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“Assim como o cheiro do café invade o ar toda manhã, o desespero por uma boa notícia penetra nas veias de qualquer assobiador. 
Mas o caos sempre chega assim, inconvenientemente.

O deslizar de seus dedos arrepiava a superfície da pele nua de suas costas, ao ritmo de uma respiração descansada.
"Está na hora de eu te deixar em casa” dizia ele à ela.
Não houve resposta.
Ao virar-se para ele pôde enxergar a devastação em seu olhar. Sua profundeza não a engana.
Perto de seu corpo, ela se sentia segura. Dentro dele, ela estava completa. E eles não queriam se despedir.
Os lábios dela foram ao encontro dos dele, e assim permaneceram em um vício.
Alongaram mais alguns minutos, e por fim, seu momento foi interrompido por um barulho de celular.
“É, melhor eu ir” disse ela por fim. Levantou-se da cama, pegou seu camisão xadrez azulado e, primeiro deslizou pelos seus ombros, e depois pelos traços de suas curvas, até o encaixe perfeito de sua silhueta. Logo, foi a procura de um shorts. O cabelo, como sempre, louro e embaraçado.
O rapaz posicionou-se em pé, ainda que apenas vestindo um jeans velho com um enorme buraco no joelho esquerdo, calçou seu all star preto. Ao vestir uma blusa velha do Sonic Youth, ele estaria pronto para partir.

A trajetória foi ao som das rodas do carro acompanhado de uma das faixas de um disco velho do Legião Urbana, e ao chegar ao seu destino, ele a acompanhou até sua porta de casa. Um longo beijo foi deixado ali.

Sozinha, ela foi ao encontro do seu lar-doce-lar. Sua família estava toda na sala, esbanjando risos ao assistir um programa de televisão.


Eu? Fiquei ali. Observei.
Aos poucos, fui intruso. Entrei pela porta da frente, de fininho. Era uma bela família.
Talvez eu não passasse de um caos. As más notícias.“