cabelo ruivo”, etc.

Lembre-se que, em primeira pessoa, quando um personagem “se descreve”, o leitor tem a impressão de que ele é narcisista e egocêntrico — principalmente se ele falar bem das próprias características. Em terceira pessoa, se for a terceira pessoa restrita, principalmente, isso também acontece.

É isso! Espero que seja útil para vocês! Ainda têm alguma dúvida, discordam de alguma coisa, têm algo a acrescentar? Fique à vontade para aparecer na ask e mandar um oi. 

(Giulia)

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eus2escrever

Dificuldades e suscetibilidades encontradas em cabelos, acessórios e roupas.

bellsthespark submitted to eus2escrever: Oi! Encontrei um artigo bem interessante enquanto explorava um blog sobre escrita, e achei legal traduzir pra compartilhar aqui no ES2E. O texto abaixo foi traduzido (não necessariamente à risca) desse site.

Essa é basicamente uma lista de coisas que você deve manter em mente quando for fazer o design de um personagem que está constantemente sujeito à situações perigosas — por exemplo, combates, proximidade à maquinaria, ou laboratórios. Note que não é uma lista de “coisas que o seu personagem não deve usar, nunca!”, mas como uma lista de dicas de coisas que você gostaria de evitar se quer criar um guarda-roupa mais plausível para o seu personagem, ou machucados e dificuldades que ele pode realisticamente encontrar se ele usar esses tipos de roupa.
Roupas em geral:
  • Cintos podem se enroscar e se enganchar nas coisas.
  • Capas e cachecóis não têm, obviamente, nenhuma vantagem estratégica para serem usados, e existem inúmeras maneiras deles serem pegos por algo; desde portas de elevadores até o punho dos seus inimigos.
  • Espartilhos, enquanto não restringem (ou não deviam restringir) a respiração o suficiente para ser um problema para uso casual, podem restringir a respiração o suficiente para ser um problema em combate ou qualquer outra atividade intensiva que requer muita respiração.
  • Luvas em geral são boas para proteger as mãos — mas são um perigo em potencial perto de algumas máquinas, já que elas podem ficar presas em partes que se movam, podendo resultar na perda de dedos ou braços.
  • Laços irão se desfazer.
  • Roupas muito folgadas, borlas, laços e qualquer outra coisa que se balançam ou se agitem por aí são bastante propensas à serem pegas por coisas ou mãos.
  • Cair em botões de açodói muito.
  • Meias-calças irão descer, sem exceções.  (Por outro lado, meias arrastão podem se rasgar, mas não irão descer.)
  • Calças jeans justas não são boas pra quem possui testículos. As pernas se abrir em um ângulo maior que 30º e… ouch. Jeans em geral restringem movimentos — quanto mais apertadas, pior.
  • Biquínis/alcinhas facilmente rompem. (Alças podem ajudar, desde tenham pelo menos duas polegadas de largura e reforçadas.)
  • Correias e sutiãs podem cortar a pele de quem as usam.
Texturas e materiais:
  • Couro, vinil, látex e veludo fazem muito calor. Vinil, látex e plástico podem irritar a pele (especialmente na área dos seios), e também podem causar infecções.
  • Spandex/lycra/eslastano são propensos a não te proteger contra danos — e por estarem perto da pelo, só irão rasgar e romper na medida em que você se move neles. Uns cortes daqui e dali, e seu super-herói estará praticamente nu.
  • Acetato e acrílicos pegam fogo se expostos à chamas, e não irão apagar se removidos de perto do fogo. O material derretido pode grudar na pele — o que significa que quando você for tratado, os médicos irão ter que cortar os pedaços da pele em que o material se fundiu.
  • Poliéster, nylon e olefina, se expostos ao fogo, irão usualmente se apagar se retirados de perto do fogo, mas ainda há a chance deles se derreterem e grudarem na pele.
  • Algodão e linha queimam como papel.
  • Metal sobre a pele nua é problemático, pois: 1 – Quem o vestir vai se contorcer dentro dele. 2 – Vai ficar muito calor sob o sol ou outra fonte de calor. 3 – Vai ficar muito frio quando esfriar.
Armaduras e roupas de combate:
  • Qualquer coisa que deixe o abdômen e o torso descobertos deixam órgãos vitais desprotegidos contra ferimentos. Qualquer pele que estiver de fora estará aberta para cortes desnecessários.
Cabelos e barbas:
  • Cabelo longo e solto vai se prender nas coisas, algumas vezes com resultados fatais. (Uns tempos perto da minha área, uma vizinha morreu quando a trança longa dela se prendeu no pneu traseiro de um carro, e o pescoço dela quebrou.) Outros podem ser escalpelados pelo cabelo ficar preso em coisas que se mexem. Da mesma maneira, cabelos são uma forma excelente de se pegar o inimigo em combate. Alexandre, o Grande sabia o que ele estava fazendo quando mandou seus homens se depilarem. Aliás, cabelo é inflamável.
Chapelaria:
  • O chapéu do Gambit pode parecer legal nos quadrinhos do X-Men, mas na vida real impediria movimentos e causaria muito suor.
  • Máscaras, uma vez consideradas tradição dos super-heróis, causa suor desnecessário.
  • Cabelo e chifres em capacetes dão ao inimigos um ponto adicional para agarrar.
Sapatos:
  • Saltos altos são um grande problema. Primeiro, temos o simples fato de que eles forçam uma postura antinatural à quem os usa, o que descarta o equilíbrio. Depois, temos a chance de proporcionar a quem usa um osso torcido ou quebrado se uma queda ocorrer. E claro, tem o simples fato de que você não pode correr com eles, senão a massiva dor no pé irá junto. Aliás, os saltos têm tendência a quebrar.
  • Crocs e chinelos fogem do seu pé extremamente fácil.
  • Qualquer coisa que não suporte o tornozelo é menos que ideal se você for batalhar. Use botas apropriadas para ganhar.
Joias:
  • Piercings podem ser arrancados da carne.
  • Metal de qualquer tipo se torna um perigo quando expostos à materiais quentes, fontes de calor ou eletricidade. Por exemplo, um anel de metal, se aquecido ou eletrocutado, causará sérios danos.
  • Anéis, braceletes e relógios de pulso podem causar danos químicos à pele, ou se tornar um ancoradouro de bactérias.
  • Colares, braceletes, relógios, anéis, etc podem se prender em máquinas, potencialmente causando a perda de dedos e braços. Além do mais, pedacinhos de joias quebradas podem causar danos ao equipamento e iniciar fogo. E se isso não fosse ruim o bastante, esses pedacinhos podem ser ejetados das máquinas em uma velocidade fatal.
  • Aliás, se você socar em alguém enquanto usa um anel pesado, você vai provavelmente quebrar o seu dedo.
Maquiagem:
  • Quando você faz atividade física pesada por mais do que alguns minutos, você sua. A não ser que você tenha uma maquiagem antisuor muito boa, ela irá derreter e cair sobre seus olhos assim que você começar a suar — e pode resultar em cegueira.
Mãos e equipamentos sob medida:
  • Qualquer coisa feita sob medida ou feita à mão vai terminar sendo bem mais caro, e dependendo do material usado e o tanto de detalhes colocados, o custo pode subir muito mesmo. Se o equipamento precisa ser reparado ou substituído (por exemplo, se pertence a um super-herói ou vigilante que frequentemente o usa em combate), vai custar mais ainda. Se o seu personagem precisa pagar pela sua roupa e não é muito rico, isso pode ser doloroso pra carteira dele. Além disso, se o personagem precisa de coisas sob medida, não gasta somente dinheiro; gasta tempo também.
Source: eus2escrever
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Anonymous asked:

