Uma imensidão de joias foi a primeira imagem que recebeu Nathan, sua atenção sendo captada pelos diversos pontos de luz causados pela reflexão dos diamantes. Seus olhos passaram rapidamente pelas etiquetas decoradas que acompanhavam cada uma das pequenas peças, e o garoto respirou aliviado ao constatar que a quantia que carregava consigo seria suficiente para adquirir qualquer um que escolhesse na seção em que se encontrava. Precisava de algo que fosse especial o suficiente para agradar a menina mais especial do mundo, ao mesmo passo de que não tinha muito tempo para deliberar e escolher. Alguns minutos se passaram até que um anel em especial chamasse a atenção de Nate, e esse logo foi adquirido sem que o rapaz se demorasse muito em sua decisão. O equilíbrio perfeito entre o dourado e o prata era salientado pela delicada pedra azul de safira no topo, marcando o modelo ideal. Se antes o Roux havia se lamentado por não possuir nenhuma relíquia de família para presentear a Claire naquele momento especial, o sentimento se esvaíra ao observar o anel encaixado na pequena caixinha de veludo. Conseguia imaginar perfeitamente a joia envolvendo os dedos esguios e delicados da namorada, marcando-a como sua noiva. Como mandava o protocolo, comprou também sua própria aliança dourada e o pequeno elo que acompanharia o anel de noivado de Claire.
O rapaz saiu da joalheria com um sorriso orgulhoso no rosto, as duas caixinhas das alianças seguras em seu bolso com um feitiço indetectável de extensão. Em sua mão estava uma sacola com a gravata comprada na alfaiataria ao lado da loja, e um bracelete floral típico de bailes do colégio para Claire; sabia que era clichê, mas que arrancaria um sorriso da namorada e e serviria como desculpa para justificar sua demora. O cheiro de panquecas e café inundou as narinas de Nathan na medida em que se aproximava da mesa escolhida pela amada, sentando-se de frente à ela logo em seguida. “Desculpe, fui comprar uma gravata decente e algo pra você.” O garoto inclinou-se ligeiramente para beijá-la nos lábios, e retirou da sacola os objetos que trouxera. Sentindo seu estômago formigar em um misto de fome e ansiedade pelo que viria, Nate espetou uma porção de panqueca com o garfo e levou à boca. O sabor delicioso que encontrou seu paladar lhe fez lembrar de casa, de quando seu pai cozinhava. De repente, sentiu-se culpado por fazer aquilo em segredo, e privar sua família de assisti-lo se casar. Porém, rapidamente lembrou do porquê sugerira fazer aquilo, e sorriu ao observar a figura de Claire tão animada. A verdade é que o Roux faria qualquer coisa para vê-la feliz e empolgada, e era ainda melhor quando a tal coisa também causava os mesmos sentimentos nele. “Eu vi a capela de longe. Não tenho certeza se eles farão uma cerimônia bruxa tradicional, já que essas geralmente precisam de testemunhas e a família. Mas meus avós se casaram lá, então deve ser um lugar legal.” Um sorriso marcava os lábios de Nate, que rapidamente devorou o que sobrara de suas panquecas. “Podemos ir assim que estiver pronta.” Disse de forma simples, lutando contra o impulso de levar a mão ao bolso em busca das caixinhas. Não queria que Claire suspeitasse antes da hora do que ele realmente havia ido fazer.
“Vai usar a gravata por cima da roupa?” Riu fraco do namorado, então retribuindo o beijo. Observou ansiosa enquanto Nate retirava o que comprara e o encarou surpresa ao ver o bracelete, o pegando rapidamente para poder ver de perto. "É lindo!” Exclamou, principalmente ao constatar que estava decorado com uma de suas flores favoritas. Ainda lembrava-se da primeira vez que Nathan lhe presenteara com flores e como se sentiu emocionada. Sempre achara aquele um gesto muito singelo e especial, e nunca havia recebido antes. “Quando é que vai colocar em mim?” Segurou o acessório em frente ao namorado, em um pedido silencioso para que ele se apressasse com aquilo. Ela queria usá-lo de uma vez. Escutou o que o outro explicou e deu de ombros. “Tenho certeza que é o lugar perfeito.” Não que Claire estivesse se importando muito em onde se casariam. Por mais clichê que soasse, ela só queria estar ao lado do amado e dizer sim. Aquele dia começariam o resto da vida dos dois, juntos. “Acha que Alek e Catie ficarão chateados que não os convidamos para serem nossos padrinhos?” Questionou enquanto comia o restante das panquecas. Não tinha pensado nos amigos até aquele momento e bom, não teria custado nada tê-los ido procurar antes de irem. "O tempo que perdemos nos beijando na sala de aula, teria dado para encontrá-los.” Riu de forma sugestiva, arqueando a sobrancelha para o outro. Mas aquele era um bom sinal dos dois. Não importava a quanto tempo estivessem juntos. Ela sempre teria o mesmo desejo insaciável pelo namorado, e esperava que fosse recíproco. Assentiu ao pedido, tomando o restante do café e procurando pelo pouco dinheiro que havia trago. Seus pai ainda estava desempregado e aquela não estava sendo uma época fácil. “Acha que isso dá?” Colocou as moedas na mesa, esperando que não tivesse ficado caro. Não queria deixar que Nathan pagasse tudo sozinho. Ele já tinha até comprado aquele bracelete maravilhoso. Não era justo com o namorado. Soltou um suspiro triste, mordendo o canto do lábio de forma insegura. Claire sempre fora uma pessoa que gostava de viver um dia de cada vez, mas de uma hora para a outra o futuro estava batendo na sua porta e ela não sabia como lidar. ”Nate, por favor não pense que estou com dúvidas. Eu quero me casar com você sim. É tudo que eu mais quero na vida.” Afirmou de maneira firme. “Mas e se eu não conseguir descobrir algo para fazer depois do colégio? Você sabe que as coisas em casa não estão fáceis e não quero que tudo fique nas suas costas...” Até então, Claire esquecera do futuro e que teriam inúmeras coisas para fazer. “Como vamos mobiliar nossa casa? E quando tivermos filhos?!” O encarou de maneira assustada, procurando conforto. “Eu não vou conseguir te ajudar a dar boa educação para eles...”