your lies are bullets your mouth's

“Ah, então quer dizer que agora se interessa pelo meu suco proteico? Eles continuam tendo o mesmo gosto de quando você experimentou, já aviso.” Ela sorriu de volta para a mulher. “Nós devíamos, definitivamente, marcar uma data. Estou livre domingo à tarde, se você também estiver. Ou podemos jantar juntas no sábado à noite.”

“Já pulamos de uma corrida para um jantar? Você é ágil!” Brincou, em tom irônico. “Por mim tudo bem, quando decidir o que realmente quer fazer, é só falar comigo!”

Você consegue ser mais teimosa que eu, certo! Que festa é essa?

“Na verdade é um evento universitário organizado por alguns amigos, e senti que você deveria ir pra se livrar um pouco de toda essa sua... é... rotina!”

Recebeu com surpresa as palavras, na verdade já deveria ter esperado por causa da forma que as coisas acabaram, mas não era como se adivinhasse que algum dia encontraria a loira ali. Remexeu-se na cadeira desconfortavelmente. “Eu não- Se acostumar?” Questionou, respirando fundo. “Olha, foi mal, eu não sei lidar com essas coisas… Tenho um dom de estragar, ok? Foi golpe baixo da minha parte, não sei o que mais quer que eu diga.”

“Que tal ficar quieto?” Ponderou por algum instante, até levar a xícara a boca digerindo toda cafeína que restara. Embora devesse, Alayna não queria mais questioná-lo, pelo menos não naquele momento, e assim fez se levantando da cadeira em um rápido movimento. “Quando finalmente pensar em uma desculpa, me ligue!” Já não tinha certeza se de fato o faria, mas mesmo assim arriscou depositando o cartão, com seu número, sobre a mesa. 

“Espero que existam mais momentos assim. Nada mais sexy que uma mulher bonita e inteligente.” Alanna fechou a garrafa com a bebida proteica ao mesmo tempo em que dirigiu à loira uma piscadela. “Tudo bem. Eu não costumo falar muito sobre ela… mais por não ter realmente o que falar. Mas, se quiser que eu te desculpe mesmo, deve fazer deste convite ao Central Park uma promessa.”

“Ótimo! Se bem que essa promessa não era necessária já que eu a convidaria logo depois. Boas companhias são sempre bem-vindas, ainda mais em uma corrida aberta. Aproveite para levar um dos seus sucos proteicos, parecem ser ótimos!” Sorriu em meio a expressão, de modo que ainda ficasse com o olhar fitado a outra.

Você não quer beber em casa? É tão mais seguro. Eu coloco uma música pra você.

“Não é uma má ideia, mas podemos deixar isso para outro dia. Você vai ou não vai?”

Ei, ainda que fosse barato, eu não deixaria você pagar. Se você roubar eu vou ser obrigado a falar com uma voz horrível até conseguir outros, você quer isso pra mim?

“Eu só quero que você aceite ir a essa maldita festa, Percy!”

“Wow, isso foi… profundo. Estou diante de uma estudante de Humanas ou foi só um momento filosófico aleatório? Obrigada. Não acho que ela teve muitas chances de construir uma carreira, dizem que era fodida da cabeça, mas enfim…”

“Correr! Sim! É o meu aeróbico favorito, sem dúvidas. Se precisar de companhia, inclusive, pode me chamar. Adoro correr no Central Park.”

“Só corta os carboidratos? Por Deus, carboidrato é vida! Mas sim, a genética nos favorece… meu pai era alto e magro, dizem que minha mãe também.”

“Você faz algum tipo de exercício físico?”

Na festa do Wren eu não me dei tão mal, mas me ferrei em ressaca e na festa que eu fui… Três dias atrás? Foi pior ainda, olha o padrão. 

Nah, aparelhos auditivos são muito caros.

Percebeu o olhar dela e pensou em dizer algo, qualquer coisa que aliviasse o clima que se instalava com a expressão de Alayna, mas então ela quebrava o silêncio primeiro e Hector arrependeu-se de não ter trocado de assunto. Pigarreou tentando achar uma resposta decente. “Não foi simplesmente.” Insistiu, mexendo na xícara de café, inquieto, antes de voltar a fitar a antiga conhecida. “Eu só achei mais sensato, você tinha só dezoito.”

Arqueou as sobrancelhas na tentativa de mudar a expressão quando pôde ouvir cada uma das palavras proferidas pelo maior. “E desde quando isso é um motivo para você ignorar alguém, Hector? Eu estava começando a me acostumar, mas de qualquer forma, você conseguiu estragar com tudo. Será que lhe devo parabéns?” Exprimiu em tom irônico, entregando por fim toda insatisfação pela atitude alheia. 

“É que eu me fodi muito festa passada… Como eu disse, eu perdi meu aparelho auditivo, eu fiquei com uma ressaca dolorosa e eu não consigo não beber. Já me viu surdo e passando mal?”