como escrever uma cena onde algo acontece de repente? ou quando o pp não está à espera?

  • Introduza o acontecimento:

Você pode introduzi-lo de várias maneiras: “de repente x aconteceu”, “foi quando z chegou”, “subitamente, y caiu do céu”, “protagonista foi interrompido pelo barulho”, etc.

  • Descreva a reação:

Já ouviu falar de “show, don’t tell”? É uma frase em inglês que indica que você deve demonstrar alguma coisa, e não simplesmente dizer que está acontecendo. Aqui se aplica no sentido de que não basta dizer que seu protagonista ficou feliz, irritado, surpreso, você precisa descrever. As tags de linguagem corporal e emoção podem te ajudar com isso.

  • Continue narrando a partir do acontecimento:

É claro que a cena não volta “ao normal” depois do acontecimento repentino. Dessa forma, você precisa analisar o que vai mudar a partir dele e continuar narrando a história.

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Girl Power: a importância do empoderamento feminino nas webs, fanfics e afins.

Livros tem um poder imensurável.

Sabe aquele livro que te mudou? Que fez com que ocorresse alguma revolução dentro de ti. Aquele cujo enredo te fez ver e viver a vida sob uma nova perspectiva. Sabe?

“Palavras, eu penso, são criaturas muito imprevisíveis.
Nenhuma arma, nenhuma espada, nenhum exército nem rei um dia será mais poderoso que uma frase. As espadas podem cortar e matar, mas as palavras vão golpear e ficar, enterrando-se em nossos ossos para virarem corpos mortos que carregamos para o futuro, sempre cavando e sem conseguir arrancar seus esqueletos de nossa carne.”
— Tahereh Mafi, no livro “Incendeia-me”

Diante de tal poder, é importante tirar uma boa lição de tudo que lemos, não é mesmo? Não importa se as palavras são difíceis, se o enredo é complexo ou simples, nem se o final for aquele que a gente torceu o livro todo.

Portanto, ao escrever um conto, uma fanfic ou um livro, é importante ter em mente que aquilo que você escreve tem total influência nos seus amados leitores.

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