“Aquele jeito de limpar o canto da boca com o guardanapo, sempre com os olhos nos meus. A forma como segurava a minha mão, como arrumava meu cabelo que saiu do lugar com o vento. O jeito de olhar o celular discretamente, fingindo ver a hora, e depois sem perceber perguntava a hora novamente, porque na verdade ele não tinha visto hora nenhuma; era só o mal jeito de se comportar quando estava comigo. Sem saber onde pôr a mão, sem saber pra onde olhar ao certo. Aquele rosto pálido com cheiro de amêndoa, que se encostava no meu, bem nervoso e devagar. Aquele risinho sem graça quando me pegava olhando seus detalhes e, perguntava envergonhado “porque tá olhando pra mim?” Aquela música baixinha no fone, que sem perceber, traduzia tudo que a gente estava sentindo. Sem precisar dizer palavra alguma. E ouvindo essa mesma música, hoje, aqui olhando por essa janela escura, eu penso umas 40 vezes. E escrevo finalmente conformada, sem hesitar: Eu sinto sua falta, amor.”
— Adiante um coma alcoólico.