Sempre que fazia alguma coisa, ela se entregava inteiramente. Se fosse amar, amava por completo. Se fosse sofrer, sofria como se todas suas conquistas fossem em vão. Existia alguma tendência para o sofrimento. A alegria era frágil, mas a dor era profunda. Talvez porque sempre esboçou um sorriso no rosto ao ver alguém. Talvez porque amar era sofrer.
Somos acostumados a ouvir que não devemos fugir de nossos problemas, mas eu discordo. As vezes precisamos inventar uma história que nos faça seguir em frente, quando a realidade e dura demais. Dizem, também, que é por isso que existem os contos de fadas - nos fazer sonhar. E todo conhecedor de contos de fadas sabe que "toda magia tem um preço". Em algum momento as ilusões não serão mais suficientes ou estarão tão interiorizadas em nós que já não saberemos quando acaba a fantasia e começa a realidade. Na verdade, é tudo real. Talvez com um pouco de eufemismo ou uma dose extra de esperanças platônicas, mas real. E as necessidades nos nossos dois mundos serão as mesmas, bem como os amores e as dores. No momento em que isso acontece você se pergunta se o que sente é de verdade ou se é parte da invenção que criou. A resposta é simples: você não sabe.
Fui amaldiçoada pelo amor. Numa juventude selvagem, fui imprudente, perseguindo visões de futuros que um dia se revelarão não reais. A verdade é que a gente morre antes de chegar lá. Alimentamos a chama dos nossos traumas internos, para provar que não precisamos dos eus interiores. A maioria de nós é amargurado por causa de alguém, mas não admitimos. Eu sou um rosto sem vida que um dia será esquecido. Sou os olhos úmidos pelas palavras não ditas. Sou um sentimento morto, acabado. O pulmão corrompido. A mente ocupada pelo vazio. O amor de início perfeito e a linha de chegada. Eu sou o reflexo do que você me fez. Essa é a maldição do amor que distrai um coração amargurado, incendeia seus sentimentos e o destrói por fim.
Um dia lhe perguntaram sobre a felicidade. O que é felicidade? Ela não lembrava mais. A palavra a fazia sentir alguma coisa parecida com nostalgia. Ela sabe que já foi feliz, só não sabe quando. Teria sido ontem, com os risos dados no happy hour depois do trabalho? Ou isso foi semana passada? Que dia é hoje? Quando embarcou na rotina que a prendeu? Ela já foi completa. Não é mais. Não sabe o que é felicidade. Por mais que se esforce, não sabe dizer. Ela pensa nos momentos bons. Isso era ser feliz ou apenas uma ilusão?
O que se sente quando se espera algo em vão? É frustração, decepção? Não, é mais. É tão mais que ninguém entende nem mesmo a si próprio. É egoísta por exaustão, não por natureza. É a falta de reciprocidade que impede o homem seguir em frente, não é falta de vontade. O homem não sabe mais pra qual lado é a frente. Já se perdeu na vida que ele mesmo criou. Ah, o homem. Tão confuso e tão simples. Ele sabe que caminho deve seguir, apenas não se lembra mais. Deixou suas memórias perdidas em um de seus devaneios e nunca mais voltou para buscar. Alguém poderia o lembrar? O homem foi lembrado, mas também esqueceu daquele dia. Esqueceu também dos dias seguintes. E por pura exaustão a natureza não consegue mais lembrá-lo de procurar o que é bom. O homem também é medroso, adia o que não conhece. Mistura o que sabe e evita se mexer. O homem é covarde, é frouxo. Não é firme nem mesmo quando põe tudo a perder. Nem mesmo quando o a mentira que ele criou pra sua vida ameaça o abandonar. Afinal, o homem não lembrava que tudo era fachada. Ele acreditou no que quis acreditar. Foi quando se perdeu. E agora? Qual é a direção que deve seguir? Direita? Esquerda? O homem não lembra mais. Ele para para pensar, mas se acomoda. Esquece de que deve sair dali. Mas a natureza lembra, só não diz pois cansou de esperar o homem responder aos pedidos insistentes que ela fez. E assim, tudo vira ruína.
É assim, nesse nervosismo de tentar se esquecer que a gente se conhece. E se sente só. A gente tenta se controlar, pensar no outro e em como tudo isso é prejudicial. A gente tenta não chorar. Mas aí chora. Soluça. Não respira. Não dorme. Não come. E por isso, não vomita.
“There is no god to save you all. Your temple is a shopping mall. Faith is blind and based in fear of living like we're suppose to here. Prayers are wishes, not commands. The books of fiction in your hands are meant to teach us to divide ourselves in groups for genocide. We never did sail away. We never had time to grow You know I really wanted to stay, but I had to go.”
Luana é uma pessoa feliz Que não se estressa Não guarda rancor.
Luana é uma pessoa feliz Sempre animada e sorridente.
Luana é uma pessoa feliz Nunca está triste Ou nunca demonstra.
Luana é uma pessoa feliz É feita de pedra, Não sente e não se magoa.
Luana é uma pessoa feliz, É “ intranspassável”, se é que essa palavra existe. Luana é impenetrável.
Luana é uma pessoa feliz, Ela repete incansavelmente, mas não se engana.
Não dormia mais. Fechava os olhos e sentia toda a dor que uma vida de erros a fez carregar.
Não chorava mais, por pura exaustão. Abraçava um travesseiro e esperava.
Esperava a hora de levantar para por um sorriso na cara e confirmar sempre que perguntassem se estava bem.
